Bati na porta da casa de Eulina e aguardamos. Quem a abriu foi Yslara, surpreendida pela nossa presença inesperada.
— Ooo... — Ela estava tão nervosa que não conseguia encontrar as palavras. Sem saber o que fazer, ajoelhou-se em reverência. — Majestade, perdoe as palavras rudes que lhe disse ontem.
— Aquilo não foi rude. Levante-se, criança! Sou grato pela forma como cuidaram da minha companheira. Deixo-a em suas mãos mais um pouco. — Dito isso, voltou-se para mim. — Depois que eu terminar a reunião, passo aqui para te pegar.
— Combinado! — Sorri para ele e peguei Yslara pelo braço enquanto entrava. Ela ainda estava sem reação. Troquei um último olhar com meu companheiro antes dele seguir seu caminho. Eu mesmo encostei a porta, já que Yslara estava completamente perdida. — Você está bem?
— Eu estou sim... — Gaguejou de leve.
— Não precisa ficar assim. Finja que não sabe quem é o meu companheiro. Eu ainda sou a mesma Eliza que conheceu, tudo bem? — Ela assentiu com a cabeça, mas não parecia muito convencida. — Que tal mais uma aula com o tilim?
Os olhos dela se iluminaram imediatamente. Sorri ao ver a animação com que ela correu para pegar o seu instrumento. Sentei-me no sofá, de frente para ela.
— A Eulina não está? — Perguntei enquanto ela posicionava seu tilim em seus braços da mesma forma que eu fazia.
— Ela está fazendo negociações com alguns compradores. Não deve voltar tão cedo.
— Entendo. — Ela era alguém importante dentro desse clã, era natural que estivesse ocupada, ainda mais nesses dias.
Fiquei aliviada ao ver Yslara se soltando aos poucos e voltando a ser como era comigo. Ela tinha muito empenho em aprender, então se concentrava e se atentava ao máximo em tudo que eu lhe mostrava. Como é que acabei dando aulas de novo? Mesmo em outro mundo, essa profissão insistia em me perseguir.
Assim que bateram na porta algumas horas depois, eu soube que era ele. Minha loba podia sentir sua energia perfeitamente. Abri a porta para ele e, enquanto eu saía, Yslara me pediu para esperar um pouco e correu em direção aos quartos.
— Eliza, não se esqueça disso! — disse ela instantes depois, voltando com a minha caixa do tesouro.
— Obrigada por me lembrar! Te vejo na festa! — falei com ela. Quando me virei, os olhos do meu companheiro estavam fixos no objeto na minha mão. — O que foi?
Ele não me respondeu. Pegando na minha mão, levou-me de volta para a sua residência e me fez sentar de frente para ele antes de dizer o que lhe incomodava.
— Como isso chegou aqui? — perguntou-me ele, com os olhos fixos novamente na caixa.
— Eu saí do palácio com ela, lembra? Depois que a crise passou, eu ainda estava segurando-a da mesma maneira. — Ele pegou a caixa da minha mão e abriu-a. Parecia ansioso.
— Está tudo aí dentro! — falei-lhe incisivamente. Exceto as cordas da Preciosa que ficaram ao lado das minhas roupas de ontem. — O que há de errado?
— Saber que você percorreu essa distância toda em pouco tempo já é demais, mas saber que fez isso sem virar lobo é completamente injustificável. Não tem como! — falou-me seriamente. Ele estava certo. Eu teria perdido a caixa logo que virasse lobo. Não sei por que motivo eu não a soltei durante a crise, mas sentia-me grata por isso. Eu odiaria perder todas essas lembranças que separei com tanto carinho.
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Destino: O Rei Amaldiçoado
WerewolfLivros 3 e 4 da saga Destino (Destino: O Rei Amaldiçoado) + (Destino: A Soberana das Bruxas) Sinopse: Em um mundo envolto em mistérios e magia, Eliza se vê conectada ao destino do enigmático Rei Lohan, um homem cujo passado é tão sombrio quanto seu...