Visão de Lohan
Que bruxa mais petulante! Como ela ousa dar as costas a mim, um rei? Como ela ousa querer ditar qualquer coisa? Se ela acha que sou tolo, está muito enganada! É claro que ela estava só jogando comigo! Ela é astuta, e eu quase tinha certeza de que ela se preparara para me ter como alvo desde o começo. Se ela acha que conhece a natureza do lobo, terá um grande imprevisto. Pretendo surpreendê-la e desmascará-la!
"Não, acho que ela é diferente!", disse Ray. Parecia um pouco ansioso, mas a dúvida permeava o seu coração tanto quanto o meu. Quando ela foi pressionada a escolher, Ray a quis, implorando por dentro que ela viesse até nós. De alguma forma, o desejo dele foi atendido e, desde então, um sentimento estranho começou a borbulhar dentro de mim.
"Não se deixe seduzir! Amanhã você verá que ela não é o que pensa!", falei-lhe incisivamente. Por mais bela e talentosa que Liz fosse, ela não é a minha companheira. Prometi a mim mesmo que esperaria pela minha rainha e não queria distrações pelo caminho.
Percorri a sala e subi as escadas em direção ao quarto. De fato, ela deixara a arrumação impecável, bem do jeito que eu gosto. Próximo a uma grande janela, havia uma mesa com uma cadeira. Aproximei-me, sentei-me na cadeira e olhei para fora. As grades semitransparentes não eram um empecilho para a bela vista frontal do jardim. De longe, eu podia enxergar a garota caminhando em direção ao palácio de Willow.
"Ele é insistente!", resmungou Ray ao ver Galadriel se aproximar da garota e interceptá-la. Galadriel não é alguém de casos, então estava evidente que ele via Liz como alguém que queria como esposa. O que será que ele viu nela?
Liz acabou parando e ficaram conversando por um tempo. Eu não conseguia tirar os olhos dela, irritado por ela estar dando atenção àquele homem. Liz não fez nenhum movimento ousado e manteve uma distância aceitável, diferente de Galadriel, que insistia em querer se aproximar.
"Por que tenho a impressão de que é ele quem está tentando seduzi-la e não o contrário?", questionei Ray, intrigado. Galadriel estava oferecendo algo a ela, mas ela fez um movimento negativo com a cabeça, recusando-se a aceitar. Qualquer bruxa ficaria muito satisfeita em ter um rei a bajulando, mas esse não parecia ser o caso dela.
"Eu falei que ela é diferente!", disse Ray mais uma vez.
"Ainda não acredito nisso!", respondi irritado, saindo de perto da janela e me jogando sobre a cama. O dia foi tranquilo, mas eu me sentia exausto, como se estivesse dormindo mal há tempos. Por que eu me sentia assim? Corri em velocidade moderada até aqui, tive boas pausas de descanso, então tal cansaço não fazia sentido. Além disso, a comida que Liz me trouxera no jantar estava deliciosa! A comida geralmente só parece ter um gosto tão bom quando estou realmente faminto.
"Droga, aposto que ela me envenenou!", murmurei, fechando os olhos, como se a exaustão viesse toda de uma vez. Não senti cheiro de qualquer substância ou traços de energia mágica na comida, mas meu corpo apagou de um jeito que, há tempos, não fazia.
Quando acordei, um cheiro apetitoso permeava o ambiente em que eu estava. Levantei-me abruptamente ao reconhecer a presença da garota que adentrara os meus aposentos sem que eu lhe desse permissão. Ela estava de pé de frente para a janela, e sobre a mesa havia uma refeição bem diversificada.
— Por que entrou sem o meu consentimento? — reclamei, furioso. Essa garota estava pedindo por problemas.
— Ah, mas Vossa Majestade me disse que eu não podia entrar sem bater e eu bati antes de entrar! Além disso, você disse que eu deveria vir às sete, mas já são quase oito e você ainda estava dormindo. Você também disse que eu não podia te tocar e eu não te toquei. Não desrespeitei nenhum dos seus termos, então por que está tão zangado?
Ela com certeza me envenenou! Como não ouvi a sua batida? Como não notei sua presença antes? Como não acordei com a aproximação dela? Olhei para a comida na mesa desconfiado, me perguntando se era seguro ingerir aquilo.
— Se não quiser, não tem problema. Eu como! — falou ela como se soubesse exatamente o que eu estava pensando. Sentando-se à mesa, começou a fazer o próprio prato, me ignorando completamente. — Até porque escolhi te trazer só as coisas que eu mais gosto.
O sorriso em seu rosto me incomodou profundamente. Parecia estar se divertindo enquanto se apoderava da minha refeição, como se esse fosse o seu propósito desde o início. Assim que ela virou o bule e começou a encher sua xícara, fui pego de surpresa pelo aroma familiar da minha bebida preferida, a única que eu ainda tinha gosto de tomar. Ela virou a xícara e começou a tomar o chá silenciosamente, enquanto olhava serenamente para o jardim.
— Me dá! — ordenei, colocando a mão sobre a xícara dela. Se ela havia bebido o chá, é porque era seguro tomá-lo.
— Esse é meu! — protestou ela, com o semblante insatisfeito. — Por acaso você gosta desse chá?
— Gosto! — minha resposta resoluta a fez afrouxar a mão, o que permitiu que eu pegasse a xícara para mim. — Agora saia!
Ela cruzou os braços, mas, como quem sabe o que é bom para si, me obedeceu e saiu da minha cadeira. Assumi o lugar, bem como o prato que ela fizera para ela. Alguns dos itens já estavam mordiscados, prova de que não havia nada perigoso neles.
— Por que não fez o seu próprio prato? Você é um rei, não se importa de comer os restos de outros? — Não havia nada de errado em tomar de volta algo que já me pertencia.
— Eu deveria puni-la por tocar na minha refeição. Sinta-se grata por eu deixar por isso mesmo!
O chá de doriatan me deixou de bom humor. Curiosamente, o gosto da garota era o mesmo que o meu; não só a concentração, mas até o tempero era igual. Fiz minha refeição calmamente enquanto observava a vista na minha frente. Era o tipo de momento de calmaria que minha mente precisava para começar o dia bem.
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Destino: O Rei Amaldiçoado
WerewolfLivros 3 e 4 da saga Destino (Destino: O Rei Amaldiçoado) + (Destino: A Soberana das Bruxas) Sinopse: Em um mundo envolto em mistérios e magia, Eliza se vê conectada ao destino do enigmático Rei Lohan, um homem cujo passado é tão sombrio quanto seu...