Visão de Eliza
— Como pode ser tão teimosa! — Chandra quebrou o silêncio. — Estou lhe dizendo que, depois de tantos séculos, eu finalmente encontrei uma solução e você decide simplesmente ignorar isso. Você realmente se importa com o seu povo?
— Eu me importo, e é por isso que não posso compactuar com as suas ideias — sussurrou Willow. Acho que, se não fosse pela minha audição de lobo, eu não a teria ouvido. — Mesmo que não diga, consigo ver todas as falhas nisto.
— Oh, é mesmo? Esclareça! — falou Chandra, um pouco irritada, sentando-se ao lado de Willow e puxando-a rudemente pelo braço, obrigando-a a abrir os olhos e encarar a senhora irritada à sua frente.
— Se você estivesse tão segura de que isso funciona, estaria pegando a devoção para si, não entregando-a a jovens sem origens. Você me disse que uma bruxa das sombras de nível ômega, em tese, tem a capacidade de lançar uma maldição que retarda a formação da origem, aumentando o tempo de coleta de devoção. Então, por que não evoluir a si mesma e evitar danos maiores? Ou pretende simplesmente sacrificar vidas indefinidamente para salvar outras? Isso só indica que as técnicas que diz ter descoberto ainda estão em fase experimental, a ponto de você não querer assumir os riscos para si mesma.
— O que não quer dizer que a possibilidade não exista. Não a descarte! — retrucou Chandra, incomodada com a forma como Willow a encurralou.
— Nunca dê por certo algo que ainda não se concretizou, e isso é algo que aprendi da mamãe. Não devemos contar com uma monstruosidade como o Devorador, que ou desaparecerá, ou nos destruirá. Devemos contar com nós mesmos! Além disso, esse tipo de trapaça possivelmente não será tolerado pelos céus. Por acaso, alguma de suas cobaias já passou pela câmara dos deuses?
Chandra ficou em silêncio. Mesmo que supostamente as bruxas tivessem absorvido devoção suficiente para a formação de origens, isso não quer dizer que elas realmente seriam geradas, afinal, tal devoção não lhes pertence de fato. Tudo que vem fácil, vai fácil!
— Pelo seu silêncio, já encontrei a resposta — disse Willow, sorrindo de forma forçada. — E o que acontece se essa devoção for dada para a evolução de origens já estabilizadas? Suponho que haja conflitos não resolvidos, não é mesmo?
O tom de Willow era de desdém. Ela claramente não queria discutir tais absurdos com Chandra. Embora não suportasse o caminho que sua avó tomou, ela também não alimentava raiva por ela em seu coração. É o que chamamos de amar sem concordar, e se ela ainda discutia e a repreendia, é porque ainda tinha esperança de que sua avó pudesse mudar. Eu entendia como Willow se sentia porque já me senti assim.
— E por acaso tem solução melhor? Tanto tempo no poder e eu nunca te vi fazer nada!
— Nem todos os problemas se resolvem logo. Há coisas que apenas planejamento e tempo podem corrigir — disse Willow em um tom suave, elevando uma mão até o rosto de Chandra e tocando-lhe a bochecha de forma afetuosa. — Se você não fosse tão teimosa, se não insistisse em sempre ir contra mim por raiva, saberia que há esperança para Aradia. Vó, eu vou acabar com a sua divindade. Farei com que o Devorador que você tanto venera desapareça!
Plaft! A mão de Chandra pesou sobre Willow em um tapa tão forte que marcou o belo rosto dela. Willow não se deixou abalar; em vez disso, sorriu e elevou o rosto com confiança frente à ameaça de Chandra.
— Definitivamente destruirei todos os que ousarem se colocar em meu caminho e protegerei o Devorador custe o que custar. Se eu tiver que ir contra a minha própria neta, eu o farei!
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Destino: O Rei Amaldiçoado
WerewolfLivros 3 e 4 da saga Destino (Destino: O Rei Amaldiçoado) + (Destino: A Soberana das Bruxas) Sinopse: Em um mundo envolto em mistérios e magia, Eliza se vê conectada ao destino do enigmático Rei Lohan, um homem cujo passado é tão sombrio quanto seu...