Capítulo 129

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Visão de Lohan


Liz estava quieta, olhando para o jardim. Lancei-lhe um olhar rápido, com a sensação de que ela me conhecia de alguma forma.

Por que você escolheu servir a mim? — perguntei-lhe, quebrando o momento de silêncio que se instaurara. Eu estava realmente intrigado com isso. Se ela quisesse seduzir alguém importante, ela deveria ter apostado em alguém que já estava de olho nela.

Porque você é o único naquele lugar que não tinha segundas intenções comigo respondeu a garota calmamente. Seu olhar sério era um sinal do quanto isso a incomodava. — Com meu instrumento e com a minha voz, tenho toda a devoção que preciso. Todo o resto é descartável!

Mas você parece ter uma relação amistosa com o rei dos elfos. Ele não é o tipo de pessoa que te forçaria a algo que não queira. — Não conseguia deixar de pensar que Galadriel foi o homem que supriu a sua sedução, e que é por isso que ele considera Liz inocente o suficiente para ser sua esposa.

Não tenho qualquer relação com ele — falou ela, incomodada. A forma como se colocou na defensiva fez parecer que eu a tinha ofendido.

Não minta! Quando ele te abordou ontem no jardim, vocês ficaram conversando por quase uma hora.

E como sabe? Estava me espionando? — Ela sorriu como se estivesse se divertindo com isso.

Não há nada de estranho nisso. Preciso saber se a bruxa que me serve é confiável.

E existe alguma bruxa confiável na sua concepção? — implicou ela. Nada do que eu dizia parecia afetá-la. — Sobre Galadriel, não o evito por gratidão. Há alguns meses, me apresentei no Trígono e passei muito mal depois de uma apresentação. Antes de conseguir sair, acabei cercada por um grupo de vampiros. Me envenenaram e me arrastaram com eles. Galadriel me ajudou a lidar com eles e me deixou descansar em sua sala privada até que eu me recuperasse para poder voltar para casa em segurança.

Não precisava ter me contado isso. Não tenho interesse na sua história.

Mesmo? — perguntou em um tom brincalhão. — Então acho que você é a pessoa certa!

Para quê? — questionei-a, desconfiado.

Para contar minhas histórias, claro! Vai ser mais fácil me expressar sabendo que não se importa. — Ela deu um sorriso travesso e começou a falar sobre um monte de coisas aleatórias sobre os meses que passou aqui. Seu jeito alegre era contagiante, e mesmo não querendo admitir, eu queria ouvi-la.

Você não tem nada melhor para fazer? — interrompi-a, vendo que não pretendia parar. Eu deveria expulsá-la, mas não conseguia. Eu não conseguia me cansar de sua falação, provavelmente porque era muito raro alguém conversar comigo assim tão abertamente. As pessoas geralmente me evitam, mas, contrariando a todos, ela estava tão à vontade perto de mim que fazia parecer que somos amigos íntimos de longa data.

Você tem? — questionou, me pegando de surpresa. Sua ignorância quanto ao senso de perigo a tornava tão inocente que era até difícil manter uma postura agressiva. Seria muita covardia!

Como não respondi, ela continuou contando sobre suas experiências, sobre sua relação com suas irmãs e sobre como Willow arranjou suas apresentações no Trígono. Ela parecia esconder algumas coisas sobre si, e certos detalhes não faziam sentido completo para mim. Como podia ser famosa se sua popularidade entre a classe alta advinha de suas recentes apresentações? Sentia que a verdade estava no seu passado, antes de ela ser acolhida por Willow, mas ela não mencionou nenhuma vez sua vida antes daqui e eu não queria perguntar para não parecer que eu estava interessado.

Majestade, o que gostaria de almoçar? — perguntou-me do nada, após falar sobre como achava o sistema de inscrição mágico fascinante. Fingi que não tinha ouvido, o que a fez me questionar de novo, batendo sobre a mesa na minha frente antes de o fazê-lo. — Majestade, há algo específico que queira para o almoço?

"Vai mesmo fazer isso?", perguntou-me Ray. Meu coração batia forte enquanto eu tomava a decisão de tirar a máscara da garota. Ela era perigosamente cativante e sabia esconder muito bem suas intenções. Se eu fingir dar a ela o que ela quer, provavelmente conseguirei fazê-la se revelar.

Você! — falei-lhe sedutoramente, agarrando seu braço e puxando-a para o meu colo. Cheirei seu pescoço com certa malícia, enquanto minha mão percorria sua perna, puxando a saia de seu vestido para cima. — Quero me deliciar com você! — sussurrei perto do seu ouvido.

O coração da garota batia muito rápido e sua respiração se acelerou como se estivesse assustada. Ela deveria estar encantada por eu querê-la, deveria estar aproveitando a brecha que lhe dei para tentar me seduzir, mas não estava fazendo isso.

Como ela não se movia, comecei a mordiscar seu ouvido para provocá-la, enquanto minha mão deslizava pela pele lisa e sedosa de sua coxa. Assim que elevei a saia, expondo completamente suas pernas, subi minha mão até a parte superior do vestido, baixando a manga para expor seus ombros. Inclinei-me suavemente e toquei meus lábios em sua pele exposta.

Pare com isso! — pediu-me com a voz aflita. Como se tivesse voltado a si, moveu as mãos contra o meu peitoral, tentando me empurrar, uma atitude clara de resistência. Olhei desconcertado para a face da garota. Seus olhos estavam fechados e ela respirava com certa dificuldade. Não havia um sorriso em seus lábios, pelo contrário. Ela pressionava os dentes com força como se estivesse... brava!

"Falei que ela é diferente!", Ray estava animado. Esperava que ela se revelasse, mas, aparentemente, ela não usava uma máscara. Afrouxei os braços, liberando-a, e ela se levantou imediatamente. Sem dizer uma única palavra, começou a reunir nervosamente tudo o que estava sobre a mesa. Seus movimentos eram rígidos e impiedosos.

"Ela realmente está brava!", pensei. Isso era evidente em sua postura e no jeito com que reuniu tudo e correu para fora.

O comportamento dela me deixou perplexo, colocando por terra todos os conceitos que eu tinha sobre bruxas. Ou ela era muito boa em atuar ou ela realmente foi sincera desde o começo.

Destino: O Rei AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora