Capítulo 121

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Visão de Lohan: Flashback da fuga silenciosa de Eliza


"Ainda parece um sonho!", pensei, completamente satisfeito com a minha fêmea. Deslizei para o lado dela e fiquei admirando seu rosto sereno, seu olhar meigo, seu sorriso encantador.

— Que falta você me fez, minha rainha! — falei-lhe com todo o meu coração. Eu finalmente a tinha de volta. Ela enterrou a cabeça em meu peito e eu a envolvi com meus braços. Que sensação maravilhosa!

— Eu te amo, companheiro! — disse-me timidamente, derretendo meu coração como só ela é capaz de fazer.

— Eu também te amo, companheira! Você me deixou louco de preocupação. Você está bem? — perguntei-lhe, ansioso por preencher as lacunas sobre o tempo em que estivemos separados.

Ela voltou novamente seu olhar para mim e sorriu, mas havia algo errado. O sorriso dela era um daqueles sorrisos tristes que só me deixava mais preocupado.

— Companheiro, eu segui o meu chamado e consegui me provar. Você não precisa mais se preocupar comigo. — Suas palavras me pareciam firmes, mas não senti confiança em seu olhar. Seus olhos brilhavam tanto enquanto me encaravam que achei que ela fosse chorar.

— Então por que está me olhando assim? Você ainda parece preocupada.

— Eu estou, mas é com você! Você me faz ficar preocupada, companheiro. Sei que não tem comido direito e sei que não tem tido hora certa para dormir. Você tem que se cuidar mais! — Não pude deixar de rir. Ela falava isso com tanta certeza como se tivesse ficado perto de mim o tempo inteiro me observando. Ela estava certa, e sua preocupação era realmente tocante. — Lohan, é sério!

— Se está preocupada, cuide de mim, minha rainha! — Beijei suavemente sua testa enquanto ponderava se devia ou não acreditar nela. Ainda sentia que havia algo errado, mas não conseguia descobrir o que era. No fundo, eu queria acreditar que era só isso.

— Bem, comece dormindo um pouco então! — disse ela serenamente enquanto tocava meu rosto com gentileza. Senti Ray relaxar dentro de mim, completamente submisso ao desejo de nossa fêmea. — Posso ver que está cansado. Não se afadigue mais, não por minha causa.

— Durma comigo, companheira! Eu nunca mais quero me separar de você! — impus como condição, me recusando a fechar os olhos.

— Estarei aqui do seu lado. Feche os olhos, meu amor. — O jeito que ela sussurrou isso foi como um encanto. Imediatamente emiti uma ordem mental a Robert e Mara, avisando-os que se colocassem de prontidão em frente à saída e impedissem que minha companheira travessa desaparecesse de novo. Agora que eu a tinha de volta, não podia correr mais riscos.

Em sono profundo, vozes de alerta vinham incessantes na minha cabeça. Eu não conseguia acordar. Em fúria, Ray explodiu, trazendo minha consciência de volta. Quando dei por mim, ele estava no controle, correndo desesperadamente pelos corredores.

"Majestade, ela está rápida demais! Não estamos conseguindo detê-la!", avisou-me Robert.

"Deixem comigo!", disse a todos os meus guardas inúteis enquanto compreendia rapidamente a situação. Ray estava furioso com nossa pequena travessa. Como ela se atreve a tentar fugir de novo?

"Vou colocá-la em seu lugar.", disse Ray, apressando os passos. Eu já conseguia vê-la correndo na minha frente. Ela não escaparia mais de mim, e quando eu a pegasse, a colocaria de castigo para aprender a não ficar brincando assim comigo. Eu acreditei nela, deixei meu coração completamente aberto. Como ela podia ser tão cruel?

Meu coração batia rápido e, por mais que eu corresse, não conseguia alcançá-la. Seus passos eram tão velozes e graciosos que mal faziam barulho. Senti em meu coração uma angústia me dominar perante o sentimento de impotência. Nesse ritmo, eu a perderia de novo, e eu não podia suportar isso.

"Volte, por favor!", uivei com todo o meu coração, esperando que ela entendesse o meu chamado, a minha dor. Eu estava cansado de me preocupar, cansado de sofrer com a sua ausência. Ela era minha, então por que insistia em se afastar? Todos sempre fugiam de mim, todos sempre preferiam ficar distantes. Achei que ela fosse diferente, que preencheria a solidão em meu coração, mas estava trazendo tanta dor que eu já não estava mais conseguindo lidar com isso.

"Perdemos ela!", disse Ray angustiado, incapaz de compreender como poderia existir outro lobo mais rápido do que ele. Eu era o rei, o lobo mais forte e poderoso de todos, mas a nossa lobinha branca simplesmente nos deixou comendo poeira. Os rastros dela desapareceram no rio, e continuei correndo pela margem procurando por seu cheiro, me recusando a desistir.

"Majestade, estamos aqui!", anunciou Billy assim que chegou ao local que eu lhe ordenara.

"Procurem-na! Ao sinal de qualquer pista, me avisem imediatamente!", ordenei, deixando que a guarda se espalhasse. Eles rapidamente cobririam toda a área. No meio deles, um casal de lobos se aproximou de mim e se curvou.

"A culpa não foi de vocês", falei a eles. Através da ligação mental, eu sentia a angústia e o remorso deles. A filha deles estava além da nossa compreensão. Baixei a cabeça e fechei os olhos, admitindo a minha própria culpa. "Sinto muito, ela foi mais rápida do que eu!"

Se eu não tivesse baixado a guarda, se eu tivesse corrido mais, talvez pudesse ter feito algo. Se nem eu consegui detê-la, como poderia cobrar isso dos meus guardas? Ao ver do que minha pequena era capaz, pude enfim perceber o quão rude e exigente fui com meus subordinados. Eu estava errado!

"Ela nos disse que não está curada ainda. Disse que assim que resolver o seu problema, irá voltar!", disse-me Robert. Mara me descreveu a conversa que tiveram e isso me fez relaxar um pouco. Ela não estava me abandonando, pelo contrário, tudo o que fazia era pensando em mim.

"Ela vai ficar bem!", Ray se consolou dentro de mim. Recordei como ela confundiu nossos sentidos ao invadir a sala e o quão rápido escapou. Com sua capacidade atual e poderes que fugiam da nossa compreensão, sua segurança não era mais a nossa preocupação. Decidi que era hora de confiar e esperar.



Destino: O Rei AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora