Visão de Eliza: Nona Lua Cheia
Sabe o ditado que diz que boca fechada não entra mosca? Por pior que as coisas pareçam, sempre podem piorar! Aqui estava eu, nona lua cheia, novamente no Trígono depois de ter prometido a mim mesma que não voltaria a esse lugar, e tudo porque me prontifiquei a ajudar Willow a encontrar as conexões de Molly.
Depois da invasão ao palácio de Willow, descobriu-se que Molly contatou alguém no Trígono que a incitou a me atacar. Sondando a mente das bruxas que ajudaram Molly, descobriu-se que eram subordinadas dessa pessoa e que, provavelmente, estavam relacionadas com a ordem das bruxas maléficas. Willow tinha certeza de que essa pessoa estava de olho em mim e que voltaria até aqui. E como a trouxa aqui já tinha prometido ajudá-la, tive que vir, mesmo com o meu corpo ardendo em chamas, em uma agonia praticamente insuportável.
Eu não tinha ideia de como encontraria forças para subir no palco. Tudo o que eu precisava fazer era cantar e Willow e algumas de minhas irmãs mais velhas cuidariam do resto. "Eu consigo!", repeti a mim mesma esvaziando minha quinta garrafa de chá do dia. Essa coisa parecia não estar surtindo efeito algum, mas Willow me garantiu que, se eu não tomasse, ia ser muito pior. Eu realmente não conseguia imaginar nada pior do que o que eu já estava sentindo.
Eu estava ofegante quando subi no palco. Não sei por qual razão Eidon me deu o horário nobre novamente. A tendência deveria ser trocar os artistas para trazer novidades ao público, não os repetir. Deixando Lisa transbordar, vesti uma máscara para esconder minha agonia e dei o melhor de mim. Diferente das outras vezes, não consegui me concentrar em cantar e estudar o espírito do público com meus poderes ao mesmo tempo. Ou era uma coisa ou outra, então preferi dedicar todo o meu esforço à apresentação. Sem trapaças, mostraria a eles uma verdadeira performance, onde meu talento, afinação, presença de público e carisma eram minhas principais armas.
"Eu realmente consegui!", pensei, impressionada comigo mesma por ter levado a apresentação até o final sem vacilar. Curvei-me para o público, sorri e acenei antes de sair, ao som vibrante do meu nome de bruxa sendo aclamado por parte da plateia.
Em algum momento, cogitei virar professora, mas parece que nasci mesmo para ser cantora. Lisa ria por dentro, orgulhosa de quem éramos, e compartilhei da mesma alegria enquanto cambaleava em direção à saída. Eu estava suando muito, meu corpo trêmulo como se estivesse febril. Apesar disso, eu não sentia frio; pelo contrário, o calor era infernal.
— Já vai fugir de novo? Dessa vez, não! — Fui interceptada no caminho por um homem alto, magro, de pele extremamente branca, rosto ovalado, olhos escuros e avermelhados, cabelo preto curto e liso e caninos extremamente pontudos. Suas vestes carmesins tinham um emblema, e não tive dúvidas de que se tratava de um lorde vampiro, uma posição entre os vampiros equivalente a um alfa para os lobos.
— Sinto muito, mas não estou dando autógrafos hoje! — comentei com um sorriso de escárnio. A forma como ele me olhava, bem como o desejo exalado em sua energia, me dizia que ele me queria como janta, mas de forma alguma eu daria o gostinho do meu sangue a ele.
— Posso ver claramente que você precisa de alguém. Prometo ser gentil! — disse ele confiantemente, bloqueando meu caminho enquanto eu tentava passar.
— Não estou interessada! — falei secamente. Eu não me importava em manter uma fachada de bruxa simpática. — Estou de saída! Vai abrir passagem ou terei que abrir à força?
— Quer mesmo brigar contra mim? — perguntou ele com um sorriso maligno. Ele estalou os dedos e fui rodeada por outros quatro vampiros. Brigar contra um até que ia, mas do jeito que eu estava mal, não sei se conseguiria nocautear todos eles. Recuei um passo e olhei em volta só para perceber que eu estava sozinha.
Escolhi um caminho menos movimentado, achando que assim seria mais fácil sair dali. No entanto, no lugar onde eu estava, todos ao redor estavam preocupados com outras questões obscuras, então ninguém se importaria com o fato de eu estar sendo intimidada. Para eles, eu era ainda mais irrelevante por ser uma bruxa.
— Isso é um pouco covarde, não acha? — perguntei, irritada.
— É assim que eu ajo, bruxinha gostosa. Não parece mais tão arrogante agora, não é mesmo? — soltou um riso sombrio, dando um passo em minha direção e fazendo com que todos os seus capangas fizessem o mesmo. Senti minhas pernas vacilarem enquanto tateava a Preciosa, me perguntando se deveria absorver sua origem de volta para protegê-la. Eu não queria me revelar agora, mas se lutar era minha única saída, eu o faria.
— Não toquem em mim! — reclamei assim que as mãos daqueles capangas me agarraram. Apenas o toque deles me deixou atordoada ao ponto de eu cair de joelhos. Que tipo de poder era esse?
"Veneno!", disse-me Lisa enquanto se focava em me curar. O veneno paralisante de um vampiro vinha de suas presas, mas parece que eles o extraíram e aplicaram em mim por alguma agulha escondida. Como eu não conseguia manter meu poder espiritual ativo de forma constante por causa do flagelo, não percebi a intenção até que foi tarde demais.
"Merda!", pensei, enquanto os capangas começavam a me arrastar por corredores ainda mais isolados. O Trígono era muito maior e mais misterioso do que eu pensava.
— Escolhi a melhor suíte para nós dois. Tenho certeza de que você vai adorar! — disse aquele homem. — Grave o nome do homem que vai te tomar, bruxinha. Pode me chamar de Lorde Alex!
Fiz questão de decorar o nome, mas para outra coisa. Pode ter certeza de que, se esse cara não morresse hoje, eu daria um jeito nele mais cedo ou mais tarde!
"Só mais um pouco!", disse-me Lisa. Os capangas de Alex pararam de frente a um quarto e, enquanto ele o abria, fui recuperando a sensibilidade nos dedos. Sutilmente, utilizei meu dedo médio para inscrever uma magia de neutralização de veneno na palma da mão.
Antes que os imbecis me arremessassem para dentro, usei uma poderosa magia espiritual, fazendo com que os dois capangas que me seguravam estremecessem de medo. Assim que afrouxaram o aperto, libertei meu poder de lobo para um embate físico enquanto usava magia de aceleração para nocautear os dois capangas afetados e depois me foquei nos dois vampiros que nos seguiam por trás.
Meu objetivo era abrir uma brecha entre eles para escapar usando a aceleração, mas o flagelo liberou uma nova onda de dor tão intensa que perdi a conexão com minhas origens, ficando completamente incapacitada.
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Destino: O Rei Amaldiçoado
WerewolfLivros 3 e 4 da saga Destino (Destino: O Rei Amaldiçoado) + (Destino: A Soberana das Bruxas) Sinopse: Em um mundo envolto em mistérios e magia, Eliza se vê conectada ao destino do enigmático Rei Lohan, um homem cujo passado é tão sombrio quanto seu...