Capítulo 127

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Visão de Eliza


Notei que o olhar de todos estava sobre nós enquanto cochichavam entre si, alguns desapontados, mas minhas irmãs em especial pensavam que eu era louca.

Assim, sem querer te pressionar, mas estou com um pouco de sono. Posso te mostrar logo seus aposentos para eu poder me retirar?

Eu dito os termos — determinou Lohan, levantando-se. — Me mostre o caminho!

Sim, Majestade! — assenti sorridente e dei meia-volta. Ele me seguiu mantendo uma distância considerável entre nós, e aceitei isso para que ele permanecesse confortável. Ignorando os murmúrios, retirei-me sentindo-me imensamente feliz por estar tão perto do homem que amo. Contornei o lago em direção aos chalés, indo diretamente ao que arrumei exclusivamente para ele. — Todas essas moradias são exclusivas para convidados da realeza. Você vai ficar neste aqui.

Por que este em específico? Quem o escolheu? — Eu estava de frente para a porta e ele havia parado a alguns metros de distância, desconfiado.

Acabei de escolher! — respondi, virando-me para ele, tomando cuidado para não olhar em seus olhos. — Ele é o mais retirado, tem uma vista linda do jardim e do lago na frente, e por trás tem uma pequena área florestal se você quiser esticar as pernas do seu lobo. Do jeito que você se isolou no jantar, achei que este seria mais o seu perfil. Estou errada? Se achar ruim, posso te colocar naquele geminado ou no que está de frente para a praça na vila.

Este está ótimo! — disse ele, retrocedendo de imediato. Meu Lohan era tão previsível...

Este é um dos chalés que arrumei, então posso te garantir que está bem limpinho. Se tiver algo faltando, é só me dizer que vou conseguir para você. — falei-lhe enquanto inscrevia o nome de Lohan na porta, para que só ele pudesse entrar.

Chame Willow! — ordenou seriamente assim que eu terminei. Fiquei completamente atordoada quando percebi o quanto ele estava insatisfeito. O que fiz de errado agora?

Só se me explicar o motivo! — Cruzei os braços e pisei o pé irritada.

Pelo que sei, esse é o seu primeiro ano. Como uma novata como você pode ser a responsável por selar minha porta? Isso é inconcebível! Qualquer um vai conseguir entrar em meus aposentos!

Oh, isso? Acho que ninguém está interessado em invadir seus aposentos, Majestade. — Minha afirmação o pegou de jeito. Senti seu espírito se irritar com minha petulância, mas ao mesmo tempo estava ferido por conta da verdade por trás das minhas palavras. — Com exceção a mim, claro, já que vou ter que servi-lo.

Chame Willow! — ordenou rispidamente, sem dar o braço a torcer.

Se é sobre o selo, não se preocupe! — Dei um sorriso orgulhoso, puxando a manga do meu vestido para cima e lhe mostrando a minha marca espiritual. — O fiz com meu poder espiritual, e além da sacerdotisa real, só há uma irmã além de mim no palácio com poder espiritual, mas ela é mais fraca que eu. Assim sendo, posso te garantir que ninguém conseguirá quebrar o meu selo, e nem mesmo Willow conseguirá entrar em seus aposentos se você não o permitir.

Inscrições e selos só podem ser alterados ou anulados por um poder maior da mesma categoria ou um inferior de força opositora. Uma inscrição de fogo poderia ser anulada por uma de água e anular uma de vento, por exemplo. Contudo, origens astrais não têm oposição além delas mesmas.

Embora eu tenha dito que marquei a porta com o poder espiritual, na verdade o fiz com a minha origem luz, o elemento do topo da hierarquia que vence as trevas e que não possui oposição. Desta forma, absolutamente ninguém em Celestria conseguiria perturbar o sono do meu Lohan. Embora outros seres como fadas e elfos possuam magia elementar, sua forma de interação e manipulação era diferente da de uma bruxa, tornando sua natureza incompatível com o tipo de inscrição que eu fizera.

Não está sendo prepotente? — perguntou-me ele de forma mais branda.

Majestade, não confunda confiança com prepotência. Quando se luta para chegar onde se está, é mais do que merecido se orgulhar de seus feitos. Sou uma cantora famosa, escrevi muitas composições que são um sucesso. Diferente de você, eu não caí de berço no topo, mas o alcancei por meu próprio mérito.

Ele fungou irritado, mas não retrucou minhas palavras. Em vez disso, abriu a porta adentrando a moradia. Entrei logo após ele, mas acabei presa contra a parede pelo pescoço.

Não entre se não for chamada! — rosnou furioso. Contudo, estava de olhos fechados, prova de que não queria me machucar.

E como pretende me chamar? Como vou saber que precisa de algo? — perguntei com naturalidade. Embora seus dedos estivessem firmes em meu pescoço, ele não o estava apertando com força.

Esse é o ponto. Eu não preciso de você! Não quero ser incomodado em nenhum momento, ficou claro?

Perfeitamente, Majestade! — Não me deixei abalar. É o tipo de atitude que eu esperava e queria dele. O fato de ele não ser fácil tornava o desafio muito mais emocionante e me fazia sentir mais especial por conta desse homem íntegro ser o meu companheiro. Ele afrouxou os dedos e me soltou, mas eu ainda tinha mais a dizer. — Assim, isso é mais benéfico para mim do que para você, já que não vou ter o trabalho de lidar com um cara teimoso e rude como você. Só que, se eu não fizer isso, você vai passar fome, porque acho que mais ninguém além de mim virá. Bem, você é quem sabe! Adeus!

Me virei e, antes de passar pela porta, ele pegou no meu braço, me parando.

Quero minha refeição às sete. Bata na porta antes de entrar e, em hipótese alguma, toque em mim — ordenou em um tom um pouco mais brando.

Mas é você que está tocando em mim! — falei inocentemente, puxando o meu braço e desfiz minha expressão amigável. — Não o faça! Também não gosto de ser tocada por estranhos! Se você o fizer de novo, vou puni-lo com pão seco e água! Se quiser discutir mais termos, faremos isso amanhã. Estou com sono, então com licença!

Eu não queria ir, não queria deixá-lo, mas precisava ganhar a confiança dele, mostrando de alguma forma que eu não era como as minhas irmãs. Eu sabia exatamente por que ele detestava as bruxas, então precisei ser forte e assumir uma postura que o fizesse me tolerar. Saí a passos rápidos e não olhei para trás. Senti que ele ficara confuso, mas esse era exatamente o objetivo. Seu coração estava começando a ser abalado. Agora, era uma questão de tempo até que eu pudesse tê-lo de volta para mim.

Destino: O Rei AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora