Capítulo 135

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Visão de Lohan


Lohan, me passa uma toalha, por favor — a voz de Liz soou baixa e suplicante. Ela estava na porta do banheiro, mas desviou o olhar para o chão assim que viu que eu estava me vestindo. Tanto o cabelo dela quanto seu vestido estavam respingando, molhando o chão todo ao redor dela.

Nós não somos amigos nem nada do tipo. Não volte a me chamar pelo nome — a repreendi antes de pegar uma toalha seca e jogar na direção dela. Eu não pretendia fazê-lo de início, mas quando vi seus olhos tristes não consegui recusá-la. Ela agarrou a toalha no ar e se fechou dentro do banheiro.

Tanto faz — murmurei para mim mesmo, ignorando-a. Precisava colocar minha cabeça no lugar, mas com ela por perto era muito difícil. Aguardei que ela saísse para expulsá-la, mas a forma como apareceu me deixou completamente sem palavras.

Você molhou meu vestido todo, e essa era a única roupa seca que eu tinha para me vestir — explicou-se nervosamente. Ela estava com a minha camisa suja e a toalha estava enrolada em sua cabeça, prendendo seus cabelos molhados.

Quem te deu permissão para pegar a minha roupa? — Ela conseguiu, ela realmente me tirou do sério. Como eu queria dar uma lição nessa garota! — Tire isso agora!

Eu não! Vou usar o quê se eu tirar isso? — disse ela teimosamente. — A culpa de eu estar assim é sua. Responsabilize-se!

Você... — Afastei-me dela enquanto tentava reprimir a irritação que eu estava sentindo. Eu sequer conseguia pensar direito. — É melhor você ir!

Tudo bem. — respondeu-me com suavidade. Quando ela começou a descer as escadas do jeito que estava, não consegui manter a postura. Ela ainda estava com a minha camisa e eu não podia deixá-la percorrer o jardim dessa forma.

Volte! Use uma das camisas que me trouxe e me devolva a minha — falei-lhe friamente. A camisa lhe cobria o corpo muito melhor do que o tipo de vestimenta que as outras bruxas usavam, mas esse não era nem o problema. Estava mais preocupado com o que pensariam de mim se vissem uma bruxa com uma roupa tão pessoal minha, feita a partir do meu lobo. Minha reputação seria gravemente prejudicada!

"Deixe-a usar!", rosnou meu lobo irritado. Ver a garota usando algo dele gerava um sentimento maior de posse e o excitava, e provavelmente esse era o principal motivo de eu estar tão agitado.

E por que não posso usar essa? — perguntou-me de um jeito inocente. — Ela é tão macia!

Ela está suja! Pegue uma das camisas limpas. Você não quer sair por aí cheirando a lobo suado — retruquei.

Por que não? Eu gosto do cheiro — ela puxou a gola superior da camisa em direção ao seu nariz, deu uma boa cheirada e sorriu com satisfação.

Bruxa maliciosa! — rosnei. Era como se conhecesse cada uma das minhas fraquezas, como se soubesse exatamente como me deixar louco. A vontade que eu tinha era de agarrá-la à força e puni-la duramente para ela parar de me provocar. — Vai tirar ou eu tiro?

Minhas ameaças não a intimidaram. Ela manteve a expressão animada enquanto ia vagarosamente até o armário escolher outra peça sem o mínimo de pressa.

A preta ou a cinza? — perguntou-me na maior cara de pau, com cada uma das mãos segurando um modelo.

Qualquer uma! Só faça logo! — era o meu ultimato.

Então vire-se! Vou me trocar.

Não vou ficar de costas para você! — Eu estava tão zangado! Será que ela realmente não via o perigo em que estava se metendo?

Espero que não esteja pensando que vou ficar sem roupa na sua frente. Não sabe que é errado um homem espiar uma mulher sem roupas?

Então use o banheiro! — grunhi.

O chão está molhado. E se eu escorregar? — falou em um tom meloso que não combinava em nada com ela. Agora estava claramente implicando de propósito.

BANHEIRO, AGORA! — ordenei, apontando para a porta, mostrando que isso não estava em discussão.

Não precisava ficar tão bravo... — sussurrou, escolhendo a camisa preta antes de seguir as minhas ordens.

Sentei-me na cama e fiquei aguardando. Os minutos se passavam e isso ia me deixando cada vez mais estressado. Ela estava demorando muito para alguém que só foi se trocar. Depois de meia hora, resolvi verificar o que ela estava fazendo e, quando abri a porta, encontrei-a de joelhos enxugando o restante da água no chão.

Estou quase terminando — disse ela em um tom baixo e retraído. Ela já havia vestido a camisa preta e seus cabelos levemente úmidos estavam soltos e penteados. Observei-a atentamente concluir o que estava fazendo. Eu não estava mais bravo.

Ela espremeu a toalha na pia e pegou seu vestido também. Segurando ambos nas mãos, passou por mim sem dizer uma única palavra. Ela desceu as escadas com tanta pressa que parecia estar fugindo, e por algum motivo isso me deixou triste.

Pode me preparar um chá antes de ir? — pedi, antes que ela abrisse a porta da frente para sair. Mesmo ela tendo tirado minha camisa, ainda me sentia desconfortável com a ideia de ela sair dessa forma, com suas lindas pernas expostas acima do joelho. Eu não deveria me importar, deveria ignorar esse sentimento perturbador, mas não conseguia.

Ela não respondeu, mas virou-se e foi até a pequena cozinha aquecer um pouco de água. Fiquei olhando-a trabalhar de costas, mantendo o profissionalismo e o silêncio como deveria ter sido desde o começo. Pessoalmente, eu não estava gostando nada dessa postura.

Durma aqui esta noite. — Tomei coragem de pedir enquanto ela me entregava uma xícara de chá. — Estenda o seu vestido, até amanhã estará seco para você usá-lo.

Não. Prefiro ir agora. Vai saber que outras coisas você fará comigo se eu adormecer aqui — falou ela em um tom aborrecido.

Não confia em mim?

Eu deveria?

Não — admiti. Ela assentiu com a cabeça sem olhar para mim e, pegando suas coisas, partiu sem olhar para trás. Senti meu lobo choramingar por dentro, uma sensação terrível de abandono e perda. Liz, o que você está fazendo comigo?

Destino: O Rei AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora