Capítulo 47

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Bato a porta do carro e sento-me em silêncio

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Bato a porta do carro e sento-me em silêncio.

–– Como foi? Encontraste-a? — Tom olha-me a partir do espelho enquanto roda a chave na ignição.

Esfrego as minhas mãos suadas nas minhas calças e aceno com a cabeça.

— Sim?! — O meu irmão passa as mãos pelas suas tranças. — Como ela está? Bem?

Pego a minha garrafa de água e engulo o líquido gelado pela garganta.
Eu encontrei-a. Senti-a. Mas não a tenho comigo.
Como eu pude ser tão estúpido ao deixá-la lá? Como eu a consegui deixar?
Os meus lábios estão secos e forço mais um gole pela minha garganta. A minha cabeça parece estar a ser torturada por vozes que gritam para que eu volte e fuja com ela nos braços. O meu sangue ferve e a minha pele arrepia-se enquanto anseia pelo seu calor.
As árvores passam rápido pela minha janela, tão rápido que é impossível acompanhar. Não dei conta de que já estávamos em movimento. Para mim, ainda estávamos estacionados por baixo da grande macieira, nas sombras.
Não há como voltar atrás agora. Não posso.
Abaixo a janela para sentir o frio vento contra a cara e o aroma de pinheiros e de terra.
É tarde demais para voltar.
Procuro o pacote de cigarros nos bolsos do meu casaco de pele castanho e, quando encontro, tiro um e coloco entre os meus dentes acendendo-o com um isqueiro. O sabor de menta preenche a minha boca enquanto que o fumo preenche os meus pulmões. Quando o fumo sai pela minha boca, é como se levasse as memórias daqueles olhos azuis tomados pelas lágrimas e daquela boca rosada massacrada pelos dentes. Então, eu acabo com cigarro em um minuto, viciado em deixar de sentir dor.

— Bill? — O meu irmão chama-me, mas o som é abafado.

A minha cabeça não se move e a minha boca não se mexe. Não consigo.

— Bill? Ouviste-me?

Pelo canto de olho, vejo Georg dar uma cotovelada no Tom, o mesmo fechando a boca numa linha fina. Respiro profundamente e fecho os olhos, agradeço o silêncio que se instalou.

●●●

— Deixa-me aqui.

— Agora? — Tom olha-me pelo espelho retrovisor.

Aceno com a cabeça. Ele encosta o carro e saio. Dou meia-volta e inclino-me sobre a janela do motorista.

— Vejo vocês mais tarde.

Afasto-me e vou na direção do ginásio. O letreiro vermelho no formato de luvas de box é a única luz proveniente da rua, tirando alguns postes. As pessoas passam, apenas algumas, sendo logo engolidas pela escuridão. Entro pela porta de vidro e encontro alguns amigos meus treinando ou lutando no ringue.
Aproximo-me da receção.

— Opa.

Peter roda na sua cadeira encontrando os meus olhos. Ele levanta-se e um sorriso de dentes perfeitos num rosto jovial abre-se.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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