Capítulo 37

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Abro a porta do meu quarto e desço, prontamente vestida e pronta para o dia

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Abro a porta do meu quarto e desço, prontamente vestida e pronta para o dia. Sinto-me leve e meu interior está numa imensa paz.
Bill e Tom encontram-se sentandos na mesa tomando o seu café da manhã e falando entre si.

–— Bom dia. — Digo sentando na mesa junto a eles.

— Bom dia.Desculpa por ter—

— Sem problemas, Tom. — Rio enquanto passo geleia na minha torrada. — Não foi de propósito.

Ele sorri e toma um gole do seu café.

— Vocês estão juntos agora? — Tom fala enquanto divide a atenção do seu olhar entre Bill e eu.

Eu fico tensa em meu lugar, solidifico-me como uma pedra enquanto olho para Bill. Seu olhar não está em mim, mas sim em seu café. Seus lábios em uma linha fina.

Mas tem algo que me atrai para si. O brilho de seus olhos e o leve rosado em suas bochechas. Ele parece inquieto e em conflito consigo mesmo. Queria poder ler a sua mente e tentar descobrir o que se passa dentro dela. Decifrar todos os seus segredos e compreender todas as suas emoções.

Eu não sei dizer se ele está com vergonha do que aconteceu. Talvez ele ache que foi um erro, tal como ele pensa que foi da última vez que estivemos juntos.

— Ainda é cedo para isso, não? — Digo, escolhendo algo seguro para dizer.

Sinto Bill petrificar ao meu lado. Eu estremeço.

Eu disse algo de errado?
Devia ter dito que não foi nada demais, apenas uma noite?
Devia ter ficado na minha e deixar ele responder?

Bill coça a garganta e o som é seguido pelo tilintar da sua xícara quando pousada no prato de porcelana branco.

— Lucian está vindo nos visitar. Hoje. — Bill muda o assunto prenunciando as palavras em um tom frio, palavras desprovidas de qualquer emoção e simpatia.

Droga. Eu falei algo que não devia...

— E qual o motivo? — Tom pergunta com um certa raiva florescendo. — Ele nunca nos visita, nunca nos deu qualquer sinal de vida. Nós existimos apenas para fazer o trabalho sujo dele.

— Tom... — Bill suspira.

— Estamos esperando há um tempão para assumir o controle de tudo. Porque está demorando tanto tempo, porra?! — Tom perde a paciência.

Eu estico o meu braço e encontro a sua mão. Dou um leve aperto na mesma para transmitir suporte e apoio.

— Ele falou em algo urgente. — Bill fala pouco ou nada incomodado com a explosão de Tom.

— Algo urgente...? Qual cara nós vamos ter de perseguir e matar agora? — Tom fala irónico enquanto revira os seus olhos.

Eu escondo-me atrás da minha xícara de café deixando o assunto para eles discutiram. O que quer que seja o problema, não é da minha conta.

— Tom, se acalma e pensa um pouco. — Bill fala terminando o resto de café em sua xícara. — Poucos dias atrás ele falou sobre a limpeza estar quase completa.

— E? — Tom fala enquanto cruza os seus braços e se encosta na cadeira.

— E, Tom, que ele garantiu que depois da limpeza tudo seria nosso.

Tom trava por um momento, pensando nas palavras de Bill.

— Certo. Qual é a última limpeza? — Pergunta.

— Isso é o que ainda não sabemos. De qualquer forma, ele chega ao final do dia, iremos descobrir a partir daí. — Bill se levanta e sai da sala deixando eu e Tom sozinhos.

— Você está bem? — Pergunto.

— Sim, talvez. — Suspira. — Esperei tanto tempo, já deveria ser nosso aos dezoito mas Lucian decidiu que não estávamos prontos.

— Mas ele acha que vocês estão agora. Isso é o que importa. — Sorrio de leve.

— Sim... — Suspira.

Eu preparo-me para levantar da mesa quando sinto a mão de Tom em meu braço. Olho para ele confusa.

— Esquecendo este assunto...alguém faz aniversário daqui a uns dias, não? — Sorri.

Eu abro um sorriso. Não fazia a mínima ideia de que ele sabia disso.

— Vinte aninhos. — Falo orgulhosa.

— Deviamos preparar algo.

— Não tem necessidade, Tom.

— Você ajudou com a nossa, deveriamos fazer algo especial para você também.

Eu me dou por vencida e o deixo levar-me para a sala. Ele dá ideia atrás de ideia para a minha festa e eu limito-me a abanar a cabeça, concordando com tudo o que ele diz.

Ele parece tão animado então deixo-o permanecer assim.

●●●

O sol se põe. Bill e Tom agitam-se ao meu lado, inquietos com a aproximação da chegada de seu pai.

Confesso que estou nervosa também. Lucian tem uma energia estranha, tão carismático e simpático mas algo me diz
que ele não é o que parece ser. Que esconde algo dentro de um sorriso branco perfeito. Algo obscuro, sombrio e mortal.

Bill desliga a Tv e levanta-se fazendo sinal para o Tom.

— Lilith, vai para o seu quarto. — Bill ordena. — Agora.

Eu franzo a testa por um momento. Odeio receber ordens. Mas penso por um minuto e limito-me a concordar com a cabeça, não querendo atrapalhar algo tão urgente. Faço o meu caminho até o meu quarto e permaneço no espaço. A ansiedade me corrói e me mata aos poucos. Sento-me na cama virada para a porta esperando o momento em que Bill ou Tom entrem pela mesma e digam que está tudo bem.

A espera torna tudo pior.

Eu não sei o que se está passando como se estivesse às escuras, uma venda cobrindo meus olhos e uma sensação agonizante batendo no meu peito. Minha perna treme em antecipação e meu lábio inferior castigado pelos meus dentes, a pele em volta da minha da unha quase inexistente. Eu solidifico-me com os sons de passos, vários pares estão subindo as escadas e se dirigindo a alguma sala longe do meu quarto.

Eu espero. E espero. E espero mais.

Quando o silêncio preside no corredor e na restante casa, dirijo-me até à porta e abro uma pequena fresta. Deparo-me com o corredor vazio. Ando nas pontas dos pés tentando fazer o menos de barulho possível. Sigo pelo corredor largo e comprido procurando por qualquer sinal deles. Paro abruptamente quando um estrondo soa por detrás da porta que dá para o escritório. Aproximo-me da mesma e encosto o meu ouvido, meus olhos arregalam-se e minha boca abre-se com o que sai da boca de Lucian.

Meu coração martela e minhas pernas fraquejam.


Ready-Set-Kill | BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora