4 - Família

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Deixando todas as preocupações de lado, tentei focar na novidade que tudo aquilo representava. Afinal, eu estava dentro de um castelo de verdade! E mesmo conversando com ela todos os dias da minha vida, eu estava falando com uma Rainha de verdade!

Tia Bea nos conduziu através de um corredor enorme com quadros e tapeçarias espalhadas por todos os lados. A distância que pareciam iguais, talvez cinco ou seis metros, havia guardas uniformizados posicionados como se apenas esperasse um olhar para entrar em ação.

Eu estava tão fascinada pelos guardas e quadros que quase não notei a enorme escadaria de mármore com corrimões dourados. Minha atenção apenas foi desviada para lá pelo som de uma voz grave e ofegante chamando por alguém.

- Estão precisando de você no laboratório. – concluiu o rapaz que descia as escadas falando com tia Bea.

- Ramon. – disse tia Bea com um sorriso. – Quero que conheça sua prima, Alicia.

Os olhos escuros do rapaz refletiam o mesmo bom humor e carinho que eu sempre via nos olhos de tia Bea. Não era difícil saber quem ele era.

Naquele momento, aqueles olhos se arregalaram surpresos na minha direção antes de um sorriso contente começar a surgir nos seus lábios.

- Prima. – falou pegando minha mão na sua e beijando-a de modo galanteador. – É um imenso prazer finalmente conhecê-la.

- O prazer é meu. – falei fazendo uma pequena reverência um pouco desajustada.

- Ramon, se importaria de levar sua prima para conhecer o restante do castelo enquanto resolvo o que quer que seja que precisam de mim?

- Seria um prazer. – concordou o rapaz beijando o rosto da mãe e passando minha mão pelo seu braço.

- Encontro com você mais tarde, Alie. Ramon vai cuidar bem de você. – despediu-se tia Bea subindo as escadas apresadas.

Observamos tia Bea chegar ao topo da escada e esperamos até que ela sumisse de vista para virarmos um para o outro. Eu podia ver a incrível semelhança entre o rapaz e minha tia. Não havia como negar que ele era seu filho. O tom do cabelo e o modo como o sorriso se espalhava pelo rosto lentamente era um indicio muito forte para que houvesse erro de julgamento.

Além disso, havia o modo elegante como ele se postava naturalmente. Parecia ter nascido com aquela postura reta e orgulhosa, mas ao mesmo tempo aberta para o mundo – eu não duvidava que ele tivesse nascido com isso mesmo.

- Podemos? – perguntou tirando-me dos meus pensamentos.

- O quê? – perguntei confusa.

- Podemos continuar nosso tour? – explicou divertido.

- Claro. 

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