25 - Bruxa da discórdia

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Meu coração disparou de susto e virei na direção das grades desejando fugir daquela voz doce e ameaçadora. Quando fui agarrar as barras de metais, elas haviam desaparecidos e avancei o mais rápido que pude pelo túnel até escorregar por um vão e cair dentro de uma sala iluminada.

Caí sobre os pés, usando uma parede como apoio para permanecer em pé. Eu não sabia onde estava, via apenas a luz e a parede a minha frente, mas podia sentir olhos encarando minhas costas e lentamente comecei a virar na direção deles.

Eu deveria ter deixado Ramon me encontrar dormindo com Guilherme, eu estaria menos encrencada, pensei quando um clique sobre quem eram aquelas figuras acendeu na minha mente.

Dois pares de olhos violetas enormes estavam me encarando com um sorriso satisfeito no rosto. As duas mulheres paradas na minha frente, mantendo-me acuada contra a parede, eram bruxas. Os cabelos vermelhos e a roupa preta de uma contrastava com a pele clara e o anel vermelho enorme no dedo. Senti um gelo descer pela espinha quando encarei o anel cor de sangue. Era o mesmo anel da noite passada.

- O que temos aqui, Clemency? – disse a outra bruxa.

Ela era menor, menos vistosa, mas os cabelos pretos curtos e a capa dourada davam a ela um ar de autoridade que poucas pessoas daquela estatura conseguiam exibir. A boca carnuda desenhava um sorriso pouco confiável que indicava que eu estava muito encrencada de estar ali, mas que ela estava adorando cada segundo.

- Ah, eu lembro muito bem dessa expressão de choque! – comemorou a bruxa ruiva. – Apreciou a visita da noite passada, querida?

Meu corpo estava paralisado de medos. Eu não precisava de uma apresentação para saber onde havia me enfiado. Todas aquelas vezes em que os pensamentos haviam se calado dentro do castelo, todas as vezes em que o alarma havia sido disparado do lado de fora... Na verdade, eram elas criando a passagem secreta onde podiam ter acesso a todos no castelo sem precisar invadir com um exercito.

A mulher morena sem duvida era a tal de Ambika de quem havia falado.

- Como ela é esperta! – disse Clemency lançando um olhar divertido para a outra mulher. – Ela sabe quem você é, mana.

- Eu não esperaria menos da realeza. – respondeu a bruxa com um dar de ombros elegante.

Enquanto rolava o dialogo entre as irmãs, minha mente disparava em buscada de rotas de fuga. Eu não sabia onde estava e nem como chegar ao castelo dali, mas eu precisava sair de perto daquelas mulheres se queria continuar com meu coração no peito.

- Ah, não se preocupe, não vou tirar seu coração agora. – comentou Ambika me dando as costas e começando a mexer em algumas coisas sobre a mesa. – Você ainda não está pronta, mas creio que podemos acelerar esse processo.

Pronta? Pronta para quê?, pensei sabendo que elas podiam ler minha mente.

- Seu coração não está pronto ainda. Faltam alguns detalhes a ser resolvido. – Ambika fez sinal para Clemency e as duas se uniram diante de um livro.

As duas mulheres começaram a analisar o livro em voz baixa, de costas para onde eu estava. Sabendo que elas podiam ler minha mente, tentei pensar o mínimo possível sobre o que eu iria fazer a partir dali. Eu precisava sair daquela sala, isso era um fato. Precisava encontrar um meio de voltar para o castelo e avisar alguém sobre o túnel. Porém, precisava sair dali mais urgente do que qualquer outra coisa.

Avistei uma porta dupla que parecia dar em algum lugar, fui contornando lentamente as mesas até chegar próxima a porta e tocar a maçaneta. Sem virar na minha direção, Clemency, disse:

- Ela está tentando fugir, mana.

- Vamos dar a ela alguns minutos de vantagens. – resmungou a outra com a voz divertida. – Faz algum tempo desde a nossa última caçada.

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