22 - A volta

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As quatro semanas seguintes foram compostas pela mesma exaustão daquela primeira noite no castelo. Minha temperatura oscilava a todo o momento, a tosse seca era constante e havia momentos em que perdia minha voz. Eu vivia cercada pelos empregados vendo do que eu precisava, até minha sogra que parecia me odiar, volta e meia estava vendo se eu precisava de alguma coisa.

Declan parecia apenas sair do meu lado para tomar banho e ir ao banheiro, mas nada. Estava sempre deitado na cama ao meu lado, colocando panos molhadas no meu rosto para aliviar minha temperatura quando estava alta ou colocando mais cobertores quando minha temperatura ficava muito baixa. Eu deveria ter tomado umas mil xícaras de chá. A essa hora eu já deveria estar soltando bolhas de tanto chá que eu tomei.

A todo o momento Declan me perguntava se eu estava bem e o que eu estava sentindo. No começo isso me irritava, eu sempre dizia estar bem e como se para provar isso, eu cumpria com todos os meus deveres de rainha na primeira semana, porém sempre havia um pouco daquela coisa que incomodava meu peito e algumas vezes havia crise de tosse seca.

Na segunda semana, eu já pegava mais leve nos deveres de rainha, mas não me deixava ficar deitada o tempo todo como meu corpo pedia. Eu me obrigava a levantar da cama todas as manhãs e me demorar no banho quente, às vezes eu acordava um pouco mais tarde do que as outras pessoas, mas estava em pé na hora do almoço. Na terceira semana, eu só me levantava para fazer as refeições com todas as pessoas e depois voltava para o quarto a fim de descansar.

No final da terceira semana, eu mal conseguia me manter em pé, nem a força de vontade estava me ajudando dessa vez. Declan que desde há primeira semana estava sempre vendo como eu estava, a partir do momento em que comecei a mal me levantar da cama, passou a seguir cada passo meu. Por mais que eu insistisse que ele fosse cumprir suas tarefas e blábláblá, ele dizia que tudo isso podia esperar.

No fundo eu tinha que reconhecer: Declan estava me saindo um marido melhor que o previsto. Para uma pessoa que teve que obrigar alguém a se casar, ele era bastante agradável quando não estava me provocando. Apesar das provocações e das discussões da primeira semana, as coisas foram se acalmando na segunda semana e somente o que restava era minha magoa por ele, porque até mesmo ele estava sendo gentil comigo.

- Alicia, abra os olhos. – pediu Declan e senti alguma coisa gelada tocar minha testa.

- Estou cansada, Declan. – murmurei abrindo um pouco os olhos.

- Vou te levar para Fantasiverden. – anunciou me sentando apoiada contra o seu peito.

- Não precisa, eu estou bem.

- Pare de dizer que está bem. Você está ardendo em febre nesses últimos dias.

- Deve ser só um resfriado.

- Não é um resfriado. Você está doente, não tente negar isso.

- Não acho que seja necessário ir para Fantasiverden, daqui alguns dias isso irá passar. – murmurei voltando a fechar os olhos.

- Não estou perguntando o que você acha de ir para lá, estou apenas avisando que nós vamos. – afirmou autoritário.

- E se eu me negar a ir? – retruquei contra sua autoridade.

- Você vai. Nem que eu tenha que carregá-la até lá.

- Aparecer lá assim só vai deixar mais gente preocupada, não preciso disso.

- Não temos os remédios nem a magia que precisamos para deixar você melhor aqui, lá teremos tudo isso. Você se sentirá bem em alguns dias.

- Quando pretende partir? – perguntei derrotada.

Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora