23 - Ciúmes

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Eu não fiz mais do que dormir e comer durante todo o dia. Quando eu não estava comendo e conversando com Damen, eu estava dormindo e sonhando com os tempos em que Guilherme estava sempre próximo. Ele era a coisa mais importante da minha vida, mas de algum modo entre o casamento forçado e essa pneumonia, eu havia começado a me importar com Declan.

Não que eu o amasse , longe disso, eu ainda me sentia magoada por ser forçada a um casamento e me separado da pessoa que eu realmente amava, mas, talvez, por ele cuidar de mim tão bem, por estar do meu lado quando eu precisava e por me aquecer a noite quando eu estava morrendo de frio, eu passei a vê-lo com outros olhos.

Ele não era o crápula que eu pensei que fosse. Ele era irritante, teimoso, provocativo, cabeça-dura e autoritário, mas ele também era gentil, carinhoso, cuidadoso, divertido algumas vezes e até mesmo compreensivo com alguns aspectos. Ele na verdade nunca foi o monstro que eu pintava, ele tinha seu lado bom. Bem, todo mundo tinha seu lado bom, certo? Não.

Ambika não tinha seu lado bom. Por mais que ela amasse a irmã e isso fosse um pouco de bondade, ela não tinha um lado bom, porque se tivesse teria mais compaixão ao querer nos matar e provavelmente não teria pegado Clara naquela primeira vez em que nos encontramos. Mas ela agora estava morta. Ela e a irmã, Clemency, estavam mortas.

Era bom saber que Damen estava por perto agora. Quatro semanas longe dele havia sido entediante. Quatro semanas praticamente deitada em uma cama com empregados desconhecidos me rodeado se tornara uma coisa entediante e monótona, e isso não ocupava minha mente. Pelo menos ali, eu o tinha por perto e a qualquer momento poderia chamá-lo para o que precisasse.

Eu só havia estranhando ter acordado todas às vezes sem ter Declan do meu lado. Até quando abri os olhos no meio da noite percebi que ele não estava deitado, dormindo, como nas outras vezes. Cheguei a chamar por ele baixinho pensando que estava no banheiro, mas não havia recebido resposta nenhuma. Dizendo a mim mesma que eu não me importava com onde ele estava, voltei a deitar e dormir.

Na manhã seguinte quando Damen me acordou para tomar os remédios e comer alguma coisa, perguntei por Declan, mas Damen rodeou e mudou de assunto. Distraída demais para me dar conta do que ele fez, me deixe levar pela conversa. Novamente quando me acordou para almoçar fiz a mesma pergunta e ele disse que não sabia dando de ombros e depois começando um novo assunto completamente diferente.

Finalmente uma noite quando me levantei para tomar um banho, Declan entrou no quarto segurando um pacote azul celeste embaixo do braço e o colocou em cima da cama.

- O que é isso? – perguntei me detendo na porta do banheiro antes de entrar no banho.

- Vá tomar banho e depois eu digo. – disse e me empurrou delicadamente para dentro do banheiro fechando a porta atrás de mim.

Tomei meu banho calmamente apreciando a água quente que corria do chuveiro. Quatro semanas tomando banho em uma banheira que rapidamente esfriava não era o tipo de coisa que se aprecia vivendo no século XXI na Terra onde a tecnologia predominava. Quando saí do banho, vesti um pijama grosso e voltei para cama. Sentei-me esperando Declan voltar para cama. Quando ele finalmente apagou a luz e deitou do meu lado me puxando para perto foi que voltei a perguntar sobre o capote.

- Uma surpresa. – respondeu fechando os olhos e dormindo.

Demorei algum tempo para conter minha curiosidade e conseguir dormir. Na manhã seguinte quando acordei, ele novamente não estava do meu lado. Irritada o bastante para matar um levantei da cama antes de Damen aparecer com meu café-da-manhã e tomei um banho demorado. Vesti um conjunto esportivo de calça e casaco que achei dentro do armário e saí do quarto batendo os pés no chão. Eu poderia estar doente ainda, mas estava melhor o bastante para poder andar pelo castelo sem ter que me segurar em alguém ou alguma coisa.

Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora