26 - "-Não vou deixar você morrer."

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- Clara! – chamei tentando fazer minha prima olhar na minha direção. – Isso não é hora para você ter um ataque de ciúmes.

- Ataque de ciúmes? – ela virou e eu pude ver todo o ódio que ela estava sentindo nos seus olhos. – Eu não estou tendo um ataque de ciúmes, não teria razão para isso, afinal, no momento em que você colocou os pés no castelo Guilherme esqueceu da minha existência.

- Clara, eu não sei que tipo de relação vocês tem e não é da minha conta saber, mas você tem que acreditar quando digo que nunca quis ficar entre vocês ou qualquer outra pessoa. Guilherme e eu não temos nada. – afirmei sabendo que minha prima sabia que eu estava mentindo. Nós tínhamos alguma coisa, era claro para todo mundo, eu apenas não queria que isso existisse. – E de qualquer forma, se a gente não der um jeito de sair daqui ninguém nunca mais vai ter nada com ninguém.

Minha prima virou o rosto para o outro lado e respirou fundo. Aquilo não era bom. Eu precisava de Clara pensando claramente sobre como sair dali, não podia deixar que a mente dela criasse paranoias que envolviam Guilherme e eu.

- Sei que você está chateada. – falei de modo gentil. – Sei que eu magoei você e Guilherme também. Juro que essa nunca foi a intenção de nenhum de nós. Mas, agora, não podemos pensar nisso. Precisamos achar um modo de sair daqui.

Ela respirou fundo e fechou os olhos com força. Eu podia ver que estava se controlando para por seus sentimentos de lado e focar na situação imediata. Eu admirava minha prima por essa capacidade, ela conseguia separar todas as emoções e manter apenas as que precisava sobre controle.

- Precisamos nos soltar para começar. – sussurrou baixinho. – E precisamos avisar alguém de onde estamos.

- Acho que consigo fazer elas me soltarem, mas não sei quanto a você. – comentei já calculando a cena que iria fazer.

- Eu consigo enviar mensagens telepáticas para alguém se não estivermos muito longe do castelo.

- Eu cheguei aqui através de um túnel que saia do castelo. Talvez não estejamos tão longe assim.

- Tudo bem. Distraía elas para que eu possa me concentrar e mandar a mensagem sem ser interrompida.

Assenti com a cabeça e observei as duas bruxas que estavam concentradas nos livros.

- Ei! – chamei alto, fazendo-as virar para nós. – Acho que não estou me sentindo muito bem.

Nossas sequestradoras e futuras assassinas franziram o cenho e vieram na minha direção. Eu não era a melhor das atrizes, não chegava nem perto de ser uma amadora, mas havia vidas em riscos e eu podia fingir um desmaio. Coloquei minha melhor cara de doente, rezei para conseguir empalidecer um pouco e todo meu corpo ficou mole.

- O que ela tem? – perguntou Clemency vindo até a minha cadeira.

- Eu não sei. – respondeu Clara. – Ela começou a se sentir tonta e disse que ia desmaiar.

- Não a deixe desmaiar! – ordenou Ambika se unindo a irmã. – Preciso dela em pleno funcionamento para tirar o Coração.

Clemency tocou meu rosto e sua mão quente contra a minha pele fez com que gotas de suor brotassem na minha testa apenas intensificando a farsa. Fechei meus olhos e deixei meu corpo desabar contra as cordas que me mantinham sentada.

Senti as cordas sendo desamarradas do meu corpo e fui erguida por braços finos e fortes. Uma das bruxas me carregou pela sala e fui deitada em uma mesa de pedra fria. Uma toalha gelada tocou meu rosto e recebi dois tapinhas no rosto.

- Não podemos acordá-la com magia? – perguntou Clemency que parecia estar muito próxima do meu rosto.

- Não, preciso do corpo dela com apenas a própria magia. Ela é metade humana, daqui a pouco vai recuperar os sentidos sozinhas. – resmungou Ambika.

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