23- "Você me deixa confusa"

5.8K 507 24
                                    

Passei a noite no castelo depois de receber aquelas noticias. Eu não sabia como voltar para casa e explicar para mamãe que possivelmente eu viria a ser assassinada porque meu coração era o ingrediente final de uma poção para dominação de todas as Dimensões. Entretanto, dormi no castelo não mudou a freqüência em que meus sonhos aconteciam.

Igual em todas as noites, o dragão responsável pela morte da minha mãe veio me visitar e mais uma vez acordei sentindo o sangue quente da minha progenitora entre meus dedos.

Abri os olhos na escuridão e respirei fundo. Minhas mãos estavam limpas apesar do suor.

Um movimento no vão escuro ao lado da minha cama fez com que meu corpo ficasse tenso, agarrei os lençóis com as mãos e procurei na escuridão o que havia sido aquilo. Um feixe de luz fraca da lua entrou pela janela e algo vermelho cintilou sobre a minha cama. Uma mão branca, com um anel vermelho fez meu sangue gelar e um grito de horror escapar dos meus lábios. Eu não conseguia ver de quem era aquela mão, mas alguma coisa naquela joia vermelha fez meu coração disparar e minhas mãos tremerem sem parar.

A luz do quarto foi acessa tão repentinamente que machucaram os meus olhos. Senti o perfume da pessoa antes de ver quem era. A mão de Guilherme pousou no meu ombro e abri os olhos para encarar um par de olhos preocupados.

- O que houve?

- Eu não sei. – respondi balançando a cabeça, tentando entender o que havia acontecido.

- Pesadelo? – perguntou sentando ao meu lado.

- Também. – assenti afastando meus cabelos do rosto. – Eu... Tinha... Meu Deus...

Eu não conseguia formar as frases. Eu queria dizer que tinha alguém no quarto, queria avisar que alguém havia entrado no meu quarto e havia me assustado. Queria contar porque estava tão nervosa, mas as palavras não saiam dos meus lábios.

- Está tudo bem. – disse Guilherme abraçando os meus ombros.

Antes que eu percebesse, meu rosto estava escondido nos ombros dele e meu corpo sacudia com soluços que dominavam meu peito.

Guilherme continuou com o braço envolta do meu corpo, segurando-me firme e passando a sensação de segurança que eu precisava no momento. Aos poucos, os soluços começaram a desaparecer e minha respiração voltou ao normal. Mesmo depois de parar de chorar continuei com o rosto enterrado no ombro dele, eu precisava de um apoio que eu não sabia precisar.

Lentamente o sono e o cansaço começaram a tomar conta de mim e fechei os olhos sentindo o coração de Guilherme batendo contra o meu peito. Uma das mãos dele começou a fazer um caminho pelas minhas costas, descendo e subindo, transformando minha respiração ainda um pouco acelerada em algo continuo e calmo. Senti meu corpo sendo deitado na cama e os braços de Guilherme me abandonaram. E foi nesse segundo que abri os olhos sentindo todo o terro anterior. Eu não queria ficar sozinha naquele quarto.

- Tudo bem? – perguntou Guilherme parado próximo a porta.

- Não me deixe aqui sozinha. – pedi sentando na cama.

- O que houve? – perguntou se aproximando da cama mais uma vez.

- Tinha alguém no quarto. – revelei.

- Alguém? Como alguém entraria aqui?

- Eu não sei. Eu não sei quem é. – senti meus olhos enchendo-se de lágrimas de novo. – Eu vi apenas uma mão com um anel. Um anel que parecia ter uma pedra preenchida com sangue.

O cenho de Guilherme se franziu e a expressão que tomou conta do rosto dele em seguida fez meu sangue gelar. A imagem de uma mulher ruiva de cabelos compridos e olhos violetas tomou conta da mente dele. Quem era essa mulher? E por que ela estaria no meu quarto no meio da noite?

Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora