31 - Incompleta

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- Sou eu! – anunciou Clara erguendo as mãos para mostrar que não faria mal.

- Desculpe, pensei que fosse alguém que eu não conhecesse. Ou alguma coisa. – desculpei-me abaixando a flecha e parando ao seu lado.

- Está tudo bem. – disse segurando seu arco e flecha na defensiva também.

Um novo estrondo fez com que nos virássemos na direção do som e depois nos encarássemos confusa.

- O que são esses estrondos? – perguntei olhando em volta.

- Eu não sei. Vamos descobrir. – respondeu e saímos andando na direção em que o som veio.

Quando chegamos ao primeiro andar outro estrondo, muito mais alto que os dois primeiros, irrompeu pelo ar e fez as paredes tremerem um pouco.

Senti um perfume familiar e franzi o cenho. Quantas pessoas poderiam usar o mesmo perfume? Inúmeras, conclui avançando em direção a porta de entrada.

Mais um estrondo e dessa vez houve rachaduras pequenas na estrutura do castelo. Senti meu coração acelerar ao perceber que eu estava perto demais do que seria decisivo. Meu instinto humano me dizia para fugir, mas a parte da magia que corria no meu sangue me impulsionava em direção ao decisivo. Foi ali, vendo as rachaduras se formarem na parede do castelo que percebi qual parte de mim era responsável pelas encrencas em que me metia. A parte mágica não era confiável.

Clara abriu a porta e me deu passagem, assim que a cruzei com o arco e flecha preparado atirar, meus olhos se arregalaram.

Estimado leitor, se você chegou até que já teve ter feitos suas suposições de quem era o vilão principal desta história, não posso dizer que você acertou ou errou porque não tenho o poder de ler sua mente do outro lado da página, mas posso afirmar que eu não esperava o que encontrei do lado de fora do castelo. O choque só não me fez cair dura no chão porque a adrenalina no meu corpo era tanta que meus dedos formigavam com a magia. Sem perceber, abaixei o arco e caminhei sem tirar os olhos da pessoa a minha frente.

Nas poucas vezes em que me permiti imaginar quem seria meu tal inimigo mortal, eu havia imaginado mais para algo do tipo: moreno alto com uma cicatriz que ia do queixo até a sobrancelha esquerda, com cara de mal usando um manto preto ou vermelho, qualquer coisa que demonstrasse seu lado cruel, mas o que estava na minha frente era o contrario disso.

O rosto não tinha uma única cicatriz, os olhos castanhos eram mais que familiares e o cabelo loiro rebeldemente bagunçado fez com que meu coração disparasse.

- Thales? – perguntei quando parei na sua frente.

Perceberam por que meu imenso choque?

- Olá, Princesa. – respondeu com a voz rouca e levemente sedutora.

- Vocês se conhecem? – perguntou papai ainda apontando uma arma para Thales.

- Ex-namorado. – expliquei dando de ombros e olhando para ele confusa.

Outro estrondo muito mais alto que os anteriores fez com que me abaixasse por instinto, mesmo não tendo nada que pudesse cair na minha cabeça. Quando o barulho desapareceu, me mantive ereta, olhando nos olhos de Thales. Ele tinha um sorriso malévolo no rosto e nos olhos, aquele sorriso me fez ficar arrepiada. Nunca havia o visto sorrir daquele jeito, nem mesmo quando ele aprontava as suas na época de escola.

- Quantos ex-namorados você teve, afinal? – perguntou alguém atrás de mim.

- Isso não é relevante. – respondi e encarei Thales avaliando sua expressão.

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