29 - Acabou o tempo

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- Declan, por favor, me dê um tempo. Minha cabeça parece que vai explodir. – pedi fechando os olhos com força e pressionando minha testa.

- Alie, nós precisamos ir. – disse mais uma vez.

- Só mais uma noite e amanhã cedo nós vamos. – falei virando no sofá mais uma vez.

Duas semanas inteira na Terra haviam feito eu lembrar de como a correria de Los Angeles às vezes poderia ser horrível. Os carros buzinando a todo o momento, as motos com seus sons estridentes, as baladas até tarde próximas de casa, e ainda tinha o choro da Revin que não parava desde que ficara comigo para Brina e Otavio pudessem estudar – no fim, eu acabara passando na casa de Brina quase todos os dias para pegar Revin enquanto os pais estudavam, havia cuidado dela bem mais do que apenas os dois dias combinados. Tudo isso junto poderia ser um ótimo causador de dores de cabeça, e Declan que estava me perturbando fazia dois dias para que voltássemos para Squamaeigrae também não colaborava para diminuir minha dor de cabeça.

- Alie, você disse isso na noite passada.

- Na noite passada eu não sabia que minha cabeça iria parecer que pode explodir a qualquer momento. – respondi e coloquei um travesseiro em cima da minha cabeça. – Acho que vou me matar para ver se passa.

- Deixe de drama, tome um remédio e já vai melhorar. – falou pegando o travesseiro.

- Eu já tomei três, mas um daqueles remédios e eu vou ter uma overdose. – falei e sentei no sofá. – Prometo que amanhã cedo nós vamos.

- Já estou muito tempo fora, querida, aquilo lá já deve ter se tornado uma confusão.

- Sua mãe está lá, tenho certeza de que ela está cuidando de tudo.

- Mamãe não sabe nem da metade dos nossos problemas.

- Mais uma noite e a dimensão não irá se acabar.

Declan estava prestes a responder quando Revin começou a chorar alto. Fechei os olhos com força e rezei para que minha cabeça não explodisse, levantei do sofá e comecei a subir as escadas parecendo que me dirigia para a forca. Entrei no meu quarto e peguei Revin no colo, tentando niná-la. Se ela dormisse até a hora em que Otavio viesse buscá-la seria ótimo para a minha cabeça.

Declan entrou no quarto e estendeu os braços para que eu entregasse Revin para ele, suspirei de alivio e coloquei a menina nos seus braços, dando um beijo no seu rosto e depois saindo do quarto, indo outra vez para a sala onde eu estava "acampada" desde que minha cabeça começara a doer pela manhã. Deitei no sofá e puxei os cobertores para cima, quando eu estava começando a pegar no sono e Revin já havia se calado, a campainha tocou.

- Está aberta! – gritei sem levantar.

- O que está fazendo ai, Alie? Onde está minha filha? – perguntou Otavio entrando na sala e me observando deitada.

- Minha cabeça parece que vai explodir. Revin está no meu quarto com Declan, ele estava tentando a fazer parar de chorar. – respondi.

- Já tomou algum remédio?

- Três.

- Durma e você irá melhorar. – disse me dando um beijo na testa e subindo as escadas para o meu quarto.

- É o que espero. – murmurei e voltei a fechar os olhos.

Ouvi o murmuro baixo da conversa curta de Declan e Otavio e depois os dois descendo as escadas. Ouvi quando Declan se despediu de Otavio e depois fechou a porta. Uma das mãos de Declan tocou meu ombro coberto pelo cobertor me fazendo abrir os olhos para ele.

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