30 - Um Conde?

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Eu podia estar tomando as rédeas da minha vida novamente, mas eu não estava preparada para o dia que, em meio a uma aula de magia, Guilherme fez um pedido com um sorriso constrangido e os rosto levemente corado. Eu não sabia como dizer não aquilo.

- O que acha de sair para jantar? – perguntou quebrando minha concentração.

- Jantar? – falei parando o que estava fazendo e olhando para ele. – Estamos no meio da manhã.

- Estava pensando mais em eu e você sairmos para jantar qualquer dia. – disse coçando o queixo distraído.

Senti um sorriso se formando no meu rosto e fechei o livro que estava estudando antes de dizer:

- Está me convidando para um encontro, milorde?

- Acredito que sim, Vossa Alteza. – respondeu revirando os olhos.

- O que meu pai, o Rei, vai pensar disso? – questionei usando meu mais inocente olhar.

- Acredito que podemos manter isso escondido dele.

- Está sugerindo que eu minta para o meu pai, milorde? – falei arregalando os olhos e fingindo estar chocada.

- Estou sugerindo apenas que ele não precisa saber. – ele sorriu e pegou minha mão sobre a mesa. – Prometo ser um cavalheiro, Alie.

- Tudo bem. – concordei deixando que ele aquecesse minha mão com a sua.


Alguns dias depois, por mais estranho que parecesse, eu estava com as mãos suadas abrindo a porta da minha casa para Guilherme. Ele podia simplesmente ter atravessado a esfera no meio da minha sala de estar, mas ao que parece aquilo não servia para um encontro. Ele era um cara tradicional.

- Oi. – falei abrindo a porta e sorrindo sem jeito.

- Você está linda. – comentou deixando os olhos percorrem o vestido preto simples e os saltos vermelho.

- Obrigada. – agradeci aceitando o buquê de rosas azuis que ele estendeu na minha direção. Enfiei o rosto entre as pétalas macias e sorri divertida para ele. – Tem um motivo para as rosas serem azuis?

- Elas me lembram você. – ele deu de ombros e levou as mãos aos bolsos da calça social.

- Por causa do Coração Azul? – questionei fazendo sinal para que ele entrasse.

- Não. Porque elas se destacam no meio das outras flores.

Eu não sabia o que responder aquilo. Já havia virado um habito a cor azul ser associada a minha pessoa em Fantasiverden devido ao meu símbolo e o que eu era, da mesma forma como o vermelho era associado a Clara devido a Estrela Vermelha que havia sido designada à ela no nascimento. Era a primeira vez que algo relacionava a cor azul pela pessoa que eu era e não pelo símbolo que carregava.

- Obrigada. – respondi mais uma vez e escondi meu sorriso contente atrás das pétalas.

Eu estava prestes a procurar um vaso para as flores quando Guilherme pigarreou atrás de mim e ergueu uma sobrancelha questionadora.

- O quê? – perguntei sem entender.

- Por que não faz aparecer um vaso? – sugeriu como quem não quer nada.

- Até no encontro você lembra que é meu professor. – resmunguei revirando os olhos.

- Você consegue, Alteza. – incentivou segurando as rosas.

- Com uma condição. – falei me aproximando dele e ajeitando as lapelas do smoking.

- Qual?

- Que, apenas por essa noite, você esqueça que sou sua aluna e sua Princesa.

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