12 - Bufo spinosus

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O caminho para casa foi em um silêncio incomodado e observador. Declan cavalgava dois passos atrás de mim e eu podia sentir seus olhos nas minhas costas a cada mínimo movimento do cavalo. Minha vontade era virar para trás e arremessar uma pedra nele, mas eu sabia que papai não iria aprovar essa atitude e havia um possível publico a cada passo que dávamos.

A estrada em direção ao castelo estava mais movimentada do que quando saímos. Eu podia ver carroças de fornecedores e pessoas passando a cavalo em uma freqüência maior do que o normal. Era sempre assim quando alguém descobria que havia alguém da realeza passeando por aí.

Eu acenava quando as pessoas me cumprimentavam e sorria gentil para todos que olhassem na minha direção. Eu podia não querer assumir o governo de nenhum lugar, mas isso não excluía a minha educação.

Assim que entramos nos portões do castelo, Declan colocou seu cavalo parelho ao meu e comentou:

- Parece que as pessoas gostam bastante de você por aqui.

- Pessoas demais me odeiam, faço o que posso para que os outros não me odeiem também. – respondi sem muita emoção.

- Você não parece se esforçar para que eu goste de você.

- Muito observador. – resmunguei.

- Desde pequeno. – respondeu com um sorriso condescendente. – Não respondeu minha pergunta.

- Você fez uma?

- Ficou implícita. – ele deu de ombros e ergui uma sobrancelha enquanto desmontava de Juvel. - Você quer que eu odeie você?

- Você sabe a resposta.

- Acredito que sim, mas preferia ouvi-la de você.

- Não odeio você. – suspirei entregando Juvel para um dos cuidadores. – Mas também não gosto de você. Preferiria que você pegasse seus nobres e tudo mais e voltasse para o seu reino.

- Então você não me odeia. – concluiu com um sorriso vitorioso.

- Você não ouviu o resto? Estou tentando ser educada aqui, mas deixe-me falar de uma forma que você vai entender: prefiro beijar uma cascavel do que me casar com você. – falei perdendo minha paciência e passando ao seu lado, mas ele segurou meu braço, impedindo-me. – Pensando bem, talvez eu odeie você um pouco. Você devia me odiar para equilibrarmos a briga.

- Não estamos em uma briga. – falou afastando meus cabelos do rosto. – Se estivéssemos em uma briga, eu a ganharia de qualquer forma.

- Já avisei que não quero que me toque. – avisei afastando sua mão lentamente dos meus cabelos.

- O que você vai fazer se eu tocar? Irá me transformar em um sapo? – debochou estendendo a outra mão em direção aos meus cabelos.

- Não me tente, senhor Rocci.

- Ou talvez você possa me parar com uma espada. – sugeriu dando um passo na minha direção e deixando nossos corpos muito próximos.

- Você está avisado, Declan. Qualquer coisa que possa acontecer a você será somente culpa sua por ultrapassar os limites. – avisei recuando um passo quando ele deu mais um na minha direção.

- Não acredito que se passe dos limites com uma mulher que não os impõe explicitamente. – respondeu e com uma mão me puxou pela cintura.

- Declan, me solte. – falei tentando me soltar.

- Talvez depois de um beijo você veja que me odiar não vai levá-la a lugar nenhum.

- Você não é louco de tentar.

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