1 - Eu não falei para vocês?

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Bem, querido leitor, como vocês podem ver, o fim de Ambika não necessariamente foi o fim desta história. Era de se esperar que após a morte da mais temida vilã de Fantasiverden as coisas se acalmassem, mas não foi bem isso que aconteceu. Minha vida parece ter virado um turbilhão de conflitos e confusões que não posso deixar de contar para vocês. Mas por que começar pela parte ruim? Não é muito agradável, certo? Desta forma, vou contar para vocês o que veio a seguir do meu ato heroico de assassinar uma bruxa.

E como vocês já sabem, minha família é a realeza e como toda boa realeza, qualquer vitória é motivo para uma festa. E não foi diferente desta vez.

Eu não sabia ser possível organizar uma festa tão rapidamente. Tia Bea parecia ter um plano minutos após voltar ao castelo. Os empregados e guardas não paravam de correr de um lado para o outro organizando coisas e montando planos de segurança para aquela noite. O cheiro de comida circundava todo o andar inferior do castelo e percebi que apesar de não ter sido alimentada da forma correta durante meu cativeiro, eu não sentia a mínima fome.

Tudo que eu queria era deitar na minha cama aconchegada contra o peito de Guilherme e deixar toda a exaustão e adrenalina daqueles últimos dias irem embora.

Tia Bea pensava diferente.

Assim que saí do banho imaginando o restante da minha noite, fui surpreendida por uma rainha muito sorridente segurando um vestido azul-celeste nas mãos. Era um vestido magnífico – não tinha como negar isso -, porém, eu não queria entrar nele naquele dia.

Meia hora depois eu estava vestida, maquiada e as mãos velozes da irmã do meu pai trançava o meu cabelo.

Quando eu estava quase pronta, soou uma batida na porta e a cabeça de Guilherme surgiu no vão que se abriu.

- Como estão as coisas por aqui? – perguntou com um sorriso.

- Estou dando os toques finais. – respondeu tia Bea puxando de leve as mechas da trança. – Vejo você lá embaixo, querida. – finalizou beijando meus cabelos e saindo.

Guilherme entrou no quarto e deixei a penteadeira para trás, indo na direção dele. Ele estava lindo. Com a roupa formal, todo aquele traje social completo, com as medalhas que havia recebido ao longo da vida mostrando sua importância para Fantasiverden. Ele estava simplesmente deslumbrante.

- Como estão os machucados? – perguntei correndo a mão pela manga do seu casaco até alcançar sua pulso.

- Estou vivo e você também. É isso que importa. – ele moveu o pulso, escorregando minha mão para dentro da dele e sorriu. – Como está se sentindo?

- Tudo que eu queria era deitar na cama com você e dormir. – revelei apoiando meu rosto no seu peito.

- Bem, podemos fugir mais cedo da festa. – sugeriu com um sorriso na voz.

- Quão grande é a festa?

- Gigantesca até para os nosso padrões. – respondeu começando a me puxar para fora do quarto.

- Oh, não! – falei com pavor.

- Qual é, Alie! Pensei que você adorasse multidões e festas. – provocou enquanto me puxava para as escadas.

- E adoro, mas não quando sou o centro delas. – respondi descendo os degraus, hesitante.

- Você sempre é o centro delas, meu amor. – respondeu e fomos para o meio da multidão que dançava alegremente.

O castelo que sempre me pareceu grande demais, agora me parecia pequeno demais. Havia pessoas por todos os lugares e não apenas pessoas como outros tipos de seres místicos imagináveis. Como sempre acontecia nas festas do castelo, às crianças corriam de um lado para o outro entre os adultos, se escondendo atrás de saias rodadas das mulheres e das pernas dos homens. Todos estavam parecendo se divertir.

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