6 - Sob ataque

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- Vou explicar quando estivermos seguro. – respondeu Guilherme afastando-se de Clara e pegando meu braço. – Nosso passeio terá que ser adiado.

Fui basicamente arrastada pelos corredores do castelo e pelas escadas. Ele não estava sendo grosseiro ou rude, apenas estava com pressa e parecia muito preocupado com alguma coisa que eu desconhecia.

Eu estava louca para perguntar para onde estávamos indo e o que estava acontecendo, quando ele parou abruptamente aos pés da escada e começou a procurar algo nos bolsos da calça.

- Está tudo bem? – perguntei observando-o atentamente.

- Achei! – ele ergueu um anel brilhante que estendeu na minha direção. – Sei que seu dia está sendo tumultuado e que você tem que absorver muita coisa, mas isso é essencial para você nesse momento.

- Não estou entendendo nada. – comentei enquanto ele agarrava minha mão e colocava o anel no meu dedo indicador.

- Esse anel é mágico. – explicou apontando para a pedra rosa no centro. – Sempre que estiver em perigo você deve apertar essa pedra.

- E eu estou em perigo nesse momento? – questionei analisando a joia.

- Sem duvida nenhuma.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, apertei na pedra cor de rosa e olhei espantada para a espada que estava em minhas mãos. Ela era linda. A lâmina prateada reluzia contra a luz e era tão afiada que ficava difícil distinguir onde uma extremidade acabava e a outra iniciava. O cabo era brilhoso e com uma enorme pedra cor de rosa no centro. A espada era maravilhosa, mas...

- O que eu vou fazer com uma espada?

- Usá-la. – sugeriu Guilherme com um dar de ombros.

- Nunca segurei uma na minha vida, você acha que eu vou saber usá-la? – perguntei com ironia.

- Você consegue. – foi à resposta simples que recebi antes do polegar de Guilherme pousar sobre o meu e pressionar a pedra cor de rosa. – E é desse jeito que você deve guardá-la.

Acenei em entendimento e Guilherme fez sinal para que o seguisse. Corremos alguns lances de escada até que um estrondo ensurdecedor fez com que eu parasse na metade do caminho.

Eu não devia ter parado e muito menos olhado para trás, mas o ser humano, ás vezes, é um animal burro e tudo que eu não devia ter feito, foi exatamente o que eu fiz.

Antes de poder ter qualquer reação, fui lançada no ar como se fosse uma boneca de pano. Senti o vento cortar minha pele e o peso do vestido me puxar para baixo. Era naquele momento que achei que nunca mais iria voltar a ver o mundo. Antes de tocar o chão e, provavelmente, perder o movimento das pernas para sempre, me senti flutuar como em uma nuvem em direção a um par de braços moreno e musculoso.

Sem tempo para qualquer outro tipo de reação, Guilherme me colocou no chão e puxou-me o mais forte possível escada acima. Corri o máximo que conseguia. Eu não era a pessoa mais atlética do mundo e muito menos uma maratonista, mas correr de salto alto e um vestido longo, definitivamente, não era a melhor forma de fugir de algo que queria a sua morte.

Continuamos subindo pelo que pareceu uma eternidade, mas pela nossa localização não devia ter sido mais de alguns segundos. Minhas coxas estavam ardendo com o esforço do exercício e meu coração estava tão acelerado que eu estava com medo que ele saísse do peito.

- O que era aquilo? – gritei sem fôlego na direção do homem que me arrastava escada à cima.

Definitivamente, aquela coisa não era algo bom. A pele esverdeada e as crateras que pareciam projetar-se da sua pele, não era algo confiável. Os olhos brancos sem profundidade e as mãos grudentas eram simplesmente nojentas. Eu ainda podia sentir a gosma que suas mãos haviam deixado no vestido.

Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora