15 - Reencontros

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Por fim, não haviam encontrado nada. Era a segunda vez que o alarme disparava, mas nada era encontrado e aquilo estava deixando todo mundo tenso. Era perceptível na postura de tia Bea que ela não estava gostando nem um pouco dessa situação e Ramon estava constantemente olhando pela janela e sobre os ombros a procura de qualquer sinal que indicasse algo fora do comum.

Havia algumas regras a serem seguidas quando se passava os portões do castelo e uma delas era referente à magia. Da mesma forma como as pessoas não podiam entrar armadas na Casa Branca, o castelo era protegido de magias não-identificadas. Pessoas que não tivesse a "impressão digital" da sua magia cadastrada nesse alarme mágico, não podiam praticar nenhuma forma de magia. E era isso que estava acontecendo e não estavam encontrando quem era o responsável por isso.

Depois das buscas exaustivas feitas pelos guardas em cada canto do interior e exterior do castelo, finalmente, fui deixada a sós para aproveitar a minha própria companhia. Tranquei-me no quarto e fiquei meditando sobre a discussão com Guilherme mais cedo.

Havia algo entre nós de verdade? Por que eu sentia que havia muito mais do que apenas aquela tensão sexual contida? Era complicado, isso era uma verdade que eu não podia negar. Eu não o conhecia o suficiente para saber o que era verdade no que ele dizia, mas era possível ver nos seus olhos que ele não mentia quando falava que era complicado. E também havia a minha prima.

Ela podia não gostar de mim, podíamos não ter uma amizade ou qualquer tipo de relação amistosa, mas eu não era o tipo de garota que pegava o namorado das outras. Já havia feito isso? Já havia dado uns beijos em um garoto apenas porque a namorada dele era uma ridícula com Brina e esse era o único modo dela entender que ninguém mexia com os meus amigos, mas nunca havia tido um interesse real em caras comprometidos. E por que Guilherme mexia tanto comigo se ele estava nessa categoria?

- Olá, Alteza.

Dei um pulo na cama e soltei um grito assustado. Eu ia demorar a me acostumar com as aparições repentinas e com o fato da gata falar de verdade.

- Olá, Cheshire. – cumprimentei a felina roxa que estava sentada pacificamente na minha cama.

- Sonhando acorda? – perguntou lambendo uma pata como quem não quer nada.

- Refletindo sobre a vida. – dei de ombros e sentei ao seu lado.

- Guilherme está no meio dos seus pensamentos?

- Você lê mentes? – brinquei coçando atrás da sua orelha.

- Vi vocês saindo de mansinho essa madrugada.

- Não estávamos saindo de mansinho. – protestei. – Fomos dar uma volta.

- Clara não deve ter gostado nada disso.

- Se ela falasse comigo talvez eu soubesse a resposta.

- Clara não gosta de ninguém.

- Você sabe sobre Clara e Guilherme?

- Eu sei sobre tudo e todos nesse castelo, Alteza. – ela espreguiçou-se antes de rolar pela cama e achar uma posição confortável. – O que você quer saber?

- Que tipo de relacionamento eles tem?

- Não o tipo que Clara gostaria. – respondeu rolando de um lado para o outro. – Eles não namoram oficialmente. Clara é alguns anos mais nova que Guilherme, mas eles cresceram juntos. Ele sempre a protegeu e ela sempre fez todas as vontades dele. Quando ficaram mais velhos, envolveram-se em algo mais sério, mas nada mais do que físico. Clara é apaixonada por ele desde pequena, Guilherme gosta dela como se gosta de uma prima.

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