Capítulo 3 - Três

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Eu já estava produzida. Eu nunca tinha visto um vestido tão bonito quanto aquele, valia cada centavo que eu havia gasto do dinheiro de Devon. Seu material era levemente transparente em um tom majestoso de branco, sendo trabalhado em cristais por toda extensão, deixando partes como seios e bunda cobertos pela pedraria brilhante mesmo com a transparecia do tecido. O mesmo era frente única, com uma fina alça de pedraria que se amarrava em meu pescoço. Na parte de trás ele começava no final da cintura, deixando minhas costas nua. Meu cabelo estava para o lado direito com suaves ondas, modelando meus longos fios. Coloquei a máscara, que apenas valorizou minha maquiagem de tons claros e brilhante, dando ênfase no batom vermelho que destoava de toda paleta neutra que eu estava usando.

A porta estava entreaberta e eu sentia que alguém estava olhando. Engoli em seco e terminei de calçar os sapatos de salto, a sensação de ser observada apenas se intensificava. Algo me dizia quem estava à espreita, eu podia sentir seu perfume doce invadindo aos poucos o quarto. Devon saiu do banheiro e eu soltei um longo suspiro, dando-me conta da situação. Ele estava verdadeiramente bonito. Engoli em seco o vendo olhar-me de cima a baixo, ele me olhou de cima à baixo, ficando em silencio absoluto. Me aproximei e terminei de arrumar sua gola, cuidadosamente. Ele cerrou os olhos e mediu cada movimento que eu fazia. Esbocei um sorriso genuíno e aproximei meus lábios de seu ouvido, sentindo seu perfume tomar completamente meus pulmões, fazendo-me esquecer momentaneamente de tudo à minha volta.

-Margot está olhando. – Sussurrei, enfatizando com um beijo suave em sua bochecha, para que não ficasse marca alguma. O perfume de Margot estava me deixando enjoada, se misturando com o de Devon.

-Você está linda...– Ele disse rouco, acariciando meu rosto com as costas dos dedos. Pude sentir sua mão escorregar do meu rosto até minha cintura em um carinho estendido, apertando suavemente o local. Tentei manter minha respiração calma, mas não controlando as batidas fortes e desesperadas do meu coração. – É difícil te ver assim e não podermos fazer nada... É torturante me conter desse jeito... – Ele disse encarando meus lábios. Minha bunda talvez fosse o que me fez conseguir o emprego na boate, então era nítido a atenção que sempre chamava. Sua mão escorregou perversamente do meu quadril até minhas costas, descendo-a em direção à minha bunda. Eu estava de costas para a porta, então não contive minha reação de espanto.

-Não precisa se conter, nós temos um tempo antes de sermos chamados. – Usei meu tom de voz baixo e sedutor, mas alto o suficiente para Margot ouvir. Pude ver o sorriso brotar no rosto de Devon.

-Devon! Sua mãe está chamando, estamos atrasados. – Margot empurrou a porta do quarto, praticamente derrubando-a. Me virei e pude vê-la com um olhar de ódio sobre mim, ele estava quase se personificando. Sorri inocente para a mulher, desviando o olhar apenas para segurar a mão de Devon e resgatar minha bolsa que descansava sobre a cama. Margot saiu disparada na frente, era nítido sua irritação. Devon parou bruscamente, estávamos no meio do corredor, me fazendo soltar um pequeno ruído de susto e cambalear para trás desajeitadamente.

-Você está me impressionando. – Ele se inclinou para o lado, sussurrando em meu ouvido.

-Não tenta pegar na minha bunda de novo, ou quebro sua mão acidentalmente. – Esbocei um sorriso e lhe dei uma piscadela. Devon sorriu e pela primeira vez mostrando os dentes, que eram brancos e alinhados.

-Espero que a senhorita saiba dançar... – Ele voltou a sussurrar, lançando-me uma piscadela. Assenti veemente, voltando à acompanha-lo pelo corredor.

Desci as escadas em sua companhia. O pai e a mãe de Devon nos esperavam próximos à porta principal. Eles conversavam animadamente, mas todos se calaram e nos observaram descer as escadas, completamente maravilhados. Pude ver o olhar de desprezo de Margot, que cruzou os braços abaixo dos seios, ressaltando-os em seu decote até o umbigo. O vermelho de seu vestido era vivo e chamativo, assim como seu logo cabelo loiro. O irmão mais novo de Devon, Daniel, estava próximo a escada. Ele vestia um terno azul escuro com uma máscara preta, que cobria apenas metade do rosto. Pude ver seu olhar pairar sobre mim intensamente, chegava a queimar. Nos aproximamos dele, pude ver Devon medi-lo e cerrar os olhos. Seu olhar ainda estava sobre mim, seus lábios haviam se separado deixando-o boquiaberto me encarando. Devon estendeu a mão e passou o indicador no canto da boca do irmão, sem delicadeza.

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