Capitulo 32 - Trinta e dois

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-Estou vendo que está feliz em me ver irmãzinha. – Colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, desafiadora. Ela estava vendo minha irritação e ignorando-a. – Fazia um bom tempo que eu não enxergava tanto ódio nos seus olhos... – Ela sorriu, virando a cabeça de lado. Seus lábios estavam tomados por um batom vermelho escuro, seus olhos maquiados com um preto intenso. Era estranho enxergar beleza em alguém que era meu reflexo, mas não conseguir sentir o mesmo em relação a mim.

-Você é tão sínica que eu nem consigo mais me irritar... – Bufei, vendo-a dar de ombros.

-Soube que sua casa explodiu... Que coisa mais terrível... – Sua testa franziu e seu cenho demonstrou preocupação. Que eu não acreditei. – Não consegui te ver dês de então... Fiquei preocupada... Eu nem sabia onde você estava. – Suspirou. – O que aconteceu? – Acariciou meu rosto com as costas das mãos. Segurei sua mão com certa força e a afastei de uma vez do meu rosto.

-Você fez minha casa explodir Beatrice. – Pude ver seus olhos mudarem suavemente de cor, escurecendo, ao ser chamada por seu nome do meio, aquele que ela tanto odiava. Suas pupilas estavam levemente dilatadas e seus lábios comprimidos. Suas bochechas não tinham cor, o que me levou a reparar em sua palidez.

-Agora tudo de ruim que acontece com você acaba sendo culpa minha? – Riu sem humor. – O que eu tenho haver com a explosão da sua casa? – Cruzou os braços e deu um passo para trás. Rolei os olhos.

-A droga da pasta que você me instigou a abrir... Ela tinha um rastreador que fez com que minha casa explodisse assim que eles chegaram. – Também cruzei os braços, adotando uma postura defensiva. – Eu poderia ter morrido, sabia disso?

-Que pasta você está falando sua maluca? – Rolou os olhos, claramente irritada. – Aquela pasta tinha só uma fechadura ridícula, você abriria com um grampo de cabelo... – Riu sem humor.

-Que merda você está falando? – Respirei fundo. – Aquela pasta tinha um sistema complicado de verificação, além do rastreador interno ativável...– Balancei a cabeça negativamente, vendo-a agitada. – Você voltou a se drogar? – Puxei seu braço de uma vez, levantando a manga cumprida de seu vestido. Pude ver seus olhos arregalados.

-Tira a mão de mim. – Disse com a voz esganiçada, cambaleando para trás. – Aquela pasta que eu achei que você achou são documentos que provam a movimentação estranha da empresa há alguns anos atrás, desvio e lavagem de dinheiro... – Começou, completamente eufórica. – Além do comercio ilegal, de cocaína... – Respirou fundo. – Você reconheceria um traficante quando visse um, não? Trabalhou tanto tempo no laboratório da Narcóticos... – Engoli em seco, lembrando-me daquela época e de como fui chutada injustamente. – Eu vi seu marido conversando com aquele merda, ele saiu da prisão e está muito bravo a propósito. – Se aproximou, diminuindo o tom de voz. – Eu descobri que aquele cara que estava roubando do laboratório do DEA, e eu impedi, era parceiro de um Sartori com um par de olhos azuis irresistíveis... – Ela ajeitava a manga de seu vestido descontroladamente. Jenna falava sobre o mesmo homem que havia invadido minha casa, e que acabou tomando dois tiros e indo para a prisão. O mesmo cara que causou minha demissão, junto à Jenna. Um rosto familiar pairou em minha mente. Me lembrei vagamente do dia no hospital que Devon me contou dos malfeitos do próprio irmão, ele tinha os mesmos olhos azuis que meu marido. – Eles estavam conversando ao lado de uma van preta esquisita... – Engoli em seco. Mais uma lembrança dolorosa me invadiu, dessa vez foi a do dia da galeria, que fomos perseguidos por uma maldita van. – Já se perguntou o que um idiota faria com aqueles produtos químicos? Acho que ele nem sabia o que era... Parecia ser pau mandado de alguém.

-Refinar a cocaína... É um processo caro e demorado. – Concluí. – Deixar pura... Me lembro de ter analisado algumas amostras de um tipo em especifico naquela época. – Ajeitei minha postura, sentindo minha barriga doer. – Eles estavam atrás de um homem que produzia esse tipo de cocaína... Ele tinha uma marca registrada, nos lotes achados tinha um tipo de brasão... Assinatura, não sei...

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora