Capitulo 29 - Vinte e nove.

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Caminhei, silenciosamente, pelo corredor que interligava as cabanas. O sol brilhava intensamente, mas o clima frio ainda se perpetuava. Devon tinha ficado em uma das cabanas mais afastadas. A quantidade de arvores ia ficando maior e o ar mais perfumado. Cogitei a ideia de pedir para mudar de quarto, apenas por conta da vista incrível que o amontoado de carvalho proporcionava. À medida que fui me aproximando de sua porta vi uma silhueta baixa e magra em frete. Parei abruptamente ao reconhecer a pessoa, era a garota da recepção. Ela estava apenas de biquíni, parecia impaciente. Minhas pernas simplesmente não me obedeciam mais. Me apoiei na pilastra ao meu lado, sentindo-me levemente fraca. Eu não precisava de mais uma decepção na minha lista. Pude vê-lo abrir a porta com um sorriso no rosto, mas ele logo se desfez ao colocar os olhos na garota. Meu coração disparou ao vê-lo apenas com uma toalha amarrada no quadril, baixa o suficiente para ver suas entradas. Rolei os olhos e cruzei os braços, querendo apenas correr dali. Certamente eles não estavam me vendo, eu desejava que não.

-Stacy? – Ele se apoiou no portal e coçou a cabeça, incomodado. – O que está fazendo aqui? Não devia estar na escola? – Brincou com um sorriso fraco nos lábios. Ela jogou o cabelo para trás e mordeu o lábio inferior, medindo-o. Naquele instante eu me senti incomodada, algo dentro de mim estava gritando.

-Que engraçadinho... Já terminei a escola... – Ela deu de ombros e sorriu de lado, ainda observando seu abdome. Eu não a culparia, era incrível. – Você insinuou que queria uma companhia para a hidro...

-Acho que me expressei mal... – Ele sorriu, medindo-a.

Mas não é uma péssima ideia... O que você acha de aproveita-la juntos... – Ela deu um passo para frente, diminuindo o espaço entre ambos, e dedilhou o abdome definido de Devon. Respirei fundo e apertei mais os braços, que eu nem havia percebido que estavam cruzados, odiando-me por sentir ciúmes. Ele quase engasgou, mas logo se recuperou e segurou delicadamente a mão da mulher, afastando-a de seu corpo.

-Quantos anos você tem? – Ele disse, levemente alterado. Pareceu surpreso com toda a situação.

-Tenho dezoito... – Ela disse como se fosse obvio. – Não precisa se preocupar...

-Você é nove anos mais nova que eu, meu bem... – Ele a empurrou pelos ombros. – E eu atualmente não estou disponível, entende? – Ele levantou a mão esquerda, onde sua aliança ficava, e apontou para o dedo anelar. – Você é bonita, muito legal, mas é que...

-Não o suficiente para você? – Seu tom de voz mudou, ficando mais agudo. Ela cruzou os braços e adquiriu uma pose desafiadora. – Acha que você é muito para mim? – Devon fez uma careta e começou a rir.

-Olha, eu não estou interessado... – Deu-lhe uma piscadela e fechou a porta na cara da menina que abriu a boca em surpresa. Ela bufou e bateu o pé ruidosamente no chão, exatamente como uma criança emburrada. Saí de trás da pilastra e voltei a traçar meu caminho em direção à porta de Devon. Ela olhou de rabo de olho para mim, assim que nos cruzamos no caminho, e saiu pisando alto. Parei de frente à porta de Devon e bati algumas vezes. Ele abriu de uma vez, claramente sem paciência.

-Eu já disse que não estou intere... – Soou alto e sem nenhuma gentileza, mas logo se interrompeu ao colocar os olhos em mim.

-Tá bom bonitão... – Dei de ombros com um sorriso no rosto. Ele piscou algumas vezes e balançou discretamente a cabeça. – Me dá as chaves do carro, vou sair...

-Para onde? – Ele havia vestido uma de suas calças sociais pretas e uma camisa branca, sem abotoa-la.

-Não é da sua conta. – Cruzei os braços, vendo-o começar a abotoar a camisa.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora