Capítulo 45 - Quarenta e cinco

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Minha cabeça doía e um gosto amargo havia tomado conta da minha boca. Me apoiei na superfície macia em que eu estava e me impulsionei para cima, apoiando as costas em algo acolchoado atrás de mim.

-Está se sentindo melhor? – Devon disse baixo. Ele estava sentado próximo à mim na beirada da cama. Tua testa estava franzida e seus lábios comprimidos.

-Uhun... – Suspirei, ouvindo um zumbido continuo. – O que aconteceu?

-Sua pressão caiu, teve hipoglicemia. – Olhei em direção à porta, onde Noah estava parado. – Quando foi a ultima vez que comeu?

-Não sei... – Cocei a cabeça, confusa. O que Noah estava fazendo no meu quarto? – Como você...

-Seu marido me ligou, eu moro perto... – O estetoscópio azul estava pendurado em seu pescoço. – Está tomando os remédios que recomendei? Para anemia?

-Não... – Passei a mão em minha testa, enxugando as gotas de suor que haviam se instalado. – Tenho sido relapsa...

-Recomendo que os tome, para não agravar a situação... – Se aproximou. Devon levantou-se prontamente, dando espaço à Noah. Cheguei para o lado, vendo-o sentar-se na cama. – Vou colocar isso na suas costas. – Assenti, desencostando-me da cabeceira. – Respira bem fundo. – Eu o fiz, sentindo a dor em minha cabeça voltar a perturbar. – De novo. – O fiz, sentindo um peso excedente em meu peito. – Está fraca, mas bem... – Levantou-se. – Você precisa comer e tomar água, vai se sentir melhor em algumas horas...

-Não consigo pensar em nada para comer... – Encostei minha cabeça no estofado atrás de mim. – Só de pensar, eu quero vomitar...

-Faz parte do seu quadro de anemia, precisa comer... – Assenti. – Deixei prescrito novos suplementos, me liguem se acontecer alguma coisa.

-Obrigada Doutor Hendricks. – Devon disse firme. – Vou cuidar dela.

Uma sensação de peso estava instalada em meu peito, era como se algo estivesse prestes a acontecer.

-Obrigada Noah... – Soprei, vendo-o se afastar. Devon o levou até a porta, mas não demorou para voltar.

-Espero que esteja se sentindo melhor. – Seu tom casual havia sumido, e dado lugar à um seco e notoriamente duro tom de voz.

-Estou. – Me apoiei na mesinha de canto para me levantar, olhando-o de perto. – Vai apontar a arma novamente para mim?

-Se for preciso... – Soltou um discreto suspiro. Sua mandíbula estava contraída e tensionada. – Me diz o que quer de mim, talvez possamos nos ajudar finalmente...

-O que você quer dizer com isso?

-Não vou te prender Angelic...

-E eu não estava indo embora, eu só o faria se você quisesse...

-Não quero.. – Deu um passo em minha direção. Ele estava tão chateado quanto eu. Eu sabia o quão era péssimo ser passado para trás.

-Eu não vou a lugar algum Devon. – Me aproximei, olhando-o nos olhos. – Nunca tive a intenção de ir... – Minha garganta estava seca, assim como meus lábios. Minhas mãos tremulas.

-Eu acho que deixamos as coisas complicadas. – Pairei minhas mãos em seu peitoral. – Eu vou falar a verdade, espero que você se sinta convidada a fazer o mesmo. – Ele segurou em meu pulso e me afastou de seu corpo. – Eu precisava me casar, para conseguir inteiramente a presidência da empresa. – Me mediu. – Ele sabia que eu não pretendia fazer algo assim, não depois de tudo que aconteceu na minha vida amorosa, foi um jeito de me deixar na rédea. – Sorriu de lado. – Mas eu descobri sua intenção e me adiantei, com a sugestão de Gerard...

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