Capítulo 28 - Vinte e oito

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A porta da frente se abriu de uma vez, dando-me um baita susto. Desviei minha atenção dos papeis, olhando em direção à mesma. Uma garoa densa caía do lado de fora, seria uma daquelas tempestades que antecediam à uma grande quantidade de neve. Ele estava parado na porta, se sacudindo. Devon entrou na casa, seus olhos encontraram os meus e em seguida caminharam para a pasta e os estilhaços que voaram dela. Sua expressão calma se transformou em uma fração de segundo. Era como se ele tivesse visto algo terrível. Me levantei devagar, vendo-o dar passos curtos em minha direção.

-Você abriu.... – Ele gaguejou, a cor sumiu do seu rosto e suas mãos se tornaram tremulas. – Angel... – Ele deu um passo rápido em minha direção, parecia procurar algo entre os estilhaços no chão. – Vai para o carro.

-Não. – Indaguei, limpando meu rosto das lágrimas teimosas. – Não vou à lugar nenhum com você...

-Merda... – Soprou. Ele colocou a mão na cabeça e girou no lugar, parecia nervoso. – Quanto tempo? – Se virou para mim, seus olhos azuis estavam levemente escurecidos. – Há quanto tempo você abriu isso? – Ele apontou para o material preto aberto no sofá.

-Não sei... o que... – Disse confusa. Ele não parecia ligar para o fato deu ter visto os documentos.

-Mas que Droga. – Ele disse ríspido, pegando os papeis agressivamente da minha mão. – Não temos muito tempo, vai indo para o carro...

-Eu já disse. – Me levantei, caminhando para longe de Devon. – Não vou à lugar algum com você.... Você só mentiu para mim dês de que....

-Vai para o carro! – Ele praticamente berrou. – Angelic, vai para o carro! – Me encolhi, vendo-o enfiar todas os arquivos dentro de sua pasta sanfona. Ele sempre a levava para reuniões importantes, ela costumava ficar sobre a mesa de centro da sala quando ele a deixava em casa. – Me responde... Faz quanto tempo que você abriu essa merda?

-Não sei... Dez minutos.... – Gaguejei, sentindo novas lágrimas se formarem e embaçar minha visão.

-Temos cinco minutos para sair daqui, ou vamos morrer... – Ele colocou a pasta de baixo do braço e caminhou para fora da casa. Calcei meus sapatos ao lado da escada e cambaleei para trás, ficando próxima à janela e a porta. Pude ver Devon entrar no carro e liga-lo. – Você não vem? – Ele rosnou alto, parecia transtornado.

-Não vou à lugar algum com você... – Subi alguns degraus da escada, dando-o as costas.

-Por Deus... – Me virei e ouvi antes de ser puxada de uma vez pelas pernas, causando-me um desequilíbrio fatal. Devon me colocou sobre seu ombro e caminhou até o carro apressadamente. Senti a chuva cair sobre mim violentamente, tão dolorosa quanto suas mãos. Me debati e o soquei nas costas, sentindo uma leve pressão na cabeça com a posição.

-Me solta seu idiota... – Gritei.

Tentei espernear, mas ele segurava minhas pernas com uma força anormal. Devon abriu a porta do carro e me jogou no banco de trás, sem nenhuma delicadeza. Comecei a berrar, tentando me recuperar. Antes que eu pudesse reagir, e sair dali, o carro já estava em movimento, jogando-me para o espaço entre os bancos de trás e as costas dos da frente.

-Você está bem? – Me virei de barriga para cima, ainda caída.

-Vai se foder... – Rosnei.

Me levantei e sentei no banco de trás, com uma leve dor na cabeça. Eu havia batido no ferro do banco do motorista. Um barulho alto soou em nossos ouvidos. Me virei abruptamente para trás, assustada, olhando pelo vidro. Nossa casa estava em chamas, eu podia vê-la acesa entre a chuva forte e a neblina ficando para trás. Meu coração estava tão acelerado que eu pensei que explodiria.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora