Capítulo 16 - Dezesseis

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Sua mão estava protetoralmente no meio das minhas costas, conduzindo-me em uma leve e calma dança ao som de uma das minhas músicas favoritas. Robert segurou em minha mão e me girou suavemente, voltando a ficarmos na postura anterior.

-Senti sua falta. – Ele beijou suavemente minha testa. – Desculpa por não ter dado o jantar na minha casa... – Engoli em seco, sentindo a saliva cortar minha garganta. A culpa não era tão tragável assim. Mentir para todos era basicamente o que eu sempre fiz, mas nunca consegui realmente fazê-lo com meu pai. O amor dele era tão puro que me deixava enjoada só de pensar em engana-lo.

-Tá tudo bem. – Ele esboçou um sorriso genuíno. – Hampton... – Ele soltou um suspiro, tendo um sorriso nos lábios finos e delicados – É tão bonito quanto dizem. – Assenti, sabendo da escuridão que esse arquipélago poderia esconder. – A família do seu noivo é muito gentil.

-Eles são incríveis, fico feliz que tenha gostado. – Robert sorriu e assentiu. – O quadro que você me deu, coloquei na minha casa. Ficou muito bonito, como tudo que você faz.

-Vocês vão na minha exposição? – Abri um sorriso, de admiração e felicidade.

-Claro que vamos... – A sensação da saliva rasgando minha garganta voltou, o olhei com certa culpa. – Sei que você não vai gostar do que eu vou pedir, mas eu realmente preciso que faça isso por mim... Mais isso. – Meu tom estava consideravelmente baixo. Seu sorriso se desfez suavemente dando lugar à um olhar preocupado e receoso.

-O que foi querida? – Ele respondeu no mesmo tom de voz. Olhei discretamente para os lados, percebendo a ausência de ouvintes.

-Não fale nada sobre minha irmã, por favor... – Pude vê-lo diminuir o ritmo da dança, analisando meu rosto. – Ela já arruinou muito da minha vida, não preciso de mais isso para a conta.

-Como quiser. – Ele pigarreou e o sorriso discreto voltou para seus lábios. Era notório que ele não estava satisfeito em faze-lo, mas não diria não. – Só quero sua felicidade minha filha.

-Obrigada pai... – Mordi suavemente o lábio inferior. A música se findou e Robert beijou suavemente minha mão. – Vou pegar uma bebida.

Dei uma piscadela para meu pai, vendo a aproximação de Eleonor. Eles engataram em uma conversa animadora sobre arte, era bonito de ouvi-los dissertar sobre obras de artes. Senti um aperto no peito, provindo da culpa.

Até em um jantar intimo eles extrapolavam em luxo. Me aproximei do bar e pedi minha bebida, percebendo a silhueta de Devon se fazer presente. Não havíamos conversado dês da noite passada.

-Um assalto a mão armada... – Devon se debruçou no bar, olhando-me com incerteza. – Quantos segredos esse rostinho bonito esconde?

-Do que está falando? – Peguei o copo longilíneo e triangular que o garçom havia me servido, bebendo calmamente o liquido transparente dentro dele. O álcool descia reconfortante por minha garganta seca. Devon segurou em minha mão e me olhou nos olhos.

-Me acompanhe, senhorita Simmons... – Ele sugeriu, mais como uma ameaça do que um convite.

Caminhamos discretamente até o lado de fora, próximo ao jardim. Soltou minha mão e se aproximou perigosamente, fitando meu rosto com incerteza.

-Aquele homem não queria nos roubar... – Sua língua passou sobre os lábios, umedecendo-os

– A história que aquele imbecil me contou... – Ele balançou a cabeça negativamente. – Não colou, então você... – Apontou com o dedo indicador. – Anjo, vai me contar detalhadamente o que aconteceu na minha casa.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora