Capítulo 9 - Nove

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Eu havia dormido a tarde toda, já que não preguei os olhos durante à noite. Havíamos perdido a hora conversando em volta da fogueira e Devon me tirou da cama logo no amanhecer.

Eu pegaria o resquício de sol da tarde, o que ajudaria a tirar a palidez da minha pele. Caminhei descalça pela casa, sentindo a madeira limpa em meus pés. Desci suavemente as escadas que me levariam para o exterior, avistando a área da piscina. Todos haviam ido ao centro, segundo à mensagem de Devon, o que me daria mais algum tempo sozinha e aquecida pelo sol. Vesti um biquini branco, decidida a pelo menos tentar pegar uma cor. Me deitei sobre a cadeira de praia e tapei meu rosto com uma camiseta de Devon, que estava jogada ao meu lado na cama, que eu havia trago para baixo. Respirei profundamente o ar puro que a praia trazia, juntamente ao cheiro de cloro da piscina. Senti algo extremamente gelado em minha barriga, o liquido escorreu para os lados me fazendo arrepiar. Me sentei de uma vez, deixando a camisa sobre meu rosto cair. A silhueta de Margot estava parada ao meu lado. Ela segurava um copo de vidro vazio.

-Me desculpa... Como sou desastrada. – Me levantei da cadeira, ficando bem na sua frente. – Quase não te vi aqui, é tão pequenininha...

-Qual a necessidade disso? – Eu disse perplexa. Ela cruzou os braços e me olhou de cima à baixo. – Não precisamos ser inimigas... Isso é tão arcaico... – Cruzei os braços, sentindo minha barriga arder suavemente. Minha respiração havia ficado vacilante, pelo susto.

-O que te faz pensar que eu seria amiga de alguém como você? – Ela disse com nojo e deboche no tom de voz. – Quando ele cansar de brincar de casinha, vai voltar correndo para mim... Aquele pedido de casamento. – Ela jogou a cabeça para trás e soltou uma risada irônica. – Tão piegas... Nem parecia o Devon que me comia há um tempo atrás. – Como ela sabia do pedido? Devon contaria a todos no jantar. Meu estomago estava embrulhado, eu senti que vomitaria a qualquer momento.

-O que você disse? – Gaguejei, tentando não sentir um ódio absurdo de Margot.

-Eu fui tomar um ar e encontrei os pombinhos, justo no momento de pedido... – Ela fez cara de nojo.

-Aquilo era um momento particular, você não tinha o direito de invadir... – Cerrei os olhos, encarando-a com raiva.

-A tadinha... – Ela passou a língua sobre seus lábios carnudos. – Você vai aprender quem manda aqui. – Cerrei os olhos.

-Poderíamos conviver em paz, mas você está cega por inveja e ciúmes... – Dei de ombros. – Quando perceber a realidade, vai sentir vergonha das suas atitudes.

-Inveja de você? – Ela voltou a rir, como se eu tivesse contado uma piada. – Tenho pena de você...

-Deve ser difícil ser apaixonada por alguém que só sente nojo e desprezo por você... Sua situação é terrível mesmo... Eu realmente tenho pena de você, sei que ele nunca te pediria em casamento ou diria tais coisas para... – Fui interrompida por seus dedos longos e magros, que foram de encontro ao meu rosto. Abri a boca em surpresa, sentindo meu coração disparado. Arregalei os olhos, surpresa com a atitude nociva de Margot. – Você é maluca...

-Você que é. – Ela se agarrou em meu cabelo e nesse instante minha paciência se esvaiu. Eu realmente achava desnecessário essa rivalidade feminina, mas ela havia conseguido chegar ao meu limite. Desvencilhei seus dedos do meu cabelo e a acertei em cheio no nariz, fazendo com que ela cambaleasse para trás sem equilíbrio algum. Margot tropeçou na cadeira e segurou em meu braço, senti suas unhas cortantes pela extensão do meu antebraço, fazendo com que eu caísse em cima dela com tudo no chão atrás da cadeira. Rolei para o lado e proferi alguns palavrões, sentindo uma dor absurda. Seu corpo foi agressivamente para cima do meu.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora