Capitulo 21 - Vinte e um

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-Você se convence que quer meu bem para não se culpar pelas coisas terríveis que faz com a própria irmã. – Seu corpo magro estava encolhido, como se eu tivesse a atingindo com algo cortante. Seus olhos verdes, de uma intensidade descritível como encantadora, me observavam.

-Eu queria que visse o que faço por você sem seus óculos que me colocam como vilã constantemente. – Suas palavras me aborreceram de uma maneira que eu não consegui explicar.

-Vou embora, antes que você consiga arruinar mais alguma coisa para mim.

-Você está apaixonada. – Ela tocou no assunto sem mais nem menos, tocando o próprio pescoço com as pontas dos dedos, onde anteriormente eu havia a estrangulado sem sentir um pingo de remorso.

-E o amor arruína a todos que toca, você já me disse isso... – Dei um passo agressivo em sua direção. – Me disse isso quando comecei a namorar com James, agora seu próximo passo é ir para a cama com meu marido?

-Eu te conheço o suficiente para saber que o que você sentia por James não chega aos pés do que tem dentro de você agora. – Engoliu em seco e andou em minha direção.

-Você acha que me conhece, mas a pessoa que você cresceu ao lado está morta... Você fez questão de enterra-la. – Rosnei, transformando minhas mãos em punhos. Pude sentir as unhas romperem suavemente a pele fina da palma da minha mão, causando-me uma leve e indiscreta ardência.

-O amor também me levou a ficar em destroços... – Ela gaguejou, fazendo-me soar uma risada ironia e incrédula. Jenna odiava não ser levada à sérios. Seus olhos cerraram e seus lábios entreabriram.

-E posso saber em quem você depositou esse amor que te destruiu? – Respirei fundo. A náusea se tornou presente, deixando de ser algo psicológico. Havia feito com que todo meu corpo sentisse o efeito do enjoo. – Porque você só ama a si mesma...

-Amar você me fez ter atitudes duvidáveis, que me levaram a ruina... – Ela desviou o olhar, parecia se recusar a ser vista chorando. – Pode não acreditar, mas é a mais pura verdade...

-Você diz que me ama, pois somos fisicamente parecidas... Em um espelho quebrado cujo o reflexo é tão deformado que causaria tontura em quem olhasse muito de perto. – Bufei. – Você se vê em mim, e sabemos que sua única capacidade de amar é se a pessoa amada for você mesma.

-Toma cuidado Angel... – Ela cruzou os braços, tendo lágrimas formadas em seus grandes olhos de um verde recém escurecidos por magoa. – Talvez você não conheça verdadeiramente quem possuí seu corpo, e agora, seu coração.

-Estou cansada de você. – Uma dor cortante e agonizante se instalou em meu interior, me fazendo sentir um enjoo brutal. Cambaleei para trás, virando-me assim que cheguei próxima à porta.

A temperatura fria do interior da galeria me envolveu rapidamente e toda a adrenalina que corria por minhas veias se dissipava por meus órgãos, deixando-me ainda mais agitada que antes. Cambaleei, tropeçando nas próprias pernas, até onde havíamos deixado os casados, resgatando-o indo de encontro a Devon, que supostamente estaria me esperando no lado de fora. Mas sua presença era nula, deixando-me confusa. Olhei de um lado para o outro, percebendo a presenta de uma van, completamente preta, com homens do lado de fora. Elas cercavam nosso carro estacionado. Eram altos, fortes e tinham vestimentas escuras de couro e tecidos grosso. Abracei meu próprio corpo, sentindo um frio súbito. O carro de Devon estava estacionado um pouco atrás da van, mas não havia nem sinal de sua presença. Os homens, ao se comunicarem entre si, caminharam em minha direção. Aquela situação aguçou todos meus sentidos perturbadoramente, deixando-me em estado de alerta. Um roncar de motor soou em meus ouvidos e em uma velocidade assustadora uma moto parou à minha frente, fazendo com que os pneus cantassem com o atrito da parada forçada e instantânea. O corpo de Devon estava inclinado para frente, em cima da moto, tendo-a sob seu controle.

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