Capítulo 17 - Dezessete

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N/A: Gente do céu, me perdoa. Eu coloquei o capitulo em ordem errada. Esse aqui é antes do casamento. Me perdoem. 


Me encarei diversas vezes no minúsculo espelho do bar próximo onde eu estava, percebendo o quanto eu estava odiando aquilo. Eu havia vestido um jeans muito justo e botas com um salto médio. A blusa mal cobria minha barriga, sendo ajudada pela jaqueta de couro com franjas nas mangas e um enorme bordado de cobra nas costas. Prendi meu cabelo em um alto rabo de cavalo, como ela sempre fazia, ressaltando o perfume em meu pescoço. Eu precisava que aquilo funcionasse, ou levantaria suspeitas que eu não pretendia lidar. Meu coração se acelerou no momento em que seu carro estacionou na garagem. Eu podia vê-lo sair do mesmo, indo em direção, a sua porta, onde eu estava escorada. Seus olhos pairaram sobre mim e seus lábios entreabriram em surpresa, ele realmente não esperava me ver. Temi que tivesse me reconhecido, mesmo duvidando que isso poderia acontecer. Pude ver suas mãos saírem de dentro do bolso, inquietas, denunciando seu nervosismo.

-E aí seu idiota. – Imitei a maneira carinhosa de como minha irmã se referia até então a seu cunhado.

-Jenna... – Ele soprou, vindo praticamente correndo em minha direção. Seus passos eram firmes e longos, fazendo com que ele estivesse ali mais rápido do que eu podia acompanhar naquele momento. Seus braços me envolveram em um forte e intimo abraço, meus pés foram tirados do chão e seu rosto se afundou na curva do meu pescoço. – Não acredito... – Sua voz trazia emoção e surpresa. Engoli o choro junto à amargura que eu estava sentindo naquele momento. Eu havia me segurado instintivamente em seu pescoço. Me colocou de volta no chão, com as mãos firmemente em meu rosto. – É você... – Ele sorriu com os olhos cheios de emoção, era como se ele ainda não estivesse acreditando.

-Surpresa... – Disse alto, forçando um sorriso amigável.

-Não posso acreditar...

Seus lábios foram de encontro ao meu vorazmente, me fazendo ficar praticamente estática. Sua língua entrou em contato com a minha e suas mãos seguraram em minha cintura fortemente. Em resposta eu entrelacei meus dedos em seu macio cabelo, bagunçando-o.

Minhas costas foram prensadas contra a porta maciça. Suas mãos procuraram as minhas e as prenderam contra a madeira atrás de nós. Senti que uma parte da minha alma havia sido rompida e jogada no lixo com aquele beijo, como eles foram capazes? Pude senti-lo se afastar, ofegante. Meus lábios estavam formigando e minha garganta doendo, segurando bravamente o choro. Eu não queria parecer surpresa ou incomodada demais com aquilo, ou ele suspeitaria. Fingir estava virando habito, mas mesmo assim eu não consegui evitar o nojo e repulsa que aquilo me causava. Saber a verdade estava sendo mais doloroso do que eu imaginava que seria.

-Vai me convidar para entrar ou pretende me comer aqui fora? – Tentei soar igual a ela, com um sorriso relaxado nos lábios, como sempre fazia e conseguia. Não foi diferente dessa vez, pois logo vi o sorriso perverso em seus lábios. Dei um passo para o lado, vendo-o abrir a porta e adentrar a casa tão conhecida por mim. O cheiro dali continuava o mesmo, talvez com um toque de cigarro adicionado à lavanda de seus incensos. Eu queria conseguir me sentir culpada por estar enganando, mas ele também estava me ludibriando. Ela havia me afirmado que nada acontecia entre eles e que era coisa da minha cabeça. Cheguei a pensar em um tratamento para controlar essa insegurança que pairava sobre minha mente todas as noites. Eu ficava olhando-o dormir e me perguntando até quando eu me sentiria inferior a ponto de pensar que ele faria algo do tipo.

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