Capítulo 23 - Vinte e três

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-Me desculpe... – Meus olhos estavam repletos de lágrimas, com mais significados do que eu podia conter. Havia tanto acontecendo que eu simplesmente estava tentando lidar com tudo apenas ignorando, mas aparentemente não estava dando certo. Felix estava sentado ao meu lado no sofá, ouviu atentamente cada detalhe de toda a história. Foi como tirar um peso de mim, arranca-lo de uma vez. Chegava a me dar náuseas.

-Ele é bem gostoso... – Felix sorriu, se esticando para segurar minha mão. – Ele tem o... – Ele apontou para sua pélvis, com um sorriso sacana nos finos lábios. – É grande?

-Felix... – Disse alto em som de desaprovação. Abri a boca em surpresa. Ele estava calado dês que eu comecei a falar.

-O que? – Ele deu e ombros, olhando-me perversamente. – Ele tem que ter algum problema... – Eu não havia mencionado a parte em que começamos a levar toda essa farsa para um lado sem volta, um lado intenso, mas ele parecia conseguir ver através de mim. – Ele é cheiroso... Chega a ser sobre-humano de tão bonito... Bem rico, tipo... Um patrimônio acumulado bizarro... – Felix sorriu de lado. – Ele tem que ter algum defeito... – Mordi o lábio inferior, de nervoso. Devon tinha defeitos, isso era obvio, mas as vezes era difícil se concentrar neles. – Vocês já... – Felix fez gestos obscenos com as mãos, me fazendo gargalhar.

-Você só vai me perguntar coisas sobre isso? – Cruzei os braços, medindo-o.

-Eu poderia te perguntar o motivo dessa porra toda, já que seu pai é rico para um caralho e eu também... Você não precisa de dinheiro... – Disse com firmeza, mas sem o tom de julgamento que ele costumava usar.

-Eu não queria pedir mais a vocês... – Suspirei, percebendo o quão teimosa eu podia ser. – Quando Robert e eu discutimos no dia em que eu saí de casa, ele disse que eu era mimada e mal-acostumada... Que ele não deveria ter nos dado tudo que quisemos, pois ficamos estragadas... Eu queria provar que eu não precisava dele... Não financeiramente. – Dei de ombros.

-Podemos recorrer sobre sua licença... – Ele sorriu fraco. – Temos como provar que não foi você...

-Não. – O cortei, vendo sua feição mudar.

-Você continua protegendo-a... – Balançou a cabeça negativamente, era nítido seu descontentamento. A linha do seu maxilar estava cerrada, evidenciando sua irritação.

-Eu sei... – Suspirei. – O conselho concordou em apenas me tirar o direito de exercer a profissão e duas semanas de trabalhos comunitários, ela seria presa por falsidade ideológica, roubo e destruição de patrimônio privado... – Passei a mão por meu braço. – Não posso simplesmente destruir a vida dela assim...

-Por que não? – Era nítido a indignação em seu tom de voz, que se tornou esganiçado, escandaloso.

-Ela é minha irmã... Minha gêmea... – Suspirei. – É como se ela fosse uma parte de mim...

-Tipo um câncer né? – Rolei os olhos, tentando não rir da sua comparação.

-Felix... – Suspirei, encostando a cabeça no sofá. – Apesar de tudo, eu a amo...

-Cuidado para esse amor não te tirar tudo, de novo... – Ele se levantou. – Sua pureza e bondade um dia vão te matar Angelic...

-Deixa eu te perguntar... Você abriria uma maleta, tipo uma pasta, com aquelas senhas eletrônicas? – Mudei completamente de assunto, vendo sua expressão de deboche.

-Nossa, como você é delicada em mudar de assunto... – Ele bufou, vendo-me sorrir amigavelmente. – Claro, é bem fácil... Considerando que sou um gênio da computação. – Ele disse com o tom de voz convencido, era difícil manter a pose séria – Preciso apenas que me mande uma foto do tipo de segurança que ela usa, normalmente fica do lado, e eu crio uma espécie de pendrive minúsculo que você coloca e ele criptografa as informações e gera a senha.

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