Capítulo 48 - Quarenta e oito.

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Duas horas antes

Meu rosto estava doendo de tanto sorrir e acenar. A coisa que eu mais queria era tomar um banho e respirar um ar sem ter que dividi-lo com mais um monte de gente.

-Você parece cansada. – Devon sussurrou, uma de suas mãos repousava carinhosamente em minhas costas. Sua mão livre pairou em minha barriga, de forma protetora e gentil. – Quando quiser ir embora, é só me avisar... – Beijou o topo da minha cabeça e sorriu. – Não se esforce tanto. – Concluiu, tendo uma denotação preocupada em seu tom de voz.

-Eu estou bem Devon. – Soprei, abraçando-o de lado. Seu perfume logo invadiu meus pulmões, fazendo-me ter uma sensação de aconchego naquele instante de incomodo. – Só vou respirar um pouco no andar de cima, tudo bem? – Ele assentiu. – Aproveite seu momento. – Selei nossos lábios rapidamente, desvencilhando-me dele. Eu não queria tirar o seu foco naquela noite, mas eu estava no limite. Talvez por conta da gravidez ou cansaço emocional. Provavelmente um pouco dos dois. Eu estava frequentemente cansada e com sono.

Caminhei entre as pessoas, com um foco principal. Subi as escadas, chegando ao seu topo mais rápido do que eu deveria. O segurança no topo apenas me deu passagem, sem contestar minha identidade. Sorri amigavelmente e caminhei pelo corredor divagar, aproveitando a solidão que aquele lugar estava me proporcionando. Passei a mão suavemente em meu ombro, sentindo uma leve dor no local. Provavelmente ocasionada pela tensão. Um ar pesado e denso saiu de meus pulmões, em um suspiro longo. Caminhei até o final do corredor, que tinha suas luzes apagadas por completo. Apertei os olhos, reparando que a luz estava acesa. A luz do escritório. Caminhei até o local, empurrando a porta maciça entreaberta. Pisquei os olhos algumas vezes, sem acreditar.

-O que está fazendo aqui? – Soprei, ao vê-la sentada por trás da mesa. Caminhei involuntariamente em direção à mesa. Eu não queria falar alto e acabar chamando atenção. – Como conseguiu entrar?

-É triste te ver desistindo da verdade tão fácil assim. – Seu tom de voz gélido sobressaiu, fazendo-me parar. Cada centímetro do meu corpo se arrepiou. – Mas cheguei à conclusão de que você tem a verdade, esse tempo todo. Só não me disse ela. – Dei mais alguns passos em sua direção. – Sabe que ainda está me devendo, não sabe?

-E eu cheguei à conclusão de que já te paguei. – Minhas palavras a faz arquear as sobrancelhas. Era nítido a surpresa em seus olhos. – Não vai me dizer como conseguiu subir?

-Eu estou em todo lugar meu amor... – Sorriu novamente, com ar de superioridade. Sua voz me causava arrepios. – É uma pena. Você era a escolha perfeita. – Disse com pesar. – Teríamos um futuro brilhante...

-Você nunca me disse o motivo de ter me escolhido para esse maldito trabalho. – Respirei fundo, tentando manter a calma. – Tem muita garota bonita no departamento, com habilidades infinitamente mais aprimoradas do que as minhas.

-Porque eu precisava desse rostinho lindo. – Sorriu, levantando-se. – Você sabe que quem te escolheu não foi seu marido, não é? – Engoli em seco, Ester deu a volta na mesa e se aproximou. O barulho de seus saltos no chão era quase imperceptível, silenciosa e peçonhenta. – Qualquer pai faria o que for preciso para tirar a filha de uma situação de risco. – Ela olhou em meus olhos. – Até mesmo submetendo-a à um casamento como esse. – Ela colocou a mexa do meu cabelo atrás da orelha, olhando fixamente em meus olhos. – E por essa informação, tem um preço querida.

-Não vou mais fazer favor algum para você. – Meus olhos estavam lacrimejando. – Não pode mais me usar.

-Você almejava o topo, e conseguiu. – Ester elevou suavemente o queixo, em forma de superioridade. Meu coração se acelerou, um pressentimento ruim havia se instalado em meu peito. – E no topo, as coisas são solitárias Angelic. – Deu um passo para trás. – Não posso mais te usar para conseguir informações, eu não confiaria em nada que saísse da sua boca. Portanto, você está livre. – Puxei o ar com força, observando-a me medir. – Mas não se esqueça de que eu posso te punir. – Ester conseguia ser docemente maldosa. Um sorriso gélido e malvado havia se instalado em seus lábios. – Você cometeu o maior errado de uma de nós... – Uma lágrima grossa escorreu dos meus olhos, dolorosamente. – Agora eu posso te atingir.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora