Capítulo 24 - Vinte e quatro

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Acreditar no que estava acontecendo estava sendo realmente difícil. Qual a chance no mundo disso acontecer? Era como se alguém tivesse revirado meu estomago, violentamente.

Depois daquele show Devon subiu para tomar banho e eu terminei o jantar, pensando se agiríamos como se nada tivesse acontecido. E a resposta era sim. Eu não cobraria nenhuma explicação dele, já que eu mesma não falava sobre Jenna. A coloquei em uma caixa à sete chaves e decidi que não abriria sob nenhuma circunstância. Eu entendia seu lado, mais do que ele imaginava.

Devon desceu me abraçou e comeu em silencio, nenhuma palavra foi dita. Eu havia errado a mão no sal, mas nada que arruinasse o prato. Finalmente se pronunciou, depois de muito tempo de silencio absoluto. Ele elogiou a comida, mais por educação, e disse que buscaria minhas lentes de contato no shopping, que eu havia encomendado durante a tarde, e voltaria para que víssemos um filme antes de dormir. Apesar de tentar transparecer que tudo estava bem, eu podia notar algo em seu tom de voz. Uma melancolia, ressentimento. Não me ofereci para acompanha-lo, imaginei que ele queria um tempo sozinho. Eu também queria um tempo para assimilar tudo que estava acontecendo, tomar um longo banho de banheira. Acabei deixando de lado a solidão e liguei para Felix. Contei o que tinha acontecido, sobre o fato de Devon ter um irmão gêmeo, ele mais debochou do que me ajudou, mas foi um alivio poder desabafar. Era como se eu dividisse o fardo.

Coloquei o telefone no autofalante e comecei a vestir minhas roupas. Eu nunca faria isso se alguém tivesse na casa.

-Você ainda não me respondeu à pergunta que eu fiz ontem... – Resmungou. Comecei a rir, envergonhada.

-Felix, esse com certeza não é o defeito dele... – Me lembrei vagamente de Devon, preocupando-me por sua demora. – Ficou feliz? – Vesti uma das blusas de algodão do mesmo, desistindo de procurar algo confortável no meu guarda-roupa.

-Então o pau dele é grande? – Coloquei a mão no peito, indignada com sua ousadia. – Deixa de ser ridícula Angel... Você não disse.

-Aí Felix, que saco... – Levei o celular para o quarto, o meu, jogando-me na grande cama de casal. – Você às vezes é tão invasivo...

-Me fala logo, ou eu vou morrer de curiosidade...

-O... – Respirei fundo, tentando reprimir a vergonha que eu tinha de falar sobre isso. – O pau dele é enorme, tá bom? Incrível, te recomendaria se não fosse meu...

-É bom saber que aprecia... – Me levantei de uma vez, vendo-o apoiado no portal do quarto. Senti meu rosto queimar, presumindo que ele havia ruborizado na hora. O ar e as palavras sumiram naquele momento, achei que morreria. – Te trouxe um chocolate... – As risadas de Felix deixavam tudo mais constrangedor. Eu estava paralisada com o telefone na mão, encarando seu rosto. Eu não sabia dizer ao certo o que sua expressão dizia, já que estava sem os óculos e a lente. – Se quiser a lente...

-Obrigada. – Dei um passo cambaleando para frente.

-Boa noite cunhadinho... – Felix gritou, fazendo-me praticamente saltar no lugar.

-Boa noite Felix... – Devon disse simpático. Tirei do viva-voz na hora, enfiando-o no bolsa do short jeans.

-Vou colocar a lente... – Peguei as coisas de sua mão, a sacola, e praticamente corri para dentro do banheiro. – Juro por Deus que vou te matar... – Voltei a colocá-lo no viva-voz, mas dessa vez um pouco mais baixo.

-Sua safada... – Rolei os olhos, abrindo o chocolate cegamente e o mordendo com certa raiva. Era como se eu nunca tivesse comido algo assim antes, talvez fosse a raiva ou a vergonha. Comi mais alguns pedaços, até que não restasse mais nada. – Estou te ouvindo comer... Sabe que tenho agonia...

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora