Capitulo 11 - Onze

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Adentrei o quarto, encontrando Devon sentado na cama. Pensei que ele dormiria por muito mais tempo, por conta da ressaca e a quantidade remédios que havia ingerido. Ele se levantou e caminhou até mim, seus olhos estavam semicerrados e sua boca pressionada. Cambaleei para frente, vendo-o fechar a porta do quarto com certa força.

-Onde você foi? – Ele disse ríspido.

-Fui espairecer. – Devon puxou as chaves da minha mão e me olhou nos olhos.

-Não fica andando sozinha por aí sem proteção... – Ele respirou, sua boca parecia seca. Seus olhos estavam avermelhados e entreabertos, transpareciam preocupação. Ele jogou a chave, que havia pegado da minha mão em cima da cama e segurou em meus braços suavemente, mais como se repousasse ali. – Me promete?

-Tá... – Soprei, surpresa com sua preocupação. Dei um passo para trás, desvencilhando suas mãos cuidadosas do meu braço, vendo-o me medir. Caminhei em direção à sacada, abrindo as postas duplas. Senti a brisa fresca entrar, revigorante. Respirei fundo e fechei meus olhos, aproveitando cada instante.

-Angel... – Ouvi sua voz rouca soar atrás de mim. Me virei, observando-o. Eu temia com o rumo dessa relação, estávamos mais próximos do que eu planejava. – O que aconteceu noite passada? – Ele engoliu em seco, claramente desconfortável. Devon sempre tinha uma pose séria, de durão, mas ela havia se desfeito nesse momento. Demonstrando receio e preocupação. Respirei fundo, tentando entender o rumo da conversa. – Eu vi nossas roupas jogadas no chão... O banheiro estava molhado...

-Nada... Te dei banho... – Pigarreei, não queria lembra-lo da provocação na banheira. Se ele não lembrava de suas intenções é por serem momentâneas e efeito nocivo do álcool.

-Você me deu banho? – Sua voz saiu falha e incerta. Assenti, caminhando até a cama.

-É, te coloquei no banho e você acabou me molhando, por isso minhas roupas também estavam molhadas... – Sorri fracamente. Eu sabia que ele não estava certo de si, portanto eu desconsideraria suas atitudes.

-Me desculpe. – Ele levantou o braço e coçou suavemente a cabeça, parecia desconcertado.




O almoço seria um churrasco. O pai de Devon não havia ido para a casa de praia, aparentemente tinha que resolver alguns problemas da empresa na ausência de Devon.

Desci as escadas lentamente, avistando Devon próximo à porta que dava para a área da piscina. Era muito luxo ter uma piscina com uma praia bem na frente de casa, isso simplesmente não entrava na minha cabeça. Caminhei até lá, ouvindo risadas e muita conversa. Fiquei ao lado de Devon, olhando-o de relance. Seu cabelo estava bagunçado. Pela primeira vez o vi de bermuda. Ele usava uma branca com uma camisa azul bebê, que tinha as mangas arregaçadas até os cotovelos. Parecia relaxado, como se nada o assombrasse. Sua mandíbula, que normalmente se mantinha contraída e tensa, estava relaxada.

-Você e aquele policial idiota ficaram juntos por quanto tempo? – A voz de Devon soou baixa, fazendo-me quase engasgar com a pergunta. Ele ainda tinha a tranquilidade no rosto, me perguntou como se desse bom dia.

-Por que? – Retruquei rapidamente, sem lhe dar a resposta. Devon se virou, ficando de frente para mim. Gerard fazia o churrasco e conversava animadamente com Eleonor, mãe de Devon, e Melinda, a irmã. Eles não nos ouviam.

-Só estou curioso... – Ele deu de ombros, enfiando as mãos no bolso.

-Dês do ensino médio... – Soltei o ar pela boca, tentando não demonstrar emoção ao prosseguir. – Começamos a namorar no último ano do colegial... Acho que foram sete anos até terminarmos... – Engoli em seco, sentindo uma bola se formar em minha garganta. Eu havia colocado cada momento, nosso, profundamente dentro do meu peito e me recusado a revivê-los, evitando a tortura emocional que seria. – Você e Margot... Quanto tempo?

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora