Capítulo 14 - Quatorze

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Durante todo o percurso havíamos ficado em silencio, o que me ajudou a pegar no sono rapidamente e só acordar na casa nova. Não era tão grande como a mansão Sartori, mas era aconchegante. Havia um jardim na frente da casa, bem cuidado. O fundo da mesma tinha uma grande escada de madeira branca, no deck, próximo à piscina diretamente para à praia. A casa tinha dois andares com um mezanino consideravelmente amplo, para a sala onde havia um grande piano de caldas próximo à escada. A sala era espaçosa, com uma tv e lareira, com sofás aconchegantes em tons de bege. A cozinha era bonita, com armários grandes e uma bancada de mármore bem no centro, com cadeiras de madeira combinando com o armário. No segundo andar havia três quartos e um escritório no final do corredor. Um meu, outro de Devon e o de hospedes. Eu havia ficado com o quarto principal, o que me surpreendeu. Aparentemente Devon não fez questão alguma de ficar com a suíte principal, que era mais espaçosa e tinha um closet. Tirei os saltos logo na entrada, deixando-o jogado próximo à porta da frente. Respirei fundo, olhando a beleza da arquitetura. Todas as diversas janelas espalhadas pelos cômodos haviam cortinas brancas até o chão, que voavam conforme o vento entrava pela abertura. Caminhei até a cozinha, dedilhando o mármore branco atentamente, encontrando uma porta de correr feita de vidro, com cortinas seguindo a paleta de cor das outras. Lá permitia que passássemos da cozinha para a área da piscina, que tinha uma churrasqueira e a tal escada para à praia.

-Não acha estranho ter uma piscina com o mar logo ali? – O vento bagunçava livremente meu cabelo, mas não me incomodava. Exteriorizei meu pensamento para Devon e Gerard, que passavam pela porta aberta.

Não. – Gerard disse sorridente. – Acho que é algo particular... O mar não é particular.

-Tudo em Hampton é exagerado... – Suspirei, voltando o olhar para Devon. – Posso falar com você? – Pude ver os olhos de Devon pairar sobre mim e seus lábios entreabrirem. Gerard nos olhou, e entendeu o recado, voltando para o lado de dentro da casa. Me aproximei dele. – Posso chamar meu pai para jantar?

-Claro, a casa é sua Angel. – Ele sorriu fracamente. – Vou ficar feliz em conhece-lo. – Abri um sorriso maior, assentindo veemente. Devon havia tido uma ligação, que claramente era uma discussão, mas aparentava estar calmo, porém chateado. Ele se afastou, mas logo voltou à posição inicial.

-Você vai sair? – Ele negou com a cabeça. – Vou busca-lo e comprar algumas coisas para fazer o jantar. – Devon enfiou as mãos no bolso e me olhou, ouvindo atentamente.

-Você sabe cozinhar? – Pude vê-lo arquear as sobrancelhas.

-Vou comprar pronto, eu não nasci com esse dom. – Devon riu.

-Posso fazer se você quiser. – Mordi o lábio inferior, tentando conter minha animação.

-Você é muito ocupado, não quero te incomodar...

-Vai ser um prazer... – Ele me interrompeu, dando-me uma piscadela.




Eu estava em um mercado próximo à casa de meu pai, as coisas eram orgânicas e de ótima qualidade. Sorri fracamente para a atendente que me olhou por alguns segundos, parecia paralisada.

-Boa noite... – Soprei, vendo-a olhar para minhas compras e depois para meu rosto.

-Só um segundo. – Ela forçou um sorriso e passou por mim, indo em direção à uma porta próxima ao banheiro. Respirei fundo e cruzei os braços. A mulher voltou para trás do caixa, me encarando.

-Quanto deu tudo? – Perguntei, abrindo minha bolsa, pronta para pegar o dinheiro.

-A senhora vai ter que esperar um momento... – Ela gaguejou, como se tivesse visto um fantasma. Eu costumava comprar as coisas nessa venda de um senhor, que tinha os mesmos traços que ela. Eu nunca tinha a visto ali antes, talvez pelo tempo de afastamento.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora