O Acordo

Capítulo 4 - Quatro

Eu estava encarando a lingerie que minha sogra havia me presenteado. Era um conjunto de renda brancos, ela disse que parecia combinar comigo. Talvez eu tenha pulado a parte em que adquirimos intimidade para presentear uma à outra com peças intimas, mas soei agradecida ao receber. Rolei os olhos e as coloquei de volta na sacola, observando-me no espelho. Toda maquiagem havia sido devidamente tirada, deixando-me de pele limpa. Eu havia tomado um longo banho, aliviando toda a tensão que eu havia sentido. Estava ansiando a aconchegante e enorme cama do quarto em que eu estava hospedada na mansão Sartori. Terminei de me enxugar e joguei, a única peça de dormir que eu havia comprado, a camisola de cetim sobre meu corpo. O tecido branco reluzia conforme eu passava a mão. Havia um detalhe de renda no decote e na barra, tornando a roupa mais chique do que deveria ser. Abri a porta do closet e adentrei o quarto, tendo uma desagradável surpresa. Pisquei algumas vezes, tentando entender a situação. Devon estava deitado na grande cama, apenas de cueca. Seus olhos correram até mim, fechando seu semblante.

-O que tá fazendo aqui? – Gaguejei, perdendo totalmente a credibilidade que eu queria passar. Ele me olhou como se fosse obvio.

-O mesmo que você boneca, vou dormir... – Ele estava esparramado na cama, com a cabeça deitada sobre as palmas das mãos.

-Engraçadinho. – Me aproximei da cama, olhando-o atentamente. – Você não acha que vamos dormir na mesma cama?

-Tem o sofá ali, parece ser confortável. – Ele esboçou um sorriso forçado e fechou os olhos, ignorando-me totalmente. Seu abdome não parecia estar sendo contraído, mas mesmo assim era possível ver sua definição. Fiquei o encarando por algum tempo, tentando decidir o que eu faria.

Achei que ele daria uma desculpa para justificar que dormiríamos em quartos separados, mas ele não parecia nem ter se esforçado. Rolei os olhos e caminhei em direção à porta, eu encontraria outro lugar para dormir. Abri suavemente a mesma, escutando a voz acida de Margot.

-Aposto que nem dormem no mesmo quarto... – Ela resmungava algo.

Pude ver sua sombra, ela estava vindo em direção ao quarto em que estávamos. Cambaleei para trás, pensando no que a calaria de vez. Respirei fundo e juntei toda coragem que eu tinha. Subi na cama e em seguida sentei no quadril de Devon, que abriu os olhos e tirou as mãos da cabeça, olhando-me assustado. Engoli seco e tentei controlar minhas mãos trêmulas. -Que porra... – Ele começou, involuntariamente suas mãos pairaram em meu quadril.

Me inclinei para frente, deixando meus lábios perigosamente perto dos de Devon. Fiquei com os olhos grudados no azul intenso dos seus, sentindo que meu coração explodiria. Não demorou para a porta se abrir bruscamente, mas me pareceu uma eternidade. Virei rapidamente o rosto, assim como Devon, encarando em. uma falsa, surpresa a loira parada no portal. Ela estava apenas de lingerie, com robe de seda, com a mesma tonalidade de vermelho de sua lingerie, entreaberto.

-Margot? – Soei em surpresa, erguendo meu corpo ainda sentada no colo de Devon, o mesmo engoliu seco e piscou algumas vezes. Ela ficou boquiaberta, parecia em choque.

-Eu... – Ela começou, mas logo saiu fechando a porta, que antes se mantinha entreaberta.

-Você é boa... – Ele disse com um sorriso perverso nos lábios, ele estava rouco. Soltei o ar pela boca e olhei para baixo.

-Não fique animado... – Eu podia sentir o volume contra meu corpo, quis deixar implícito sobre o que eu estava falando.

-Não estou, você saberia se eu estivesse. – Pisquei algumas vezes, completamente sem palavras. Me joguei para o lado, sendo acolhida pelo colchão macio. Definitivamente eu não poderia levantar suspeitas, não até irmos embora dessa casa.