Capítulo 10- Dez

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-Isso dói Angel, mas que droga. – Devon empurrou minha mão com força para longe do seu rosto. – Não sabe ser delicada?

-Fica quieto... – Resmunguei, voltando a passar o algodão embebido em uma solução alcoólica desinfetante. Devon soltou o ar pesadamente pela boca e cerrou os olhos, deixando que eu o ajudasse.

Era audível gritos e risadas, provenientes do andar de baixo. Terminei de passar o remédio em Devon, desviando o olhar brevemente.

-Não vai dar beijinho? – Coloquei os algodões no lixo e voltei a olha-lo, esboçando um singelo sorriso. Me aproximei de seu rosto, beijando suavemente sua bochecha. Devon sorriu e lançou-me uma piscadela. – Obrigado...

-Disponha. – Me sentei ao seu lado no sofá. – Eu sei que disse aquelas coisas só porque a Margot estava por perto... – Tentei não demonstrar o quão estava chateada em meu tom de voz, mas senti que falhei. Devon apoiou seu braço na beirada do sofá, passando o mesmo atrás de mim.

-Não foi porquê ela estava ali... – Devon se virou, olhando-me. – Estou feliz de estar passando isso com você... – Ele sorriu de lado. – Sei que você é bem difícil... – Rolei os olhos e joguei momentaneamente a cabeça para trás. – Mas a gente consegue... – Pude ouvir seu suspiro. – Me dá um daqueles remédios, por favor...

-Ainda bem que eu peguei em cima do carro, ou ficaríamos com dor... – Ele assentiu sorrindo fracamente. Me levantei e caminhei até a cômoda, onde eu havia colocado a sacola. – Qual?

-Um de cada... – Rolei os olhos, pegando o mais forte que encontrei. Tirei um comprimido da cartela e observei Devon colocando uísque, que ficava em uma mesinha no canto do quarto, em um copo de cristal que repousava sobre uma bandeja espelhada com o mesmo material.

-Você vai tomar analgésico com álcool? – Me aproximei, estendendo o comprimido a ele. Era obvia minha indignação.

-Vou. – Ele disse firme. – Pega mais um para mim... – Ele engoliu o comprimido, tomando um gole do liquido escuro do copo. Rolei os olhos e fiz o que Devon pediu, entregando outro do comprimido.

-Está sentindo tanta dor? – Mordi o lábio inferior. Lembrei da minha própria dor, que infelizmente não era apenas física.

-Claro que não, ele bate feito uma criança, mas vai me dar uma onda legal... – Rolei os olhos, olhando através das portas abertas da sacada. O dia havia chegado ao fim, dando origem à um céu estrelado com ausência de nuvens.





Eu havia tomado um dos comprimidos, o que ajudou à sentir meu corpo leve. Devon não parou no primeiro copo, apenas continuou bebendo até simplesmente começar à tropeçar nas próprias pernas. Decidi deixa-lo sozinho no quarto, aproveitando a própria amargura, mas quando todos subiram para seus respectivos quartos chegou minha hora. Andei preguiçosamente pelo corredor, agradecendo pelas belas doses de Álcool que fez Margot apagar antes que voltasse a me encher o saco. Parei frente à porta entreaberta do quarto, escutando a voz ríspida de Devon.

-Mas que caralho. – Ele disse mais alto do que deveria. – Faz o seguinte, cala a boca e me escuta porra... – Pude ouvir sua voz nitidamente alterada e seu suspiro agressivo. – Eu ainda não sei, acho que já te disse isso um monte de vezes... – Me esgueirei, vendo-o encarar uma corrente com uma pequena chave na ponta. Sua outra mão segurava seu celular na orelha. – Às vezes você esquece quem manda aqui... – Devon colocou a corrente no pescoço, andando em círculos no quarto. – Mas é claro que eu trouxe essa merda de pasta... – Sua embriaguez era notória, já que cambaleava ao invés de andar firmemente. Pude ver seu olhar seguir até o closet. – É, a pasta está segura... – Devon suspirou, puxando seu cabelo para trás com a mão livre. – Para de drama...

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