134. Entre lágrimas e sorrisos

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Luan On:

Estava falando com o Sorocaba para ele me arrumar o número da Daniela, poderia ser o único jeito da Mel acreditar em mim. Mas assim que ouvi o estrondo da porta batendo sabia que tinha sido ela e que pelo visto não tinha gostado nada. Novamente viu as coisas a meio e com certeza tirou conclusões erradas. E se isso a fizesse repensar na hipótese de ir pra Portugal? Meu sogro estava comigo entalado na garganta e eu estava enrascado, teria novamente de provar que merecia a confiança de todos.

Luan: Me manda mensagem cara, eu vou ter de resolver uma coisa. - falei rápido e desliguei saindo atrás da Mel.

Encontrei a avó nas escadas que me olhou confusa e lhe perguntei pela Mel. Mas ela não a viu. Procurei na cozinha, na sala dos fundos, no meu estúdio, em tudo quanto é canto dentro de casa. Decidi procurar no jardim e na piscina não tinha vestígios dela. Até na garagem eu fui. Comece a me desesperar e me lembrei que ela poderia estar pelo jardim, já que era enorme e tinha algumas árvores. Gurizinho apareceu fazendo um som estranho, como se estivesse me avisando de algo e fui atrás dele vendo Melissa perto das suas flores sentada no chão abraçada aos joelhos e chorando baixinho mas desesperada.
Meu coração apertou de um jeito como nunca senti e a culpa mais uma vez era minha. Estava pisando na bola uma vez atrás da outra. Já não sabia o que fazer, nem para onde me virar. Minha vida estava um caos e tudo porque eu fiz merda e não tenho a minha menina de bem comigo. Me sentei devagar ao seu lado e a puxei para um abraço forte, pois saberia que ela não iria querer.

Luan: Xii, não chora meu amor, não chora. - implorei sentindo meus olhos encherem de água.

Mel: Porque você estava querendo falar com ela? Porquê? - indagou calma entre soluços.

Luan: Porque se for o único jeito de você acreditar em mim eu não medirei as consequências, só quero o seu perdão e a sua confiança de novo. - falei choramingando.

Mel: Minha vida está de cabeça pra baixo, sem você, com nossos filhos no hospital, eu não sei o que fazer. - confessou e sabia que ela estava sofrendo demais por não ter os gémeos perto.

Luan: Você não está sem mim, eu prometi estar pra sempre com você, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, além dessa vida. - fechei os olhos a sentindo me abraçar.

Mel: Me dá um tempo? - pediu após alguns minutos em silêncio.

Luan: Como assim tempo? - disse confuso.

Mel: Para pensar, para organizar as coisas. Só assim poderei saber aquilo que realmente quero.

Luan: E seguir o seu coração não dá?

Mel: Se eu o seguir neste momento tenho medo de me arrepender depois. - me olhou de baixo com lágrimas lavando seu rosto.

Luan: Tá bom, eu vou respeitar. Mas vou chamar a Daniela, eu não suporto viver com a sua desconfiança e achando que você pensa que eu te traí quando eu não fiz nada.

Mel: Não é preciso chamar ela. Não precisa disso.

Luan: Quer dizer que você....

Mel: Ainda não. - me interrompeu. - Mas não quer dizer que nunca volte, porque eu sei que você vai me dar provas de que merece. - enxugou as lágrimas e deixou um pequeno sorriso escapar.

Luan: Você não tem noção do quanto eu te amo Mel. - a puxei para os meus braços de novo. - Vamos no hospital ver os nossos filhos meu amor, vamos. - sugeri e ela assentiu.

Alice foi com a gente e depois de dias pude ver um sorriso enorme no rosto de Mel. Ambos estávamos sofrendo ainda, mas o clima já melhorou um pouco. Dr. Eduardo disse que o estado dos gémeos era o melhor e que logo mais estavam voltando para casa. Na volta decidi fazer algo diferente e parámos num parquinho calmo. Alice se empolgou na hora, ela adorava natureza tanto quanto eu. Melissa não disse nada, na verdade, ela não estava falando muito.  Parei numa carreta que tinha ali e comprei sorvete para os três. Passeámos um pouco e nos sentámos num banquinho de jardim vendo Alice brincar no parque com outras crianças.

"A minha exceção..."Onde histórias criam vida. Descubra agora