131. Amor e ódio de mãos dadas

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Agarrei a mão dela e acariciei seus cabelos. Durante o caminho os enfermeiros cuidaram dos ferimentos do seu rosto meigo. A culpa era toda minha. As lágrimas não cessavam e o doutor Eduardo me olhava vez ou outra enquanto se preparava para provocar o parto.

Dr. Eduardo:  Quer um calmante Luan?

Luan: Não doutor, só quero que fique tudo bem, só isso. - solucei.

Dr. Eduardo: Vamos começar, mantém a calma. - assenti e o vi começar todo o procedimento.

Melissa nunca me perdoaria se algo acontecesse aos nossos pequenos. E mesmo assim, não sei se me irá perdoar. Eu menti pra ela para estar na farra, para descontrair, sabendo perfeitamente que o meu ponto de paz é sempre ela. Não demorou muito e meus gémeos nasceram, peguei nos dois e beijei a cabeça de cada um ainda sujos com o sangue. Choraram no meu colo e as enfermeiras os levaram para cuidarem deles. As bolsas não estavam ali e então tiveram de vestir uma roupinha de hospital mesmo.

Dr. Eduardo: Quais são os nomes dos bebés?

Luan: A menina é Nicole Alencar Santana, o menino... - fiz uma pausa lembrando que Melissa ficou responsável por isso. - A Mel que escolheu, ela que sabe doutor. - falei com um nó na garganta.

Dr. Eduardo: Tudo bem. Luan. - me chamou e desviei meu olhar de Melissa - Os bebés por nascerem prematuros terão de ficar cerca de três semanas aqui no hospital na incubadora sob os nossos cuidados.

Luan: Três semanas doutor?

Dr. Eduardo: É necessário, só assim eles terão o peso adequado para se protegerem sozinhos, agora eles estão vulneráveis demais.

Luan: Tudo que eles precisarem o senhor faz, eu não quero que nada falte aos meus filhos. - falei quase que num sussurro olhando Mel. - E a Melissa?

Dr. Edurdo: Ela terá de ficar uma semana internada, tem alguns ferimentos que merecem atenção e por sofrer um forte impacto necessita de repousar mais tempo.

Luan: Obrigado doutor. - saí para perto de Melissa e alisei seu rosto enquanto as enfermeiras terminavam o processo. - Oh meu amor, eu nunca vou me perdoar pelo que te fiz, nunca. Só quero que você acorde e acredite em mim. Eu te amo mais do que a mim mesmo. A minha vida se resume a vocês. - sussurrei bem próximo de sua cara e o choro recomeçou. As máquinas começaram a apitar freneticamente e me assustei vendo dr. Eduardo correndo para perto.

Dr. Eduardo: Luan você vai ter de sair.

Luan: Não, eu não vou a lugar nenhum. O que ela tem doutor? - me desesperei.

Dr. Eduardo: Ela está entrando num estado crítico por causa do cansaço extremo e do nervosismo, você tem de sair agora. - me ordenou e fui arrastado por um enfermeiro para fora.

No corredor tinha cadeiras vazias e não pensei duas vezes antes de chutar algumas delas até ser parado pelo segurança.

Segurança: Vai se acalmar ou vou ter de o expulsar? - me ameaçou.

Luan: Me deixa cara, minha muié está passando mal por minha culpa e eu sem poder fazer merda nenhuma, me deixa no meu canto. - gritei chorando e acho que ele ficou com tanta pena que saiu dali.

Me encostei na parede e deslizei por ela até me sentar no chão. Apoiei os braços nos joelhos e deixei que o choro saísse com gritos revoltados. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas fui parado com uma mão suave em minha cabeça. Minha mãe estava ali e a abracei bem forte vendo o olhar dos meus pais e de Bruna preocupados.

Luan: A culpa é minha mamusca, toda minha.

Mari: Não digas isso Luan, você não tem culpa.

"A minha exceção..."Onde histórias criam vida. Descubra agora