19ª Parte

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No caminho de volta para casa fiquei pensando seriamente sobre o que tinha lido do diário de Gustavo e com certeza ele não ia gastar um só centavo com presentes para mim, e muito menos a um notebook. Enfim descobrir que não podia ser ele, já que suspeitava que eu andava aconselhando sua namoradinha a tratá-lo como um homem de verdade! Coisa que não é!

Estava bastante desanimada e havia chegado em casa. Debrucei na cama e abri e levantei a parte de cima do notebook e arregalei meus olhos ao ver uma foto minha, somente minha cabeça sorrindo para mim mesma. Eu conhecia aquela foto, quero dizer, sabia que era eu, mas eu tinha dado para alguém e sabia muito bem para quem. E agora também sabia quem me dera o computador. Era o Júnior.

Fiquei uma semana tentando conversar com ele no seu E-mail e nada de resposta. Fiquei triste sim, confesso, pois ele foi o meu primeiro cliente, e até gostei de transar com ele. O segundo cliente encontrei também na internet, mais exatamente na sala de bate-papo onde entrei numa sala com poucas visitas. Anderson estava ali, e estava entediado conversando com um outro cara sobre rock nos anos oitenta. Gostei dele e as gentes passam a nos corresponder a semana toda que passou e mandei uma foto minha, uma foto que fazia pose de menina má. Ele adorou. Fui logo ao que interessava e o convidei para nos encontrar num local discreto. Ele compareceu de moto três quarteirões atrás da minha casa, no bar mais impopular do bairro que era do Sr. Irineu e o conheci pela sua descrição. Se Júnior não era muito atraente, esse não chegava nem nos dedinhos dos seus pés. Era mais velho do que se podia imaginar e ele havia mentido para mim. Não era nem de longe louro, com os olhos verde e sarado; era careca, de óculos de lentes grossas e magro com duas tatuagens em cada braços. Mas a idade foi o que mais me surpreendeu. Ele tinha mesmo trinta e cinco anos. A única coisa que veio a minha mente foi: ele tinha AIDS.

Não, não podia julgá-lo por ser magro, pois meu tio tinha quarenta anos e tinha só à pele forrando a carne e o osso e ainda assim tinha uma saúde de ferro; praticava Cooper diariamente e nunca tinha o visto tomando nenhum tipo de remédio, muito menos de ter ido ao um hospital. Era a natureza da origem da sua família.

Ele entrou no bar. Era um bar sujo e desarrumado; havia dois ou três bêbados bebendo alguma coisa e um deles me olhou maliciosamente e piscou para mim, depois de lançar um olhar vidrado nas minhas pernas. Só para lembrar, estava com uma saia curta, bem acima dos meus joelhos. Anderson foi até ao balcão e o Sr. Irineu compareceu depois de ouvir uns pigarros que veio da boca do meu cliente. Ele pediu uma oncinha e falou se eu queria algo, uma coca para variar. Aceitei. Não quis que servisse naqueles copos que imaginei que estariam cheirando a cachaça e preferi tomar no bico da garrafinha. Estava ótima! Fiquei sobre um canto mais escuro por causa da entrada do bar que se escancarava a rua e a vista dos moradores do bairro. Graças a Deus nenhum daqueles bêbados conheciam-me, e acho que meus pais muito menos. Arrotei e pus a garrafa sobre o balcão e Anderson tirou a carteira de sua calça jeans e pagou as bebidas.

Ele também trouxera um capacete na garupa da motocicleta e deu para mim. Pus na cabeça e montei. Anderson ligou a moto e saímos. A rua estava sem movimento algum e fiquei pensando onde seria que ele ia me levar. Entramos na avenida quinze de Abril e seguimos por ela, agora estávamos enfrentando um tráfego bem movimentado, onde a atenção era precisa primeiramente. Fiquei com medo da falta de segurança e entrelacei meus braços em volta de sua barriga. O vento da nossa corrida era frio e entrava pela barra curta da minha saia. Viramos para uma curva bem fechada e subimos uma colina asfaltada onde no encostamento pude ver uma placa com uma seta indicada para o alto e em baixo dela lia-se Santa América do leste. Era a cidade vizinha da minha, aonde algumas vezes ia com minha mãe fazer compras na loja Bagunçaria e artigos para festa e eventos onde a promoção dos produtos era o que mais chamava a nossa atenção. Entramos no centro da cidade e tivemos que parar no sinal fechado, onde foi que perguntei a ele:

Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora