45ª Parte

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Carol estava com vinte anos quando conheceu uma cliente bem interessante. Seu nome era Joyce Mary. Uma roteirista e produtora de cinema.

O primeiro encontro sucedeu numa noite de festival de cinema em São Paulo, que aconteceu no museu de arte de São Paulo, conhecido como Masp.

Joyce Mary era a atração da noite, pois era francesa, mas por sua mãe ser brasileira falava português, embora com um sotaque atraente, assim como seu estilo próprio de ser. Quando ela viu Carol se levantar da plateia e ir em direção ao banheiro teve aquele ataque eufórico impulsivo que não podia controlar. Sentira que suas palavras ao público falhavam, porque não podia falar sobre um assunto em que sua mente estava sintonizada em outra coisa. Ela tentou gerenciar seus controles e conseguiu resumir sua felicidade em ter o seu longa-metragem premiado. Agradeceu e depois dos aplausos que durou quase um minuto se retirou do auditório e foi para o toalete.

Entrou no toalete, e procurou em todos os compartimentos sanitários. Ela não estava lá. Saiu e ficou imaginando se ela teria entrado no toalete masculino ali do lado. Ficou tentada em entrar, mas e se ela também não estivesse ali, e se um homem entrasse e a pegasse no banheiro masculino?

Mas seu desejo falou mais alto e cedeu. Entrou e vasculhou os boxes um por um e no último parou, e percebeu uma movimentação ali. Sussurros baixos...

A porta estaria fechada, é claro, imaginou ela. Então entrou no boxe ao lado toda silenciosa, e com cuidado subia nas extremidades do vaso sanitário e esticou o seu pescoço que já era grande por natureza para espiar o boxe suspeito.

Seus olhos arregalaram-se mais quando viu a cena. Uma linda e sedutora loura estava sentada no colo de um rapaz de frente para ele, enquanto o rapaz gemia e remetia nela sentado no vaso sanitário. Carol ainda não sabia que estava sendo assistida por uma telespectadora.

- Tem certeza que não quer analisar melhor a minha proposta, querida? Você seria a estrela número 1 do mundo erótico da América! Posso te fazer ser a mais desejada das melhores boates da Flórida.

Carol achou a ideia mais atraente por esse ângulo, e estava pensando em dar uma esperança quando levantou os olhos pra cima e deu um grito.

- Dominique. – e o rapaz congelou-se com a voz que surgiu depois do grito de Carol, que agora estava desgrudada dele e vestia a calcinha toda desajeitada. O rapaz olhou pra cima. Sorriu constrangedor.

- ... Oi, madame... eu...

Mas a mulher já descera e abria a porta do boxe onde eles estavam. Carol estava toda envergonhada num canto.

- Venha – e sem pedir se podia foi logo pegando pela mão da garota que estava fria e tremia. Carol não sabia o que fazia e aceitou ser levada não sabia pra onde.

- Madame! – gritou Dominique se levantando apressado e correndo atrás delas, mas tropeçou nas calças que se esquecera de levantá-la.

- V-Você vai me denunciar para a segurança? – gaguejava, sentindo num beco sem saída. E ela já fantasiava as manchetes nos jornais de amanhã, via seus pais de novo a tratando como um ser de outro mundo, novamente o delegado tão querido em seu pé...

Um senhor que estava se dirigindo para abri a porta do toalete se assustou e pulou pra trás quando as duas mulheres saíram pra fora.

- Oh, boa noite madame, senhorita! – cumprimentou todo atrapalhado, incrédulo ao ver a cena absurda. Dominique que vinha logo atrás ajeitando a calça tombou com o velho, que ao ver o moço ali, ajeitando o zíper e todo nervoso, raciocinou o quebra-cabeça.

- Seu indecente! Inescrupuloso! Safado ordinário! – ofendia o jovem que saia correndo de mais vergonha ainda.

Elas estavam virando a um corredor de salas fechadas quando o rapaz conseguiu alcançá-las.

- Tia, espere! – e madame Mary Joyce parou bruscamente, como se tivesse sido ofendida gravemente. O rapaz percebeu isso e tratou logo em se desculpar. – Me desculpe, mas eu tenho que se explicar, por favor.

- Dominique, o que me mais decepcionou nesta noite foi a sua falta de caráter com essa menina – disse de costas pra ele e Carol ficou sem entender o assunto.

- Eu sei que não devia ter feito isso, perdoe-me, mas não pude me controlar... – ia explicando, mas a mulher que ele chamava de Madame, sua tia de verdade o interrompeu, encarando-o.

- Não me refiro o que vocês estavam fazendo naquele boxe, mas sim na sua canalhice em querer enganar essa ingênua criança, criando falsas ilusões. Você ia enganá-la como fizera com a senhorita Della Morrim, não é? – e lhe lançou um olhar que ele conhecia muito bem, e como seu significado era importante. Carol começou a perceber onde estava pisando, e encontrou o olhar do rapaz, decepcionada.

- Eu... – começou ele. – eu sinto muito, Carol.

- Então aquele papo de contrato no exterior era para me enganar... – concluiu ela, sentindo pena dele, e dela. – E pra onde me levaria se eu aceitasse a sua proposta? Com certeza não seria na Flórida, não é?

Dominique abaixou a cabeça, lutando pra se calar. Sua tia tomou-lhe a palavra.

- Eu sinto muito, jovem, de verdade mesmo... Dominique é um vigarista de quinta, mas consegue por incrível que pareça enganar jovens lindas como você, e a levam para bordéis, transformando-as em escravas dos prazeres humanos, presa sob um contrato que beneficia somente seus cafetões. E você sem dinheiro pra voltar, tem que concordar com tudo que eles pedirem. Infelizmente Dominique tem contatos com esses monstros lá fora. É uma vergonha pra mim, e pra família toda. Pensei que se eu o trouxesse comigo em minhas viagens no mundo a fora pudesse esfriar esse seu comportamento desumano.

Carol não comentou nada, e apenas começou a se retirar. Compreendeu que a vida não lhe reservara tanta glória assim, de ser reconhecida internacionalmente, mesmo sabendo que seu único talento era apenas sexo. A forma mais fácil de se ganhar dinheiro. Honestamente.

A Madame sorria quando dissera ao sobrinho:

- Volte amanhã mesmo pra França e se comporte quando eu estiver ausente. Ah, e procure outro lugar pra passar a noite. – e dando lhe as costas começou seguir a jovem desamparada.

- Mas e o seu prêmio? Logo dará início a cerimônia de entrega!

Ela não parou quando assim respondeu:

- Não está vendo que estou indo atrás dele nesse exato momento?

Dominique naquela noite recebeu o prêmio do filme escrito por sua tia e transmitiu as desculpas dela para os organizadores do festival e para os fãs presentes, mentindo que ela não estava se sentindo bem, que retornara para o seu apartamento. E terminou fechando com chave de ouro, sendo perseguido pelo velho que bradava um taco de beisebol, desferindo ameaças:

- Seu cretino safado! Vou lhe arrancar essas bolas se eu te pegar seu maníaco inescrupuloso! Seu fedelho de uma figa... VOLTE AQUI!!!




Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora