51ª Parte

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Eu estava mesmo ferrada. O doutor estava me castigando pra valer... Agora eu tinha que usar uniformes como uma daquelas loucas... comer só verduras cozidas... tomar banho gelado, gelado por sinal.

Contei pra Antonia a minha lembrança de ontem e ela disse que era um progresso e que eu tinha que falar pro doutor.

- Ele tem que saber Carol, ele é o seu médico! – disse pra mim quando disse que não ia. – Quer ficar aqui a vida toda, é?

Enchi de coragem e controlei minha raiva e bati na sua porta. Ele abriu e se afastou pra eu entrar.

- Sente-se.

- Não obrigada eu...

Ele me olhou daquele jeito e tive que sentar.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele disfarçando sua graça.

- Ontem à tarde tive uma recordação... – comecei.

Ele abriu um bloco de notas e pegou uma caneta e começou a escrever rápido.

- A que horas foi isso?

- No momento daquela confusão no refeitório.

- Eu perguntei a que horas. – voltou a perguntar sem olhar pra mim.

Respirei fundo e controlei minha calma. Ele estava começando a me provocar.

- Eu não estava com nenhum relógio e no seu refeitório não tem relógio!

- Está nervosa? – perguntou ele olhando pra mim calmamente.

- Não estou – respondi firme.

Ele escrevia tão rápido que acho que nem ele mesmo ia entender o que estava escrevendo.

- E o que era a lembrança, você recorda? – ele estava tirando uma da minha cara. Como eu poderia esquecer?

- Claro.

- Acho que você está nervosa.

Fechei os punhos das mãos e cruzei as pernas debaixo da cadeira.

- Eu não estou não, senhor... – disse tão suavemente que até me assustei.

Ele me fez relatar com detalhes a minha lembrança por diversas vezes, como se procurasse ali um alfinete escondido. Mas é claro que ele estava fazendo de propósito, só para eu gritar e ofendê-lo para me punir mais em alguma coisa.

Depois de uma hora ele me liberou e chamou a enfermeira Roberta. Conversou com ela e eu não sei sobre o que.

Comecei a andar pelos corredores do térreo e entrei por um que só tinha uma única sala, e ficava no fundo. Olhei pra ver se tinha alguém e não vi nada e bateu aquela curiosidade. Fui de encontro a ela, imaginando ser uma sala grande, ou um laboratório. Espiei pelo vidro da porta de aço. Era um quarto, o que pude ver muito bonito. Mas quem dormia ali? Talvez o doutor Tadeu ou um dos enfermeiros... ou uma paciente especial? Fiquei tentando ver mais e gritei.

- O que você está fazendo aí? Desculpe se assustei, mas você não pode ficar aqui – disse o enfermeiro Igor que apareceu por trás de mim e me tocou o ombro.

- Me desculpe! Eu... eu só tava andando e vi essa porta, e... – nossa como eu estava sem graça!

- Tudo bem, a curiosidade está em todos nós – disse sorrindo.

Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora