32ª Parte

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Um dia de manhã, Carol encontrou Takashi no jardim; ele estava sujo de terra, sem camisa, e Carol ficou excitada por aquele corpo. Não era cheio de músculo, e não era tão sarado assim. Era magro, não magrelo ossudo, mas natural. Ela se imaginou, sendo possuída por ele, seus movimentos atrapalhados dentro dela. Carol saiu de seu transe quando, inesperadamente, Takashi, ao vivo lhe acabara de lhe entregar uma rosa sem espinho.

- Obrigada Takashi... – ela ficou sem jeito, e sentiu a pulsação aumentar no seu corpo. Ela ficou contemplando a flor, esperando que ela dissesse algo mais. Nada, além de um silêncio torturante. Carol sabia que para Takashi aquilo foi além de seu limite. Tinha agora que terminar por ele o que ele aos poucos iniciara.

- Takashi.

- Sim? – sua voz quase não foi ouvida.

Carol lhe aproximou mais próximo, e fez um movimento lento, encostando os lábios no rosto dele. Ela o beijou.

- Você é muito legal, sabia? – ele riu de nervoso, e assentiu com a cabeça. – Quero te conhecer melhor, poderia ser?

O rapaz a olhou nos olhos e se aproximou duvidoso com sua própria reação.

- Quer me beijar, também? – insinuou ela, de um jeito mais simples.

- N-Não! Eu, desculpe-me... – e virou pra sair.

- Espere, Takashi – ele parou e virou. – eu preciso perguntar uma coisa pra você. È um pouco pessoal...

O rapaz aguentou firme ali, parado, sentindo vergonha diante da primeira garota que lhe deu um pouco de afeto antes nunca recebido por uma garota.

- Você não é gay, não é?

- Não. – respondeu com toda naturalidade possível.

Carol sentiu um peso sair do peito, e resolveu que por hora era suficiente.

- Bem, é só isso, e me desculpe pela pergunta – sorriu ela, levando a flor em suas mãos.

No almoço, eles se entre olharam mais íntimos, Carol sorriu para si mesma.

"Acho que hoje é o dia!" – pensou.

De noite, Takashi não veio dormir no mesmo quarto com ela, e Carol ficou ferrada da vida com a covardia do rapaz.

Na manhã seguinte, ela o encontrou sentado num banco num corredor da varanda, e fechou o livro que ele lia. Ela falou desabafou:

- Olhe, eu estou quase uma semana tentando dar pra você e você foge de mim! Por quê? Se não é gay por que não me leva pra cama? Quero você Takashi, não percebeu?

Ele a encarou com ferocidade.

- Não, você não me quer, você quer apenas sexo!

Carol ficou atônita, e levou segundos para tentar compreender o que ouvira.

- Como assim? O que você?... há não, espere, por favor... é aquilo que estou pensando? – ela ficou perturbada com seu raciocínio. Agora foi a vez do jovem se desabafar:

- É... e-estou apaixonado por você , Carol, e-estou de verdade mesmo. Nunca uma g-garota tinha me dado um beijo antes, nem mesmo no rosto, e a-aquilo foi maravilhoso, de verdade. Me desculpe se sou tão estúpido... mas não sou covarde, ou sou e não quero admitir, sei lá, é só... que tenho m-medo de ir com você pra cama e piorar mais ainda aquilo que sinto por você... – ele lutava pra não se levantar e sair correndo dali, mas foi prosseguindo com dificuldade. – Você gritou aquele dia... que queria ser uma... e então eu não quero me machucar, me alimentar com uma esperança que no fim não vai dar em nada.

Carol não sabia o que dizer, não queria dizer nada, e por tanto queria pedir desculpa, fazer algo para remediar aquela situação. Queria abraçá-lo, envolvê-lo no seu colo como uma mãe, mas tinha agora um tremor em se aproximar dele, não queria passar nenhuma expectativa pra ele. Estava sendo difícil permanecer ali, ouvindo suas palavras, presenciando suas lágrimas escorrerem pela face.

- Takashi... – começou ela, mas não tinha ideia do que falar.

- Não precise falar nada... isso é comigo, não se envolva, por favor.

Ele se levantou e pegou o livro. Carol também levantou, atrapalhada. Eles se entre olharam profundamente... Carol sentiu vergonha dela mesma, e virou as costas.

- Então? – perguntou o Mestre, sentado numa escrivaninha, diante de um livro grande, e sob um óculo de aro fino nos olhos.

- Não posso... não posso concluir a primeira tarefa.

Ele não desviou o olhar das páginas do livro quando perguntou:

- Por que não pode?

- O senhor jura que não sabe a verdadeira razão? – ela tinha dúvida se ele já não sabia que Takashi estava apaixonado por ela.

- Posso tentar adivinhar, se quiser, mais levaria tempo, acredite, mas se é algo pessoal entre ele você poderá confidenciar isso, se quiser.

Carol queria dizer, mas não sentia essa liberdade pra isso.

- Eu... perdi então.

- Depende, Carolin, você não forçou a coisa e isso leva em consideração – agora ele a olhava nos olhos. – Você terá que aprender isso, e muitas vezes, e saber que com os sentimentos dos outros a gente não tem o direito de controlá-lo.

As últimas palavras dele permaneceriam em seu coração para sempre, e com isso fez lembrar do seu primeiro amor.

Carol voltou a ligar pro seus pais, e afirmou que estava bem e que precisaria de mais tempo para ela. Sua mãe estava desesperada, mas ela tinha decidido que isso seria necessário. Tinha que viver por ela, e somente a ela.

Para sua surpresa, Takashi virou seu amigo, único amigo ali, na pousada do Mestre.

Os dois já conversavam com mais liberdade, e iam ao cinema na cidade juntos.

Takashi a ensinou a dirigir o carro do Mestre nas estradas do sítio. Duas semanas depois, Takashi revelou algo pra ela:

- Eu... eu estou gostando de uma outra, quero dizer, estou descobrindo que estou gostando de uma garota.

- Que legal Takashi! E ela? Já se tocou? – a incentivou.

- É que... ainda não tive iniciativa pra chegar nela – ele ainda tentava esconder sua timidez.

- Quer ajuda? – a ofereceu.

- Sim.



Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora