Com dezenove anos havia se tornado à aluna mais popular do colégio, sem comentar que nos intervalos das aulas era uma verdadeira professora em sexologia, e dava aulas particulares, e às vezes em conjuntos para alguns alunos que ainda tinham dificuldades naquela matéria no fundo do ginásio, ou na última fileira da sala da biblioteca...
Carol nunca dissera aos pais que guardava um ninho de dinheiro que ganhava de seus "amigos admiradores" dentro de seu travesseiro. Ela queria guardar o seu dinheiro numa conta bancária, e quando foi até a um banco para saber como fazia, descobriu que precisava da assinatura de seus pais. Ela tentou convencer o gerente daquele setor, que era um homem de trinta e sete anos. Começou discretamente a desabotoar a blusa, deixando um pouco a mostra os seus seios...
- E não tem um jeito mais fácil para eu conseguir isso sem precisar dos meus pais? – sussurrou ela, fazendo um rostinho de uma boa negociadora.
O gerente afastou os pés pra trás da cadeira porque sentira os pés da jovem o procurando, e entrelaçou os dedos das mãos uma na outra. E foi bem esclarecido em sua resposta:
- Da fruta que você gosta, eu como até o caroço.
Carol fez uma reação de ter entendido e saiu de seu gabinete. Uma hora depois retornou a sua mesa.
- Tome – disse ela, em pé.
O homem olhou curioso, recebendo o que ela lhe dava.
- O que significa isso?
- É um caroço de abacate. Eu adoro abacate. Estou esperando, pode começar a comer.
Desde aquele dia adiante eles se tornaram íntimos amigos, mas não passaram disso, e Carol não conseguiu abrir a conta naquele banco por saber que seu nome estava sob vigia em vários bancos da cidade e sendo monitorado ainda pelo delegado que insistira manter o caso em aberto.
Ela e Cláudio frequentaram boates gays, e trocaram experiências, segredos, muitas gargalhadas, e uma boa amizade que durou até a primavera. Cláudio foi encontrado morto em seu apartamento, enforcado, com um bilhete que ele mesmo havia escrito antes de cometer suicídio:
"Posso até suportar o preconceito dessa sociedade injusta, mas não posso suportar a perda do homem que eu sempre amei, e que vou continuar amando seja lá onde eu for".
Carol chorou quando soube da morte de Cláudio, e a fez relembrar do seu amigo Takashi, assassinado... e seu Mestre que nem sabia que fim havia levado... e seus filhos que morreram ainda em seu ventre.
- Porque quando eu estou tão bem com um amigo o Senhor vem roubá-los de mim! – gritou ela, interrompendo o padre que pregava a palavra de consolo para os familiares e amigos de Cláudio. Carol saíra do velório em prantos, acusando e desafiando a Deus.
Carol ficara um tempo se sentindo sozinha. Estava deprimida com a sua vida, e só queria fugir de tudo que ela via a sua volta, começando com ela mesma. Seus pais percebendo do seu comportamento a levaram ao um psiquiatra, temendo que ela sofresse uma recaída e tornasse a fugir de casa. Mas Carol surpreendia a todos, e voltava à realidade da vida quando estava preste a deitar no divã do médico.
Seu animo se estabelecia, sua alegria voltava a irradiar dos seus belos olhos e tocava o seu dia-a-dia para frente. Quem mais lucrava com a sua recuperação eram os seus amigos de colégio...
Dizem que quando a gente supera um início de depressão a vida põe pequenos obstáculos na nossa frente para ver o quanto estamos fortes, e a vida não poupou descanso para Carol. Ela estava com planos em viajar com sua prima para a Europa, e estava ansiosa em seduzir alguns germânicos na Alemanha. Já havia pesquisado em algumas agências de turismo o preço de ida e volta para outro país. Ela precisava ajuntar mais um pouco de dinheiro para poder garantir umas boas férias por lá. Sua prima falava um pouco de alemão, e tinha começado um relacionamento pela Internet com um germânico que também conhecia um pouco do português. Moradia elas teriam.
Numa certa tarde quando Carol acabara de chegar de um programa que teve com um dos pais de seus colegas de classe em sua casa, ela foi guardar o seu dinheiro no seu cofre improvisado, e não o achou na cama.
Procurou dentro do guarda-roupa, debaixo das cobertas dobradas, debaixo da cama, e nada. Correu até o banheiro e revirou o cesto de roupa suja, mas não estava ali.
Seus pais chegaram três horas depois, e Carol cansada de tanto chorar, e a flor da pele em estourar de preocupação, perguntou pra mãe bem explicado:
- Você-viu-o-meu-travesseiro? – sua voz tremia assim como seu corpo todo.
- Aquele velho travesseiro que eu implorava para que deixasse eu lavá-lo?
A garganta da filha secara, sentiu um aperto sufocante atolado no peito.
- Você não o lavou, não é?
A mãe riu, e balançou a cabeça.
- Nem mesmo o melhor detergente do mundo desencardiria aquele trapo. Eu joguei na lata de lixo... Ei aonde vai com tanta pressa assim, Carol? – gritou ela, vendo a filha correr para fora de casa. Carol correu até onde ficava o latão de lixo e destampou-o. Vazio. O caminhão de lixo já tinha recolhido o lixo há muito tempo.
Carol riu de ironia, e começou a rolar no gramado da frente de sua casa.
Uma vizinha que passava por ali, a repreendeu:
- Já não está bem crescidinha para ficar brincando aí? Deveria estar ajudando a sua mãe na faxina.
Dois dias depois um coletor de reciclagem achou quase quatro mil reais em um travesseiro sujo, num monte de lixo.
"- Isso que é cair de cabeça numa ninhada de dinheiro, não é, jovem Clayton?" – finalizava o repórter, entrevistando o contemplado jovem que sem palavras, expressava sua alegria em lágrimas. Enquanto do outro lado da televisão uma jovem falida expressava sua tristeza também em lágrimas.
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Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZON
RomanceDesiludida com uma paixão juvenil ela promete se tornar a profissional número 1 do Brasil e nunca mais voltar a se apaixonar... Muitas aventuras prazerosas e loucuras aguardam por você! Autora: Por favor, se você for ler, comente, vote...