28ª Parte

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Passado:



O carro estava parado e os faróis acesos. Carol ficou pensando no que deveria fazer, pois ficara receosa de que fosse um bandido, mas ela não correu e caminhou na direção do carro após o farol ter piscado duas vezes. Carol se aproximou com o coração soando de nervosismo. A porta do carro se abriu e ela se curvou para ver quem estava no volante. Ela não viu direito de quem se tratava, já que dentro do veiculo reinava a escuridão, e apenas a ponta acesa do cigarro se movia no ar. Carol perguntou:

- O que você quer? – sua voz era mal controlada.

- Entre pra dentro, eu a convido – houve uma resposta longa e rouca.

Carol olhou para os lados, calculando se não havia pessoas aquém pudesse gritar por socorro caso resolvesse entrar e depois caso não quisesse deixá-la sair. A rua estava mais silenciosa que cemitério. Ela resolveu ouvir a voz da curiosidade e entrou. Pôde ver de meio fio um rosto velho e o cheiro do charuto era insuportável.

- Feche a porta.

Carol fechou e respirou mais fundo que podia.

- O que o senhor quer comigo?

- A melhor pergunta no momento é saber o que você quer para você. – disse o tal senhor ao volante.

- E-eu não compreendi...

- É muito simples jovem, se você me encontrasse em plena madrugada, sozinho e com uma mochila nas costas o que você pensaria?

Carol escutava e tentava raciocinar algum sentido naquela conversa. Nada, porém vinha em sua mente. Até parecia que ela estava sendo avaliada num consultório de um psicólogo.

- Olha velho... fale claro comigo se não eu me mando, sacou? – descartou logo a jovem.

A luz de dentro se acendeu e Carol viu o velho com quem estava conversando. Era um japonês da terceira idade. Estava bem vestido e usava um chapéu de abas largas. Era bastante estranho seu olhar, mas Carol ficou curiosa querendo saber o que ia acontecer, se ia transar com o coroa para ganhar uma grana ou um conselho.

- O que eu estou querendo dizer é o que você quer. Sei que no fundo de seus olhos e na sua voz soada procura algo desesperador para preencher sua vida que ficou algo a ser preenchido. Diga o que você quer ser e eu poderei te ajudar.

- Como sabe se eu quero ser alguma coisa? – perguntou Carol de repente em lágrimas.

O velho sorriu e ligou a chave da ignição e Carol sentiu o carro tremer e o motor roncar.

- Se quiser realmente saber a resposta venha comigo, se não pode partir.

Carol pensou e enxugou as lágrimas com a manga comprida da sua camiseta, e puxou o cinto de segurança sobre o peito ao mesmo tempo em que o carro deixava seu lugar.

Carol não dissera nada depois que decidiu acompanhar o velho japonês, e logo bateu um pouco do sono interrompido. O velho percebeu e com uma mão tirou do bolso de seu blazer um cachimbo vermelho, e estendeu-o para Carol que logo pegou.

- Eu não sei fumar nem cigarro, olhe lá cachimbo.

- Abra a porta-luvas e retire o vidrinho da tampa preta.

Carol estranhou, mas fez o que ele dissera. Ao tirar o vidrinho da porta-luvas virou e revirou sobre seu olhar curioso, e esperava a próxima orientação do homem ao seu lado.

- Agora despeje um pouco do pó do vidrinho dentro do cachimbo.

Carol destampou e pôs um pouco dentro e fechou o frasco. Olhou para o velho que tinha sua visão concentrada na estrada iluminada e sem movimento constante.

- Eu nunca usei droga antes... e não tenho certeza se quero experimentar... – informou a jovem experimentando uma sensação de medo e descoberta.

- Não é droga dessas que se vicia e trás consequências erradas para sua vida. É apenas erva moída e serve como calmante, ela te ajuda descansar e dormir por horas sem interrupção.

- E como é que faz para tomar? Precisa ser queimada?

- Não, basta você chupar para dentro e engolir a sua saliva.

Carol arriscou um pouco hesitante, mas acabou cedendo por estar bastante cansada. Chupou com força e engasgou com o pó na sua garganta. Tossiu e teve anciã de vômito e quase cuspiu para fora, mas fez o contrário e ingeriu.

- Isso é... é horrível! – a revelou passando um pouco a pressão que tivera com a experiência com a erva moída.

- No principio sim, mas o resultado é satisfatório.

- Demora muito? – a indagou bocejando de sono.

Quando ele ia responder, notou por um olhar atravessado que ela fechara os olhos e virara de lado e dormira silenciosamente. Ele estacionou o carro no encostamento da pista e estendeu a mão no banco traseiro, puxando um cobertor no qual a embrulhou e abaixou o banco um pouco mais, para que ela se sentisse mais confortável. E partiu novamente.



Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora