48ª Parte

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CAROL NARRANDO. 

[Tempo atual]



A visita daquele senhor japonês não me ajudou em nada. Só me contara que me deu carona quando eu resolvi fugir de casa (o que não faço ideia o motivo que me levou a fazer isso) e que me ajudou a ser o que eu tinha decidido a ser, ou melhor, o que a vida tinha me reservado. Mas não esclareceu nada demais, e disse que eu teria que descobrir sozinha o que ele não pôde contar, e acabei por me deixar de preocupar com ele, aliás, tinha certeza de que ia ter muitas visitas de pessoas estranhas e malucas para eu me preocupar daqui pra frente. Fui transferida para a essa tal clínica um dia depois.

A clínica mais parecia uma fortaleza do que um "retiro" como me disseram no hospital, e quando desci da ambulância tinha certeza de que estava entrando numa cadeia de segurança máxima. O lugar não era feio, a reforma da construção do prédio era nova e não fazia me lembrar de antigos hospícios de terror que existiram nos séculos passados e que assistíamos nos filmes. A área por fora era até agradável, muitas árvores, lagos, campos de recriação, e outros lazeres. E era uma clínica somente pra mulheres. Mas seus funcionários eram ambos os sexos.

Havia diversos pacientes espalhados pela área, às maiorias sozinhas, perdidas em seus mundos paranoicos. A cena me causou um desconforto irracional, como se elas pudessem transmitir seus medos pra mim à distância. Uma enfermeira da clínica veio até a nós, que era eu, mais uma enfermeira e o motorista.

- Bem vindo à Clínica Esperança Renovada. Você deve ser Caroline de Oliveira, não é?

- Acho que sim – respondi sem retribuir seu entusiasmo. O nome da clínica parecia denominação de igreja de esquina de rua.

O motorista descarregou minha mala, e a enfermeira da clínica assinou no formulário, e os dois que me trouxeram zarparam logo em seguida.

- Eu me chamo Antonia – estendeu a mão num cumprimento bem ensaiado.

Apenas assenti com a cabeça e apertei a mão dela. Não precisava dizer o meu nome, aliás, ela devia saber melhor do que eu.

- Posso carregar minha mala pessoalmente, se quiser – me ofereci. Podia estar fraca da memória, mas não dos braços. Ela apenas sorriu e caminhou pra dentro do prédio central, e eu acompanhei-a. Ali dentro era grande, um salão circular com sofás e uma enorme TV. Minha guia turística ia me informando:

- Aqui é o salão principal. É um pouco agitado, por causa da televisão. Mas se estiver com vontade de algo mais sossegado poderá ir pra sala do silêncio... – e eu a segui, absorvendo tudo que podia ver. A tal sala do silêncio era grande, mas não era circular. Havia no centro da sala um piano com algumas poltronas de relaxamento. Apenas quatro janelas altas sem grades finalizavam aquele cômodo.

O corredor era cumprido, e tinha algumas salas.

- A sua direita fica a sala de emergência. A outra ali é a sala de consulta do Dr. Severo Neves.

- Ele será o meu médico? – perguntei formalmente, como se estivesse dando alguma importância.

- Oh, não, infelizmente não é todas que tem a sorte de se tratar com Severo Neves. O seu médico será o doutor Tadeu Almeida.

Eu não quis perguntar mais nada a ela depois daquilo. Pelo menos nada referente ao médico que ia me tratar.

Ela, porém continuava seu turismo, e tinha que acompanhá-la. Passamos pela sala do refeitório, pelos quartos, banheiros... mas fiquei intrigada pelo fato de ela não ter deixado a minha mala num dos quartos que passamos.

Carol fenomenal - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora