Capítulo 3

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Mel.

Por que estou nervosa? Eu não deveria estar nervosa.

Os olhos do James Dean estão em mim, e são os olhos mais lindos que eu já vi em toda minha vida. Acho que estou hipnotizada. E isso é ridículo! Eu não conheço esse cara! Deve ser o rosto dele. Tenho que admitir, é um rosto bem bonito.

E todo o resto também!

O que parece um esboço de um sorriso se desenha no canto direito do seu rosto. Ele parece me avaliar, da cabeça aos pés. Sinto-me um pouco desconfortável. Ninguém nunca havia me olhado dessa forma antes, porém uma pequena parte de mim parece gostar.

Seus olhos grandes, e brilhantes, fazem alguma coisa se retorcer dentro de mim. Ele tem o rosto sereno, auto confiança exala dele, e eu me sinto meio sem jeito, desajeitada.

O que ele estaria procurando por aqui?

Ele não tem nada a ver com ninguém por aqui. Na verdade, ele e seu amigo se destoam da multidão que os encaram curiosos.

Ele é diferente de qualquer garoto que eu já tenha visto antes. Os garotos da cidade sáo muito gentis, cavalheiros. Levam a sério tudo sobre como tratar uma mulher como uma dama. O que eu estou pensando? Esse cara não é um garoto, ele é um homem.

Um homem muito bonito.

Seus olhos estão em mim em um estante, e em outro estão no outro homem ao seu lado.

Noto pela primeira vez que os dois parecem cansados. Devem estar rodando à muito tempo, e se como Julia disse eles forem realmente americanos, existe a pequena possibilidade deles terem se perdido pelo caminho. Sinto uma pontada de pena.

Lembro-me da primeira vez que fui sozinha à cidade de carro. Foi um desastre. Eu me perdi no meio do caminho, a caminhonete atolou. Eu que jurava para o meu avô que em meus dezenove anos já tinha idade o suficiente para me virar sozinha, estava lá, discando o número, desesperada, quase arrancando os cabelos, implorando por ajuda. Meu avô ficou furioso. E eu também, pela minha falta de sorte é claro!

– Vamos embora daqui cara, está na cara que ninguém aqui fala nosso idioma. Só consigo ver um bando de caipiras – diz o cara de óculos escuros cochichando próximo ao ouvido do homem de olhos verdes e brilhantes.

Eu disse pena? Retiro o que eu disse.

Raiva me invade. Quem diabos eles acham que são?

Resisto ao impulso de parar em meu caminho e dar às costas para aqueles dois imbecis. Olho em volta tentando disfarçar meu incômodo. Porque ele acha que somos caipiras?

Era por isso que ele me encarava tanto?

Sinto minhas bochechas corarem.

Estou bem perto deles. Empino meu nariz o máximo que posso.

– A caipira aqui fala muito bem o seu idioma. Em que eu posso ajudar? – Digo curta e grossa fuzilando os dois com os olhos.

Os dois arregalam os olhos para mim.

–Haam, - acho que o cara gato agora idiota está engasgado. Ele limpa a garganta antes de conseguir formar uma frase. – Eu sou John, John Ackes. E esse é o meu amigo Mark Keller. Muito prazer.

Ele estende a mão para mim, mas eu não tenho a menor vontade de ser educada agora. Na verdade, minha vontade é de quebrar seu dedo mindinho. Seus olhos são muito mais bonitos de perto, e eu tenho vontade de me bater por estar prestando atenção nisso.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora