Mel.
Ele me olha como se eu fosse algo que ele nunca havia visto antes. É desconcertante. Seu olhar é como fogo. E está me queimando. Não consigo fugir. É forte e está me puxando. Preciso escapar disso.
– Então, porque precisam ficar aqui todo esse tempo? – Finjo desinteresse, mas na verdade eu estou muito curiosa.
Na verdade, eu preciso arranjar um jeito de fazê-lo parar de me encarar dessa maneira. Minhas pernas estão feito gelatina, e eu me sinto mais estranha que o normal.
Deve ser o incômodo de ter que suportá-lo. Deve ser isso. Não vou com a cara dele. Ponto. Pretendo deixar isso claro como água.
Quando ergo meu rosto para encará-lo de queixo erguido dou de cara com seu sorriso destruidor de muros. Destruidor de corações. Ele está sorrindo. Ele deve amar sorrir. E eu me pego pensando em como esse sorriso é lindo.
Me repreendo internamente por estar pensando bobagens, e por estar me deixando levar por um sorriso, e por um par de olhos verdes.
– Agora você quer conversar? – ele pergunta com petulância erguendo a sobrancelha. Parece estar se divertindo. Seus braços estão cruzados sobre o balcão, e seu rosto está bem perto do meu.
Não recuo.
– Olha, se você quer que eu fique aqui fingindo que estou sozinha por mim tudo bem! – Quando estou nervosa minha voz sobe uma oitava. Odeio isso.
Perguntas fazem parte do pacote. Ele é o estranho aqui. Eu posso fazer perguntas.
– A empresa para que eu trabalho está interessada em umas terras perto daqui. Estamos testando o lugar. – Ele dá de ombros. Acabo de perceber que seus olhos são verdes, com pintinhas amarelas. É adorável.
Pare já com isso!
Não ache o inimigo adorável.
– Testando as terras – finjo prestar atenção no que ele diz, mas seus olhos tem minha total atenção. – E o que pretendem fazer lá? - Sua voz é melodiosa, e me atinge em lugares desconhecidos.
Decido mantê-lo falando. Não quero que pare.
Quer dizer, ele pode ser um assaltante, um assassino...
– Prédios habitacionais, casas. – Ele dá de ombros. Seus dedos desenham círculos sobre o balcão. Minha pulsação acelera.
– Aqui? – pergunto incrédula.
Ele ri.
– Sim, aqui. É um lugar sossegado. Muitos aposentados procuram lugares assim para descansar. – Ele explica com os olhos baixos.
Arqueio uma sobrancelha.
– Está nos chamando de velhos? – Tento parecer brava.
Nunca baixar a guarda. Isso foi o que Ana sempre me ensinou.
– Você entendeu o que eu disse Mel. – Ele está brincando comigo.
Odeio que o fato de ouvir meu nome saindo de seus lábios tenha feito meu coração acelerar de um jeito que eu nunca senti antes.
Quê diabos é isso?
– Eu entendi. Mas levando em consideração a primeira impressão, suas palavras podem ter dois sentidos. Não me culpe por estar na defensiva. - Digo o lembrando do quanto foi desastroso nosso primeiro encontro. Lembrar disso ainda faz meu sangue ferver.
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Sob Minha Pele
RomanceMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...