Capítulo 4

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Mel.

Ele me olha como se eu fosse algo que ele nunca havia visto antes. É desconcertante. Seu olhar é como fogo. E está me queimando. Não consigo fugir. É forte e está me puxando. Preciso escapar disso.

– Então, porque precisam ficar aqui todo esse tempo? – Finjo desinteresse, mas na verdade eu estou muito curiosa.

Na verdade, eu preciso arranjar um jeito de fazê-lo parar de me encarar dessa maneira. Minhas pernas estão feito gelatina, e eu me sinto mais estranha que o normal.

Deve ser o incômodo de ter que suportá-lo. Deve ser isso. Não vou com a cara dele. Ponto. Pretendo deixar isso claro como água.

Quando ergo meu rosto para encará-lo de queixo erguido dou de cara com seu sorriso destruidor de muros. Destruidor de corações. Ele está sorrindo. Ele deve amar sorrir. E eu me pego pensando em como esse sorriso é lindo.

Me repreendo internamente por estar pensando bobagens, e por estar me deixando levar por um sorriso, e por um par de olhos verdes.

– Agora você quer conversar? – ele pergunta com petulância erguendo a sobrancelha. Parece estar se divertindo. Seus braços estão cruzados sobre o balcão, e seu rosto está bem perto do meu.

Não recuo.

– Olha, se você quer que eu fique aqui fingindo que estou sozinha por mim tudo bem! – Quando estou nervosa minha voz sobe uma oitava. Odeio isso.

Perguntas fazem parte do pacote. Ele é o estranho aqui. Eu posso fazer perguntas.

– A empresa para que eu trabalho está interessada em umas terras perto daqui. Estamos testando o lugar. – Ele dá de ombros. Acabo de perceber que seus olhos são verdes, com pintinhas amarelas. É adorável.

Pare já com isso!

Não ache o inimigo adorável.

– Testando as terras – finjo prestar atenção no que ele diz, mas seus olhos tem minha total atenção. – E o que pretendem fazer lá? - Sua voz é melodiosa, e me atinge em lugares desconhecidos.

Decido mantê-lo falando. Não quero que pare.

Quer dizer, ele pode ser um assaltante, um assassino...

– Prédios habitacionais, casas. – Ele dá de ombros. Seus dedos desenham círculos sobre o balcão. Minha pulsação acelera.

– Aqui? – pergunto incrédula.

Ele ri.

– Sim, aqui. É um lugar sossegado. Muitos aposentados procuram lugares assim para descansar. – Ele explica com os olhos baixos.

Arqueio uma sobrancelha.

– Está nos chamando de velhos? – Tento parecer brava.

Nunca baixar a guarda. Isso foi o que Ana sempre me ensinou.

– Você entendeu o que eu disse Mel. – Ele está brincando comigo.

Odeio que o fato de ouvir meu nome saindo de seus lábios tenha feito meu coração acelerar de um jeito que eu nunca senti antes.

Quê diabos é isso?

– Eu entendi. Mas levando em consideração a primeira impressão, suas palavras podem ter dois sentidos. Não me culpe por estar na defensiva. - Digo o lembrando do quanto foi desastroso nosso primeiro encontro. Lembrar disso ainda faz meu sangue ferver.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora